Somente ardentes

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Oi lindas, voltamos no prazo dessa vez ;)
Vocês estão bem? Esperamos que sim.
Esse cap é bem diferente e a gente espera que vocês gostem, não esqueçam de dar a opinião de vocês que é de suma importância para a continuidade da estória. Obrigada pelo carinho sempre
Boa leitura.

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Cal’s point of view

— É no penúltimo corredor a direita, alteza - gravo as palavras do sentinela e sigo apressado ao local que me foi indicado
       Nunca estive nesse lado da biblioteca, nunca sequer me interessei por livros nesse estilo. Tudo que leio está relacionado ao reino de alguma forma, de livros políticos até os relatórios que meu pai me entrega todas as manhãs.
       Maven e eu sempre tivemos o melhor relacionamento que dois irmãos poderiam ter, estamos sempre a disposição para ajudar um ao outro, ainda que o outro não fale que precisa de ajuda e é exatamente por isso que me encontro aqui.
      Encaro o enorme corredor de livros, abarrotados de exemplares dos melhores romances literários. Conheço meu irmão e sei que quando se trata de garotas, ele sempre vai precisar de uns bons conselhos, talvez algum desses autores o ajude mais do que eu poderia.
       Não faço a menor ideia de qual livro devo escolher e por isso me encontro parado, encarando uma estante e sua variedade por mais de 20 minutos. Impaciente, pego o livro que está mais próximo de mim e caminho para saída a passos largos e envergonhado por estar carregando um livro desses.
       Uma vez longe da biblioteca, me permito desacelerar o passo e assim posso apreciar a beleza que é o Palacete. Na capital tudo é muito seco e sem vida, há beleza sim, com certeza, mas nem se compara com o Palacete aqui em Summertown. 
       O Palacete tem um charme a mais, tem janelas grandes e altas que permitem a passagem da luz, tanto do sol quanto do luar, além de sacadas maiores com vista para um bosque aconchegante.
       Me dirijo a janela mais próxima para apreciar o luar e percebo que o céu está particularmente estrelado hoje. Me perco em meio às estrelas e acabo me distraindo, é bom ter esse minuto de paz para variar e eu ficaria ali parado por horas se não fosse por movimentação rápida que tira minha atenção das estrelas e a leva direto para a estufa.
      Viro o rosto rápido o bastante para ver cachecóis vermelhos correrem para o bosque. Meu corpo esquenta tão rápido quanto as batidas do meu coração, o que os vermelhos estão fazendo? São criados? Será que são a Guarda Escarlate? Como conseguiram entrar? Esse lugar é uma fortaleza. Respiro fundo e me forço a aguentar firme, preciso manter a calma e pensar antes de fazer qualquer coisa. 
Corro, em silêncio, para a sacada mais próxima na esperança de ver algo mais, um grupo de vermelhos some pela estufa mas outro segue em diferentes direções para o Palacete e o que vejo me dá calafrios. Rapidamente reconheço as cores da casa Titanus.
       Mareena e uma figura encapuzada conversam enquanto caminham em direção ao Palacete. Ela está com a guarda? 
       Meu corpo volta a esquentar só de pensar que a Guarda poderia estar tão próxima de mim e minha família. Preciso fazer algo. Desço as escadas o mais rápido que posso e me escondo atrás de um vaso ao lado de uma janela para poder ouvir a conversa
— Acho melhor eu entrar, vai que meu noivo aparece, não sei se ele é do tipo esquentadinho - ouço Mareena zombar de Maven e tenho que me segurar ao máximo para que minhas chamas não venham. Como ela ousa?
       Desde que os vi no estábulo aquela noite achei que eles tinham algo, muito mais do que um compromisso forçado, eu vi o brilho nos olhos do meu irmão e pude jurar que os dela brilhavam com a mesma intensidade, cheguei até a achar bonito a relação dos dois, mesmo ela sendo uma vermelha, mas agora vejo que tudo não passou de um teatro.
       Vejo os dois se despedirem e decido seguir o mascarado, seja lá para onde ele estiver indo isso poderá me dar algumas respostas, talvez eu consiga ver de onde ele veio e como encontrou uma falha em nossa segurança para invadir uma propriedade real.
       Assisto Mareena entrar no Palacete e subir as escadas, talvez indo para seu quarto, mas não me importo, não agora, agora preciso voltar minha atenção para o mascarado, que encontra-se parado observando Mareena se afastar, aproveito esse tempo para memorizar cada detalhe que posso.
       Não consigo ver muito graças a capa robusta e a máscara de metal que cobre todo o seu rosto, mas posso ver que é um pouco mais baixo que eu e que tem um corpo atlético. Meus pensamentos se partem quando a figura começa a se mover e para minha surpresa ele não corre para o bosque como os cachecóis que vi anteriormente, ele está dando a volta no Palacete.
       Continuo seguindo-o silenciosamente e sinto meu corpo esquentar ainda mais ao ver ele entrando no Palacete por uma porta que nem mesmo eu sabia da existência. Espero alguns segundos e atravesso a porta, bem a tempo de vê-lo dobrar no fim do corredor escuro em que me encontro.
      Sigo seus movimentos e me deparo com a cozinha, num ângulo que nunca imaginei estar, como um vermelho. Observo a cozinha convenientemente vazia, será que ele sabe os horários dos funcionários? Será que ele é um dos funcionários? Mare está traindo meu irmão com um cozinheiro vermelho?
       Avanço quase tão perto que posso ouvir a sua respiração ofegante, sinto vontade de derrubá-lo ali mesmo e forçá-lo a responder tudo que quero, mas tento ser paciente. Ele dobra em mais um corredor da qual não tenho conhecimento e começo a me sentir um inútil em minha própria casa, esse sentimento triplica quando o vejo puxar algo na parede e abrir uma passagem secreta.
       Sei todas as passagens de segurança desse castelo e de todos os outros castelos do meu reino, sou um general, um soldado, sou o futuro rei, saber disso é meu dever, mas de alguma forma aquela pessoa sabia tanto quanto eu. Mas como isso é possível? Já vi os mapas da propriedade mais de mil vezes e tenho certeza que esses corredores não existem lá. Se a Guarda tem conhecimento dessas passagens pelo Palacete o que mais eles podem saber? Até onde estão enraizados dentro deste lugar? Penso sentindo minha cabeça latejar.
       Percorro o longo trajeto junto com o mascarado tomando todos os cuidados para que ele não note minha presença. Abro mais uma porta e inclino minha cabeça para ver qual será o próximo passo daquela figura peculiar, mas o que vejo faz meu coração parar bruscamente, todos os meus músculos ficam tensos e eu travo, o mascarado para em frente a porta do quarto de Mavey.
       Só de imaginar o que aquela figura ridícula pode fazer com meu irmão sinto vontade de destruí-lo, atacá-lo com toda minha força e queimar cada pedaço de seu corpo asqueroso até não sobrar nada além de cinzas. Aperto o livro, que nem lembrava que carregava, em minha mão com tanta força que acabei danificando a capa, mas não me importei. 
       Senti meu corpo queimar e dessa vez não o impedi, deixei que cada parte dele irradiasse o calor que do meu ódio. Me inclino novamente pronto para avançar contra o encapuzado e prendê-lo para obter respostas, mas antes que eu pudesse mover um músculo vejo algo brilhar em seu pulso, algo que somente prateados podem ter, ou pior, somente ardentes. 
       Meu corpo pesa e não consigo me mover, não consigo acreditar no que vejo, é a pulseira que somente minha família tem. Não pode ser. Antes que eu possa afastar qualquer fantasia que minha cabeça acaba de criar vejo a figura abrir a porta e antes de fechá-la o assisto tira a máscara.
       A revelação me faz perder o chão e pela primeira vez em minha vida não sei descrever o que sinto. Não pode ser. Não pode ser. Repito para mim mesmo, tentando me convencer de que aquilo não é real, mas nada pode apagar o que vi. Mavey.

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Quem aí ficou torcendo para que o Cal não descobrisse? O que será que ele vai fazer? Vocês gostaram?
Não esqueçam de conversar com a gente e favoritar.
Com muito amor e carinho,

N & L.

My EverythingOnde histórias criam vida. Descubra agora