Changgu

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Capítulo escrito e revisado por Liss F.H©

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— Bom dia!

Seu irmão parecia animado, como sempre, mas dessa vez ela podia sentir que sua animação toda era um grande disfarce. O tom de sua voz não era compatível com o sorriso que ele forçava em seu rosto.

— Você sempre foi um péssimo mentiroso, então pode contar o que está acontecendo.

Myungsoo suspirou e riu sem humor.

— Você é terrível. — ele serviu o café e retirou o avental, vindo até a cadeira ao meu lado para se sentar. — Eu não quero falar disso agora, mas é importante.

— Apenas fale, oppa. — ela pediu enquanto colocava uma das panquecas deliciosas em seu prato.

— Eu lhe disse que desejar ajudar com os negócios da família não seria uma tarefa fácil, mas de tanto insistir eu consegui que você participe ativamente na empresa e em todos os bens.

— Isso é incrível! Muito obrigada! — ela se esticou para abraçar seu irmão, mas ele segurou seus braços e a impediu de fazê-lo. — O que há de errado?

— Existe uma condição para que você tenha tudo isso. Uma condição que eu não consegui mudar de jeito nenhum e que provaria suas boas intenções em participar de tudo.

— Fale de uma vez!

Myungsoo engoliu em seco antes de responder em tom baixo e quase derrotado.

— Você deverá se casar com Kim Jonghyun.

— O primo JR?

— Esse mesmo. — Myungsoo respondeu. — Os conselheiros da empresa acham que vocês devem se conhecer oficialmente como futuros noivos. Quanto mais rápido isso acontecer, mais rápido você poderá começar a estar presente nos assuntos da empresa.

Seunhye, de repente, se sentia cansada e enjoada. Seu primo sempre foi gentil com ela, mas pensar em se casar com ele deixava um gosto amargo em sua boca. Ela não queria ter que fazer isso.

— Eu preciso conversar com ele antes, apenas eu e ele. — Seunhye falou seriamente. — Consiga que ele fale comigo ainda hoje, eu sairei cedo da aula e poderei encontrá-lo onde ele quiser.

— Tudo bem. — seu irmão assentiu e sorriu. — Ver você agir assim me faz pensar no quanto você cresceu e na mulher forte que se tornou. Estou orgulhoso.

Myungsoo abraçou sua irmã e mesmo que as palavras de seu irmão tenham deixado ela feliz, no fundo ela se sentia realmente triste por pensar no que teria que fazer para finalmente conseguir ajudar seu irmão e deixar de ser o fardo da família Kim.

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Changgu estava distraído com a música alta em seus fones, mas sentiu a presença de alguém que ficou a sua frente. Ele quase sorriu.

— Seunhye. — ele murmurou em reconhecimento e abriu os olhos encarando a garota que parecia um pouco abatida. — Algum problema?

— Eu gostaria de conversar com você um pouco. Posso?

Changgu hesitou, mas cedeu.

— Sente.

A garota sentou ao lado de Changgu sob a sombra de árvore, um local calmo e tranquilo para conversar já que o espaço era grande e muitos dos alunos preferiam sentar nos bancos ao invés do gramado.

— Bem, eu queria dizer que o que viu ontem não é exatamente o que pensa. — ela começou, mas parecia bastante hesitante. — Aquele é Kim Myungsoo, meu irmão.

Changgu franziu o cenho ficando completamente confuso. Se ele era irmão dela, então ela era muito rica...então por que insistia em se passar por uma garota pobre?

— Seu irmão? Vocês não se parecem em nada. — ele falou um pouco pensativo. — Tenho certeza que olhei bem, vocês definitivamente não se parecem.

— É porque não somos irmãos de sangue... — ela explicou. Tudo aquilo era muito difícil, mas ela sentia que deveria contar a ele e explicar tudo antes de contar o que soube pela manhã. — A familia Kim me adotou quando eu era apenas um bebê recém nascido, eu fui abandonada porque minha mãe não podia cuidar de mim. Era uma época difícil de doenças e muitas pessoas do nosso bairro simples morreram antes mesmo de a cura ser inventada. Desde então eu sou Kim Seunhye, mas como o sobrenome é comum, ninguém me associou com a grande família Kim, a família de Myungsoo.

Changgu permanecia em silêncio, apenas absorvendo a história da garota sem ousar interromper.

— Minha mãe morreu e desde então tudo desmoronou. Hoje, quem cuida de tudo é meu irmão, mas ele está muito sobrecarregado e por isso eu decidi que iria ajudar, mas existe um conselho de velhos chatos que exigiram várias coisas de mim para que eu pudesse finalmente fazer parte não apenas da família como também dos negócios. Fazer administração é uma dessas coisas.

O Yeo ainda permanecia surpreso. Jamais imaginou que a garota era parte da família Kim tão famosa.

— Posso perguntar o motivo de estar se passando por garota pobre? — Changgu perguntou depois de minutos em silêncio.

— Como eu disse, o maldito conselho não me considera de confiança o suficiente para permitir gastos em meu nome. Meu irmão poderia pagar, mas eles não permitiram, então eu decidi entrar nesta universidade por minha conta e meu esforço. Passei meses estudando feito louca para fazer o teste, e então passei em primeiro lugar conseguindo a bolsa integral.

— Eles sabem quem você é? Digo, o reitor e todo o resto?

— Não. Eu tenho idade suficiente para assinar por mim mesma, então apenas disse que não tinha pais vivos e que poderia assinar e eles deixaram. Nem imaginam quem eu sou.

Changgu passou a mão pelo cabelo deixando os fios bagunçados de forma charmosa.

— Uau, isso é tão legal! Como em histórias de fantasia e ficção.

— Minha vida não teve muitas coisas legais, mas poderia ter sido pior, não? Eu poderia ter morrido também, então nunca teria tido um irmão tão bom quanto Myungsoo e muito menos teria te conhecido.

— É feliz por me conhecer? — o Yeo perguntou desconfiado, mas com um meio sorriso.

— N-não foi isso que eu disse. — ela tentou mudar de assunto ao perceber o que havia dito. — A questão é que eles fizeram uma última exigência.

— Qual?

Antes que pudesse dizer, Seunhye foi interrompida por Hongseok que se aproximou dos dois como um gato e sorriu ao ver os rostos de surpresa dos dois.

— Olá! Eu atrapalho alguma coisa? — ele perguntou sentando ao lado de Changgu e passando o braço pelos ombros do Yeo.

— Não, na verdade eu já estava indo. Minha aula vai começar, então até qualquer hora. Licença. — ela se levantou rapidamente e saiu dali quase correndo.

— Sobre o que falava com essa garota? — Hongseok perguntou retirando o braço dos ombros de Changgu.

— Nada demais... — ele murmurou e olhou a hora em seu relógio. — Está na hora de irmos para sala também. Vamos.

— Vamos!

Hongseok estava sorridente e parecia leve, mas Changgu apenas forçava um sorriso tentando não pensar no que havia exigido que Seunhye fizesse e por que ela parecia tão triste.
Ele iria descobrir.

The Black Hall - PENTAGONOnde histórias criam vida. Descubra agora