— Ciúmes, fi? — Ele solta uma gargalhada para me pirraçar.
— Não, tô suave — me deito na cama enquanto ele se joga no puff verde do quarto. — E aí, o que pega?
— Não sei nem por onde começar. Bom, acabei brigando com a galera que eu dividia apartamento.
— Como assim? Qual foi o motivo?
— Eles estavam numa putaria danada lá, levando gente o tempo todo, fazendo resenha quase todo dia.
— Mas não é você que curte essas coisas? — Risos.
— Curto, mano, assim como você. Mas acontece que, pô, semana de provas na facul, trabalhos...
— Eles não são da faculdade também? Aliás, não foi lá que vocês se conheceram?
— Sim, mas mesmo com todos os meus defeitos, fui o único a levar ela a sério. Juro que nem os conheço mais. Sonsos pra caramba os caras. No início eram todos estudiosos e boa pinta, de repente desandaram e tinha até uns usando droga. Ia sobrar para mim qualquer hora, entendeu?
— De boa, cara. Te entendo, você fez bem.
— Se eu puder ficar aqui... ajudo nas dívidas, claro.
— Tá zoando, maluco. Claro que pode — sorrio, fizemos então um toque com as mãos. — Bom, o quarto aqui é grande, você pode ficar nele. A gente dá um jeito. Minha cama é bicama, tá suave.
— Não sei nem como agradecer, se eu não tivesse você eu nem imagino onde eu estaria agora.
— Tá de boa, só não dá em cima da minha irmã — arqueio as sobrancelhas, logo sorrindo.
— Ah, mano, mas ela é gata demais, tem como não...
— Que que cê falou, rapa? — Pego na gola da camisa dele já fechando o punho no alto, me preparando para um soco.
De repente a gente para e começa a rir.
— Vocês são doidos — olhamos para a porta, onde Maia nos olhava assustada.
— Mas se isso acontecer eu te dou um soco de verdade — falo para Romero, rindo em seguida.
— Estão com fome? Preparei uns hambúrgueres para a gente.
— Eu tô, priminha — Romero se levanta.
A noite se resumiu em:
Hambúrgueres ✔
Risadas ✔
Filmes de ação ✔Maia e Romero dormiram, já estava no final do terceiro filme, percebe-se o motivo do cansaço. Meu celular toca, quebrando todo e qualquer silêncio que era mantido no local.
— Alô? O quê? Uma emergência? Mas só trabalho amanhã... Ele ficou doente?
Nesse momento eu já dei um pulo do sofá e saí correndo até o quarto para pegar minha mochila e meus pertences. Coloquei o celular no ombro apoiando ele com a cabeça, enquanto sentava no sofá e calçava meus sapatos. Eu já estava em uma calça jeans lavagem escura e uma camisa branca.
— Não, é claro, vou sim. Já estou saindo de casa. Até mais então!
Romero e Maia me olhavam, provavelmente haviam acordado desde que comecei a falar ao telefone, ou até mesmo com o som da ligação.
— Foi mal, vou ter que prestar um serviço de última hora lá na corporação. Parece que uma garotinha caiu em um poço abandonado no quintal de casa, não entendi muito bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Para Sempre Desde Sempre
RomanceComo muitos jovens de vinte e três anos, Miguel e seus amigos adoram uma resenha. Bombeiro e com estabilidade financeira, ele só quer aproveitar a vida ao lado dos amigos e da namorada. Mas uma grande perda o faz ter que mudar radicalmente seu estil...