Décimo Quarto

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Amegakure chorava como em todas as manhãs. Cidadãos estavam escondidos em suas casas apenas observando as lágrimas gordas escorrerem pelo vidro das janelas, pássaros se escondiam nos buracos ocos das árvores e as nuvens escondiam os fortes raios do astro rei.

O clima era denso e frio dentro do pequeno quarto. A porta do guarda-roupas de madeira escura estava aberta, o chão do banheiro estava com pequenas poças de água e a cama estava totalmente bagunçada, com um travesseiro jogado ao pé da cabeceira e os lençóis descendo em cascata pelo colchão.

O garoto de exatos quinze anos mexia desordenadamente nas gavetas do novo guarda-roupas que ganhara, apesar de que sabia que aquela coisa cheia de pó era o antigo lugar onde Sasori guardava suas marionetes velhas.

 Não sei para que essa frescura humana de querer vestir roupas bonitas. – Kurama disse, lambendo sua pata. – Nós, bijuus, vivemos muito bem sem esses trapos velhos cobrindo nossos pelos.

– Muito bem falado, Kurama. – Naruto resmungou. – Vocês são bestas com caudas e eu, um simples merda de humano, tenho que vestir essa merda para não mostrar meu pacote para todos, ‘ttebayo.

– Ah! – riu. – Está guardando seu corpo para o casamento, gaki?

– Ahn?

 O idiota do Uchiha deve estar muito feliz sabendo que você está o esperando, Naruto.

Naruto respirou fundo. Kurama parecia adorar irritá-lo citando Sasuke em suas provocações. Eles eram apenas bons amigos, não tinha maldade nenhuma naquilo.

– Eu não estou esperando o Sasuke, ‘ttebayo.

 Mas quem falou de Sasuke? Aquele Itachi parece muito mais legal do que o Sasuke. Olha só: Sasuke só reclama de “Itachi isso, Itachi aquilo”, enquanto o Itachi te mima, te treina, te faz comida...

– Eu não quero nenhum Uchiha, Kurama! – grunhiu.

 Ué, então quem você quer? Não me diz que ainda gosta daquela testuda cor-de-rosa porque...

– EU NÃO QUERO NINGUÉM, ‘TTEBAYO!

Kurama começa a rir, enrolando suas caudas pelo corpo e brincando com as patas. Naruto suspirou. Raposa retardada, pensou, vestindo sua roupa.

 Você é alguém muito estressado, gaki.

– Você que fica me enchendo o saco. – vestiu sua roupa íntima. – Pain-sama disse que teríamos uma reunião daqui a uma hora e eu ainda acordei atrasado, ‘ttebayo.

 Não posso ser despertador para sempre. Se eu sumisse, queria ver como você iria sobreviver. Aí ia precisar da ajuda do Uchiha, vocês se apaixonariam, se casariam, teriam cinco filhos e três raposas e...

– Viaje menos, Kurama, muito menos.
Kurama se calou por um tempo. Sabia que seu jinchuuriki estava um pouco estressado com as notícias e estava tentando animá-lo, mas não estava dando muito certo – o que não fazia sentido, até porque o bijuu era um excelente piadista.

Naruto já sabia qual seria o assunto da conversa por que passou sem querer pelo escritório de Pain na manhã anterior – lê-se: estava espionando – e ouviu ele conversando com Konan. Basicamente, Pain queria dar início a caça aos jinchuurikis.

Mesmo que estivesse se tornando um nukenin, Naruto sabia que seus preceitos não tinham nada contra os jinchuurikis. Eles eram pessoas semelhantes a si, sabiam o peso da dor de carregar um forte monstro temido em seu corpo e a de ser tratado como um lixo pelos cidadãos de sua vila. Em tese, o Uzumaki não queria machucá-los.

NukeninOnde histórias criam vida. Descubra agora