My Everything

Ele não merece você

oi meus amorecos, mais um cap maravilhoso de lindo para vocês. A gente nem demorou tanto dessa vez ne? :D Aproveitem e comentem bastante por favorzinho, amamos vcs.

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Mare's point of view 

Os corredores desse lugar parecem mais longos a cada passo que dou, principalmente com todos a me olhar de forma estranha nessa manhã, em alguns rostos posso até ver que sentem pena de mim e eu nem ao menos sei o porquê.

Uma sensação estranha percorre todo meu corpo e sinto meus raios formigarem minhas mãos em puro instinto. Decido apressar meus passos e chego a sala de Julian mais cedo do que o previsto, mas tenho certeza de que ele não vai se importar.

Bato à porta e espero sua permissão antes de entrar, me surpreendo ao ver a porta se abrir bruscamente quase no mesmo instante em que bati. Julian me recebe sem expressão e faz sinal para que eu entre e assim faço. Nada diferente eu diria, a não ser pelo jeito que ele observa o corredor atrás de mim como se quisesse ter certeza de que ninguém me seguiu.

Assim que a porta se fecha, deixo meus olhos passearem por todo o cômodo. As pilhas de livros, a escrivaninha e até os mapas não estão mais lá. O ambiente parece mais amplo, mas dá a sensação de ser menor. Antes continha mundos inteiros, mas agora abriga apenas pó e papéis amassados.

Viro meu corpo e vejo Julian caminhar até uma mesa, com os últimos livros restantes e outros papéis dispostos de maneira desorganizada, e eu o acompanho. Com isso imagino que nossa aula não será nada como as outras. Olho para a face do meu amigo e posso ver claramente que algo lhe perturba.

— O que houve com sua sala? - Pergunto com certa preocupação, nunca o vi dessa forma.

— Não vou me estender, Mare, serei breve e direto - a maneira que as palavras saem de sua boca faz meu corpo enrijecer - e quero que me escute com atenção. Primeiro gostaria de me desculpar por não ter sido inteiramente honesto com você. Confiou em mim para treiná-la e ajudá-la. Foi o que fiz, mas também ajudei a mim mesmo. Sou um homem curioso, e você foi a coisa mais curiosa que já vi na vida - consigo sentir todo seu ânimo ao falar de mim como um milagre para logo em seguida fazer uma pausa - desde o dia em que lhe conheci fiquei fascinado por tudo que você é, além de me afeiçoar a você como um amigo. Mas devo confessar que tenho estudado você todos esses dias e procurado algo que explique seus poderes. Nunca encontrei nada - ele para e encara meus olhos como se pudesse ver através deles - até agora. A alguns dias atrás você me falou da morte de seu irmão, e mais uma vez eu sinto muito por isso - a menção a Shade faz uma corrente elétrica atravessar todo meu corpo, engulo seco e permaneço calada atenta a cada uma de suas palavras - mais do que isso, você me disse que ele foi cremado.

— Onde quer chegar com isso? - digo secamente, desejando com todas as minhas forças que aquela conversa termine.

— De acordo com a lei militar, todos os soldados vermelhos devem ser enterrados em cemitérios no Gargalo. Soldados executados não têm funeral e jazem em valas comuns. A cremação não é usual. Corpos extraviados são inexistentes. E, no entanto, encontrei vinte e sete nomes, inclusive o do seu irmão, que sofreram esse destino - suas palavras fazem minha cabeça rodar e acho que nunca me senti tão perdida.

— O que quer dizer com isso? - faça a única pergunta que me cabe naquele momento

— Todos morreram em patrulha, mortos pelo inimigo ou por suas próprias unidades, quando não foram executados por acusações sem fundamento. Todos foram transferidos para a Legião da Tempestade semanas antes de morrer. E todos os corpos foram destruídos ou perdidos de algum modo. Por quê? - ele exclama - Foi aí que tive uma ideia e pela primeira vez fiquei feliz pela existência da base sanguínea. Embora estejam mortos há tempos, suas amostras de sangue são mantidas. - ele para e me lança um pequeno sorriso - Comparei sua amostra de sangue com a deles e descobri um marcador idêntico em todos que os diferencia das pessoas. Seu sangue é vermelho Mare, mas não é o mesmo. Há algo novo em você, algo que ninguém jamais viu. E que os outros vinte e sete também tinham. Uma mutação que pode ser a chave do mistério. - Minha cabeça gira mais e mais como um carrossel - Você não é a única, Mare. Não está sozinha. É simplesmente a primeira protegida a olhos de milhares de pessoas, a primeira que não puderam matar e esconder. E se esses vinte e sete existiram, deve haver outros. Deve haver mais. - Me sinto gelada, dormente. Sinto tudo e nada. Outros como eu. - Usando a mutação em seu sangue, pesquisei o resto da base sanguínea e descobri o mesmo marcador em outras amostras. Inclui todos aqui para que você saiba - sua mão vai até um pequeno livro de aparência comum e ele me entrega.