Décimo Quinto

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Jogou a pequena garrafinha branca na pilha onde mais dezenas de outras garrafas de saquê estavam jogadas, vazias, tão solitárias quanto seu âmago. Tentou ler mais uma linha de um relatório de missão, mas tudo o que via era o borrão das palavras escritas em tinta fresca. Segurou as laterais da cabeça com força. Sua mente doía e seus olhos ardiam.

Shizune tocou seu ombro, sorrindo de forma terna.

– Não se mate desse jeito, Tsunade-sama. – disse, porém nem ela mesma acreditava em suas palavras. – Naruto e Sasuke estão bem e irão conseguir se safar dessa. São ninjas fortes, acredite mais neles.

– Eles não irão fazer merda nenhuma, Shizune! – esbravejou, furiosa. – Sasuke quer vingança e Naruto está magoado, eles não têm motivos para continuar aqui.

– Não seja tão pessimista, Tsunade-sama!

– Estou sendo realista, Shizune. Naruto e Sasuke não são mais shinobis de Konoha.

Shizune calou-se e passou a olhar para os próprios dedos. As palavras de Tsunade eram sérias e cortantes, mas ela sabia que aquilo estava a machucando. Lembrar de Naruto era o mesmo que lembrar de seu irmãozinho. Ela via ele no Uzumaki e o ver sumindo dessa forma por culpa sua estava a matando aos poucos.

Tsunade e Jiraiya tentavam a todo custo descobrir o paradeiro de Naruto e Sasuke. Fizeram contato com os Kages das outras grandes nações, mas somente Suna havia firmado o contrato de aliança. Kumo os ignorou, Kiri se fez de surdo e Iwa sequer abriu a carta enviada.

Os cidadãos de Konoha e os velhos conselheiros não se importavam com a falta dos garotos. O que mais deixou Tsunade enfurecida foi, na noite posterior a fuga de Naruto e Sasuke, ver os aldeões festejando com comes e bebes o fato de o Uzumaki ter saído de Konoha. Para eles, estavam perdendo um monstro.

Ledo engano. Orochimaru tinha agora dois fortes e promissores ninjas e tanto Tsunade quanto Jiraiya sabiam que o sannin iria aproveitar e muito suas novas crias.

A porta foi aberta com rapidez e dali saiu um chuunin mensageiro. O ninja estava ofegante e parecia ter corrido muito para chegar ali, porém fez – ou tentou fazer – uma reverência respeitosa e entregou um pequeno pergaminho com um símbolo verde.

– Suna? – abriu o pergaminho. – O que querem?

– Tsunade-sama! – respirou fundo. – Suna foi atacada... atacada pela Akatsuki.

– Akatsuki? – levantou-se.

O ninja anuiu. Estava nervoso e tremia muito.

– Hai, quem nos enviou a mensagem foi Temari-san. Ela disse que três homens usando um manto negro com nuvens vermelhas haviam atacado Suna e levado Gaara-sama com eles. – engoliu em seco. – E um deles ela alega ser Uzumaki Naruto, Godaime.

“Eu sei que pode parecer completamente louco o que estou dizendo, Tsunade-sama, mas eu vi. Cabelos loiros, olhos azuis, marquinhas de raposa nas bochechas e pele cor café com leite. Mais ninguém tem aquela aparência no mundo shinobi! Não há dúvidas, Uzumaki Naruto se aliou a Akatsuki e raptou o meu otouto!” Tsunade lia a carta e ouvia o chuunin, porém não queria acreditar.

Naruto, aquele garoto rebelde que vivia declarando que se tornaria o mais forte dos Hokages, estava aliado a organização secreta inimiga das cinco grandes nações e que curiosamente também o queria morto. Não fazia o mínimo sentido.

– Isso não pode ser verdade, eu não consigo entender, eu...

– Tsunade-sama! – Temari entrou na sala, também ofegante. – Precisa me ajudar! Gaara foi levado pela Akatsuki e Kankuro foi derrotado por um deles. Ele está fraco, Chiyo-baa disse que ele viverá, mas estou muito preocupada. Eu... argh!

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