Cap. 23

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— E aí, gata — brinco.

— Ei, danado — ela ri do outro lado da linha.

— Precisa de alguma coisa? Está tudo bem por aí? Estamos num teste de tecidos e decoração.

— Na verdade é sobre o casamento mesmo que eu ia falar. Bom, não estamos encontrando nenhuma loja legal para alugar as roupas, vocês têm alguma indicação? Vamos comprar algumas passagens para São Paulo novamente, logo, logo, para caso vocês tiverem alguma indicação.

— Bom, Sa... — penso um pouco. — Na verdade temos sim. Duas lojas, na verdade. A Nanda fez questão de comprar o vestido em uma loja que não fosse a minha para que eu não visse de forma alguma, porque dá azar e blá, blá, blá, hahaha. Vou mandar o endereço e também as redes sociais da que eu frequento, talvez vocês se interessem pelas roupas. Não sei muito sobre a loja que a Nanda está indo, mas posso perguntar para ela e assim ela passa para vocês por mensagem, beleza?

— Opa, perfeito! Então tá bom, meu lindo. Vai lá terminar os testes e aproveitar o dia. Nos falamos mais tarde sobre as lojas, ok?

— Fechado. Beijo!

— Tchau, beijo!

Encerrei a ligação, retornando para a mesa extensa e colocando o aparelho celular no bolso da calça jeans.

— Demorei? — Pergunto, sorrindo para todos ao me sentar.

— Nem um pouco — minha noiva me beija.

— Bom, por quais os senhores querem começar? Temos esses tons de azuis e rosas pastéis, dourado e branco, dourado e preto, para os mais ousados... Todas as opções que estão aqui na mesa — a mulher de mais ou menos trinta e quatro anos, de pele negra e cabelos cacheados na altura das costas, sorriu simpática ao finalizar. Haviam muitos e muitos tecidos de texturas e cores diferentes, seria difícil escolher, mas divertido também.

•••

Quando eu falo que o tempo está passando rápido... pois é, ninguém acredita. Já é dezembro, a gente deu uma pausa nos preparativos do casamento e agora estamos vendo os preparativos das festas de final de ano. Não será nada muito grandioso, na verdade vai ser aqui em casa, com o mesmo pessoal de sempre. Alguns, na verdade. A maioria, no ano passado, escolheu passar as festas de fim de ano com a família. Inclusive foi uma das melhores festas que já fizemos. Até alugamos um sítio. Mas esse ano será diferente. Meu pai e a Sarah vão estar trabalhando, assim como a maioria dos adultos da família. E os adolescentes, como são menores de idade, vão ficar em casa ou na casa de amigos próximos. Aqui em São Paulo estamos querendo fazer nem que seja um peru assado acompanhado de uma coquinha, mas não deixar essa data passar em branco, como nunca deixamos. Já checamos nossas agendas e pelo que analisamos e calculamos, Maia, que conseguiu um emprego como babá recentemente, vai estar de folga na véspera e no Natal; Nanda vai estar trabalhando no Natal, assim como eu; Romero, também recém contratado em uma empresa de peças de automóveis, vai estar de folga; e para finalizar, Ayo, Sacolé, Clara e Lu vão estar tranquilos de seus trabalhos. Ou seja, Nanda e eu vamos esperar até meia-noite na véspera de Natal, como de costume, mas logo nos deitaremos e deixaremos de participar do tradicional almoço de Natal da família no dia seguinte.

Para falar a verdade esse ano estamos desanimados com essas coisas de festas e tudo mais, estamos bem ocupados com trabalhos, estudos e casamento (como o meu caso). Mas quem sabe nos próximos anos a empolgação volta, até porque estaremos de folga, as altas festas podem rolar novamente. Sem falar que estarei casado. Tudo será mais perfeito do que nunca. Precisamos compensar esse ano, que não será tão legal como os últimos.

— E aí, galera, véspera de Natal amanhã, hein?! Quero presente! — Romero ri ao finalizar o pedido.

Estamos tomando vinho, como sempre, jogados pela sala com a TV desligada, mas um som ambiente vindo da natureza. Está um baita silêncio na rua. Se for possível ouvir ciclistas aproveitando o horário noturno para fazer suas corridas de rotina, carros nas ruas... ainda é muito.

— Vamos animar um pouco essa noite — Sacolé se aproxima mais de todos. — Bom, vamos fingir que já se passaram cinco anos e que já nos tornamos e temos tudo o que desejamos deste já. Quem começa?

— Eu — Nanda riu. — Bom, meu nome é Fernanda e tenho vinte e oito anos. Sou formada em Psicologia e atualmente tenho meu próprio consultório em uma das avenidas mais conhecidas de São Paulo. Faço consultas particulares mas no final de cada mês também faço consultas gratuitas em uma escola com alunos do Ensino Médio. Faço também alguns cursos complementares, como de Coach, com base na Inteligência Emocional. Sou casada com um bombeiro — olha para mim, sorrimos, — e temos um casal de filhos com idades bem próximas. Estamos casados a cinco anos, sem contar os oito de namoro. Somos muito felizes. Na nossa lua de mel viajamos para alguns lugares do Brasil a fim de conhecer suas belezas naturais, mas já viajamos boa parte do mundo no nosso primeiro ano de casados.

— Wonnnn — todos emitem vvozes fofas, soltando risadas logo após.

— Agora eu! — Digo. — Sou o Miguel e tenho vinte e nove anos. A idade que dizem ser o nosso auge. Acho que estão certos, na verdade. Sou um dos líderes do Corpo de Bombeiro de uma região próxima de onde moro. Já participei e prestei muitos WorkShops pelo Brasil com ensinamentos básicos de primeiros socorros em escolas, cursos e até faculdades. Sou casado a quatro anos com a melhor psicóloga de São Paulo, sem exageros — todos nós rimos. — E oito anos de namoro também, vale lembrar hahaha. Bom, tivemos dois filhos com idades próximas. E como minha esposa mesmo disse, viajamos muitas partes do Brasil para conhecer mais a fundo nossas próprias raízes. Nosso primeiro ano de casados foi perfeito, viajamos muitas partes do mundo e tiramos boas fotos.

— Fofo!!!

— Sou Designer de Moda — Ayo começa. — Me chamo Ayo, que quer dizer alegria lá na minha terra, África. Tenho vinte e cinco anos. Atualmente tenho uma empresa ainda pequena junto com a minha melhor amiga, Maia. Já lançamos muitas coleções de roupas, inclusive temos a nossa própria marca "Mayo24". A junção dos nossos nomes e vinte e quatro porque foi nesse dia, em fevereiro, que começamos a facul. Estou solteira, como sempre estive — risos —, mas estou em uma das melhores fases da minha vida. Ando aproveitando a vida só máximo, saio bastante, frequento muitas festas, inclusive, eu faço as minhas próprias festas na empresa, com minha parceira.

— Uouu!!!

— Sou a Maia e tenho vinte e quatro anos. Sou formada em Design de Moda, pois sempre gostei de moda e desde que me conheço por gente, sou muito estilosa. Adoro montar looks, inclusive desenhar eles. Hoje em dia eu tenho uma empresa com minha melhor amiga, Ayo. O que era nosso sonho de infância! Chama-se Mayo24, e o motivo ela já explicou. Somos aquelas jovens de vinte e quatro anos no auge da juventude e da vida, frequentando muitas e muitas noites de festa em São Paulo. Andamos com vestidos colados e desenhados por nós. Apesar de todo dia um loop diferente, nunca deixamos de lado o nosso blazer beje. Assim, com café na mão direita e nossas bolsas na mão esquerda, entrando na empresa, nos sentimos bem vadias ricas. Somos solteiras, até porque namoro e vida de casado só dá problema. No momento escolhemos aproveitar nosso sucesso profissional e usufruir do nosso dinheiro juntas, estudando mais, viajando, curtindo...

— Bem suave, eu diria — Romero se pronuncia. — Então, meu nome é Romero e eu tenho vinte e nove anos. Sou formado em Administração e atualmente dou conta de uma rede de fast food e bebidas alcoólicas junto com terceiros...

— Novidade, né? Adora um rolê — Sacolé riu.

— Cala a boca — risos. — Bom, não estou namorando...

Para Sempre Desde SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora