Nukenin

Vigésimo Terceiro

Acordou com o cantar melódico dos pássaros. Espreguiçou-se, sentindo uma dor fina assolar suas partes baixas. Sentou-se com tudo na cama - grunhindo com aquela dor maldita - e olhou para o lado.

- Dobe... - rosnou entredentes. - cadê você, seu filho da puta?

O outro lado da cama estava vazio, apenas com os lençóis bagunçados e o seu cheiro característico. Bufou e se levantou, apoiando o peso na parede do quarto até chegar ao banheiro. Mataria Naruto por o deixar sozinho naquelas condições.

Mas Sasuke era um shinobi e, como ele próprio dissera na noite anterior, não existia dor a qual ele não poderia suportar.

Tomou um banho rápido e corou levemente quando sentiu resquícios do líquido branco saírem de seu interior. Vestiu o roupão, escovou os dentes e voltou para o quarto. Ia vestir a roupa deixada sobre o criado-mudo quando escorregou em alguma coisa, caindo sentado no chão.

- Kuso! - massageou o quadril, pegando o culpado de sua queda. - Que merda é essa?

Sentou-se na beirada da cama. Era um livro pequeno com uma capa de couro escuro. Parecia velho, já que alguns fiapos da costura estavam desgastados. As letras em prata diziam "Meu Diário".

- "Meu Diário"? - riu e o abriu. - Negócio idiota.

Ao abrir o livrinho, em constraste com as páginas amareladas, um pequeno bilhete estava grudado com saliva. Bem típico de Naruto.

- "O líder está me enchendo o saco para voltar a Akatsuki. Espero que suas juntas não estejam doendo muito. Deixei esse livro em algum canto, leia com atenção. Ass: seu Dobe". - lia baixinho. - "PS - te amo, seu Teme maldito".

Sasuke revirou os olhos e sorriu de canto. Naruto sabia bem como deixar seu coração bater descompassado. Virou a página. Estava curioso, por que ele o mandaria ler um livro? Naruto não era um amante de livros, afinal.

Percebeu então que era um diário mesmo. Deveria ser de um menino, já que aquela letra era um lixo. A tinta estava desgastada e não havia identificação, mas Sasuke conheceria aquela caligrafia de longe.

- Itachi...

Itachi tinha um diário? Como Naruto teve posse dele? E por que tinha que o ler? Apertou suas mãos ao redor daquele livro. O cheiro dele estava ali.

- Dá vontade de queimar essa merda. - grunhiu. - Espero que eu não me arrependa, se não você é um homem morto, Usuratonkachi.

Virou a página e passou a ler. Sasuke não sabia o que o aguardava, mas algo o fazia sentir que todas as respostas estariam naquele maldito livro.

9 de Junho de 987

Eu não vou te chamar de "Meu querido diário" ou qualquer outra coisa parecida. Eu esperava algo mais digno para ganhar de presente no meu aniversário de sete anos, mas okaa-san disse que seria uma ótima ideia escrever meus sentimentos aqui.

Não quero perder tempo então vamos logo com isso. Meu nome é Uchiha Itachi e hoje é meu aniversário de sete anos, além de ser o dia em que me tornei oficialmente gennin. Consideran-me um prodígio, mas não me importo com isso. Quero ser um shinobi forte e poderoso para poder proteger a vila e a minha família. Tudo o que quero é a paz.

Minha família é uma como qualquer outra. Fazemos parte do clã Uchiha, um dos clãs fundadores de minha vila, Konoha. Meu otou-san, Fugaku, é meio fechado e sério, mas ama a gente do seu jeito estranho; minha okaa-san, Mikoto, é tão doce quanto os meus queridos dangos; e meu otouto, Sasuke, é um pirralho travesso, mas eu amo ele mesmo assim.