Força e poder para esconder vazio e solidão, é o pensamento de Maven em relação ao mundo dos prateados e a tirania de seu pai. Ele não concorda com a maneira que Norta é regida, mas o que o príncipe esquecido pode fazer para ajudar a minoria?
Maven...
— Você está adorável, Evangeline - Foi a primeira frase proferida por alguém naquele almoço, e surpreendentemente, partiu da minha mãe.
— Muito obrigada, Majestade - A garota respondeu com um sorriso convencido, ela sabe o quanto é bonita, a colocação da minha mãe não tem nenhuma sequência, nenhum elogio a Mare e isso causa um claro desconforto.
— Cal, não esqueça de pegar os relatórios que trabalhamos na semana passada, vou precisar deles para apresentar a pauta no conselho de hoje - Meu pai comentou e eu tentei recordar que documentos eram esses, eu costumo escrever e revisar relatórios com Cal mas não fizemos nenhum na semana passada
— Que relatórios são esses? - Questionei intrigado - Não recebi para analis... - Fui interrompido
— Claro que não recebeu, Maven - Seu tom de voz era bruto - Suas anotações vagas e inoportunas não eram necessárias. Preciso de soluções e não asneiras utópicas - Engoli em seco, pude ver a expressão desconfortável surgir na face de Mare e por um momento, me senti completamente constrangido por estar enfrentando isso na frente de todos.
Já faz uma semana que a Prova Real aconteceu, não tive muitas chances de tentar conversar com Mare, minha mãe vem ocupando seus dias com aulas e obrigações que uma futura princesa devem atender.
Tentei descobrir algumas vezes o horário de Mare para que, casualmente, pudessemos desenvolver uma conversa, mas Elara segue irredutível sobre me ajudar com essa tarefa. Ela tem deixado pequenos recados em minha mente para que eu deixe isso de lado ou até mesmo questiona o por quê de eu me importar, pergunta para a qual eu não tenho uma resposta tão concreta quanto gostaria, ou pelo menos é isso que eu quero que ela veja.
[...]
— Quem eles pensam que são? - Falou um dos conselheiros do meu pai com a voz carregada de irritação- Tamanha ousadia, meu Rei. Hoje estão causando tumulto em uma praça de Summertown e amanhã? São baderneiros e exigimos suas cabeças - Falou mais uma vez e ganhou a aprovação dos outros lordes presentes.
Tudo sobre essa reunião já está maçante, meu pai tentou conduzir a discussão para diversos problemas extremamente mais relevantes e urgentes em nossa nação, mas eles não ligam para outra coisa senão o fim da Guarda Escarlate, o derramamento de sangue dos vermelhos.
— Se me permitem dizer, estou farto da mesma argumentação desconexa - Começo já sem paciência - Estamos aqui a horas e não saímos do lugar. Existem outros assuntos pendentes, cidades inteiras que precisam de atenção, famílias que passam fome, crianças perdem membros todos os dias por tentar roubar alimento para que a terrível sensação que as corrói por dentro tenha fim, e os senhores vão passar uma manhã deliberando apenas sobre a Guarda Escarlate? Pelo menos me ofereça uma solução, pois o problema nós já conhecemos - Finalizei meu discurso e todos me olhavam atônitos, menos o meu pai, eu conhecia bem aquela expressão e sei exatamente o que vem depois
