Primeiro

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A favorita da nação voltou!

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A noite era fria e solitária. Os postes de luzes amareladas demoravam a acender de tão velhos, piscando vagarosamente, não cumprindo a tarefa de iluminar as ruas estreitas de Konoha. Em um beco cheio de caixas de papelão onde um pequeno gato negro dormia, gritos histéricos eram ouvidos, apesar de nunca serem atendidos.

- Parem! - gritava. - Por favor!

Mas não importava o quanto pedisse por socorro, ninguém vinha. Quanto mais gritava por suplício, mais chutes eram distribuídos em seu corpo desnutrido. O sangue fresco escorria por seu rosto, se misturando às inúmeras lágrimas que saíam de seus olhos sofridos. Soluçou.

- Gaki desgraçado - o homem alto o segurou pelo pescoço, apertando sua traqueia em uma força desproporcional ao tamanho da criança. - Você nunca deveria ter nascido. O povo de Konoha tem nojo de você.

O Anbu largou seu pescoço e admirou sorrindo o garotinho cair no chão e bater a cabeça no muro de tijolos gastos, desmaiando. Tendo a identidade escondida pela máscara de touro, o homem saiu da cena do crime pulando em meio a floresta de pinheiros, sumindo no horizonte.

Enquanto isso, a chuva veio forte e assolou as ruas gélidas de Konohagakure no Sato. O menino, esfolado e ensanguentado, acabou por respirar água e acordou num pulo. Tossiu sangue.

- Por quê? - murmurou. - Por que tanto ódio?

Apoiou-se no muro e foi cambaleando até o pequeno apartamento onde morava. O atual governante de Konoha, Sarutobi Hiruzen - conhecido por Sandaime Hokage -, comprou-o e o deu para morar. Ele estava ali, sozinho, desde que se lembrava como gente, vivendo da pequena mesada que recebia do Hokage e das boas ações do dono do Ichiraku Rámen, o único cidadão de Konohagakure no Sato que parecia não o odiar.

Talvez Teuchi só quisesse ganhar dinheiro, até porque ele era um cliente fiel no Ichiraku. Nem ele, um moço tão bom e sorridente, era confiável. Ninguém era.

Entrou no minúsculo apartamento e suspirou ao ver que ele estava todo depredado, com a janela quebrada e com os móveis destruídos. Haviam descoberto onde morava e começaram um levante para destruir sua casa. Mas tudo bem, já estava acostumado.

Tirou as sandálias azuis e as jogou ao lado da porta velha. Foi desviando dos vasos quebrados até o pequeno banheiro ao lado do quarto, entrando ali e jogando as roupas estraçalhadas no lixo. Abriu o chuveiro e estremeceu. Frio.

Esfregou a última lasquinha do sabonete de coco em sua pele suja de sangue, tirando toda a sujeira ocasionada pelas agressões. Apesar de limpo, os ferimentos ardiam, mas não tanto quanto os machucados em seu coração. Com o auxílio da toalha amarela, secou-se por completo e passou-a por sua cintura, cobrindo suas partes íntimas.

Parou em frente a pia e se olhou no espelho. Seus olhos azuis estavam opacos, seu loiro cabelo desgrenhado, as cicatrizes em formato de raposa feitas por cima das suas de nascença doíam em seu rosto e faltavam dois dentes em sua boca. Naruto estava horrível.

Uzumaki Naruto era seu nome. Uma pequena criança de doze anos de idade com o sonho de se tornar o mais forte Hokage de todos os tempos. Órfão de pai e mãe, sustentado pelo Sandaime Hokage, Naruto era odiado por todo cidadão de sua vila. Apesar disso, o loirinho não entendia o porquê de tanto ódio.

Naruto nunca havia feito nada para nenhum deles. Sempre tentou tratá-los com respeito, sendo educado e sempre sorrindo, mas toda noite os Anbu apareciam e o espancavam, só parando quando ele caía desmaiado no chão frio ou quando eles mesmos se cansavam. Quando não eram eles, apareciam uns bêbados estranhos que fediam a saquê e a fumo, batendo nele com tanta força que nem se lembrava mais qual era seu nome, assim como eles prometiam:

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