Cap. 06

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— Então braços fortes me agarraram, me segurando por trás. Era impossível me mover ou ver alguma coisa naquelas circunstâncias. A Clara gritava demais — Maia não se aguenta e volta a chorar. — E era demasiado o desespero da Lu. Apesar de não conseguir ver e sentir nada de verdade, eu sentia na minha alma cada grito de dor da Clara. Isso quando ela gritava. Chegou um momento que eles batiam tanto nela que a mesma não tinha nem tempo de reação. Analisei que a Lu ficou em silêncio por um tempo, mas não imaginei que fosse porque também estava apanhando — abraça mais a ficante da prima.

Luciana ia abrir a boca para falar alguma coisa quando de repente o médico que Maia pediu chegou.

— Boa noite! Moça, está em condições de me acompanhar? — Sem antes ninguém falar, ele questiona à Luciana. Até porque os machucados, apesar de não terem sido piores e tão graves que os da Clara, ainda sim estavam correndo riscos de infecção.

Luciana assentiu para o médico e assenou para a gente, que só a veria mais tarde.

•••

Maia me explicou cada detalhe da noite delas. Quero dizer, boa parte. Chorou mais ainda pelo motivo que Clara e Lu apanharam, que foi a homofobia dos agressores. A todo momento ela se culpava por algo que ela sabe que não foi culpa dela, mas o fato de não ter conseguido fazer nada a deixava mal. De tanto chorar ela acabou dormindo em cima de três cadeiras e com a cabeça apoiada no meu colo. Nanda estava comigo a todo momento. Era duro demais tudo isso, difícil digerir essa história e o motivo pelo qual tudo aconteceu.

Os dedos da minha noiva estavam entrelaçados aos meus. A mesma escorava o pescoço no meu ombro, assistindo a um filme que já estava com duração pela metade na TV da sala de espera do hospital, como eu. O médico que atendeu a Lu veio acompanhado da mesma, que estava com uma aparência bem melhor diante do que vimos naquele primeiro momento. Seus lábios já não sangravam mais e todos os outros machucados estavam limpos e com curativos. Seu pulso estava enfaixado, provavelmente ela deslocou.

— Vem, senta aqui, Lu — Nanda foi em sua direção, logo após segurou suas mãos, a guiando até o banco ao seu lado.

— Então, Luciana teve um pequeno deslocamento no pulso e arranhões e feridas abertas por muitas partes do corpo. Ela tomou soro devido dores de cabeça por conta das pancadas e aparentemente por enquanto ela está bem.

— Ufa! — Suspiro aliviado.

Ele se retirou, então começamos a perguntar à Luciana como foi lá dentro.

— Fizeram alguns exames, não tive nenhum osso quebrado nem nada muito interno, o que me aconteceu é o que vocês estão vendo. Inclusive esse olho está doendo — aponta para o olho roxo e inchado. — Colocaram um pouco de gelo, talvez amenize o inchaço. Deram notícias de Clara? Estou tão preocupada — ficou cabisbaixa.

— Não, ainda não.

Segundos depois da minha resposta um outro médico se aproxima, era um daqueles três que atendeu minha prima.

— Boa noite.

— Boa noite — respondemos, esperando por alguma notícia da paciente dele.

— Bom, o quadro da paciente Clara, como vocês informaram na recepção, é um pouco delicado.

Luciana se entristece só com um olhar.

Para Sempre Desde SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora