Capitulo 04 - Serios problemas.

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Com a minha ferida, não conseguirei levar peso ou seja: não conseguirei levar minha mala.
E isso é péssimo, tem coisas importantes lá!

Agacho até a mala e abro a mesma com dificuldade.
Procuro pelo meu ursinho, não posso perdê-lo, ele é a única coisa que tenho e sei sobre meu passado.

Com dificuldade, consigo achar e pego o mesmo.
Olho pra trás e vejo que a menina ainda tenta prender a mulher.

Deixo minha mala pra trás e levo comigo somente o ursinho.

Tento correr o máximo que consigo, não é tão rápido, mas se eu for esperta conseguirei pelo menos me esconder.

Vejo um ponto de ônibus e nele há duas pessoas esperando pelo ônibus.
Agora deve ser quase 5 da manhã, provavelmente terá um ônibus, eu espero.

Corro até o mesmo com dificuldade, quanto mais esforço eu faço, mais dor e sangue sinto e escorre pela minha blusa preta.
Consigo alcançar as pessoas que já olham pra mim com um olhar preocupado e assustado.

É um homem e uma mulher, provavelmente um casal.
O homem de cabelos brancos baixinho vem ao meu encontro.

- Ah meu Deus, você está bem? Calma, eu vou te ajudar eu sou médico, qual o seu nome?- ele pergunta.

- Euros.- falo com dificuldade e ele estanca a minha ferida com a mão.

Ele parece saber oque faz.

- Euros, você tem que ser forte agora, você foi atingida vitalmente e perdeu muito sangue,
só peço que tente ficar acordada.- ele fala.

Ficar acordada? Acho que não será possível.
Sinto meu corpo formigar e minhas vistas ficarem turvas.
A mulher que estava com ele apoia a minha cabeça em sua perna e tenta me manter acordada.

- Obrigado.- sussurro com dificuldade.

Apago.

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- Sherlock, eu não posso ir agora, estou com um paciente!- ouço a voz masculina de antes falar.

Abro os meus olhos e desperto sonolenta.
Tento me mexer mas uma pontada atinge a minha barriga esquerda.
Resmungo de dor e o homem nota que eu acordei.

Ele olha pra mim enquanto segura o celular no ouvido.

- Tenho que ir agora, até mais.- ele fala e desliga na cara da pessoa.

Observo o local que estou, provavelmente um hospital.

- Euros, você acordou, isso é muito bom! Como se sente? - ele pergunta.

- Com dor.- falo baixo mas ele consegue ouvir.

- Muito bem, você está em um hospital agora, você ficará algumas horas a mais aqui, até eu ver que pode receber alta.- ele fala.

- Você é médico?- pergunto uma pergunta óbvia.

Porque eu perguntei uma pergunta idiota dessa?
Ele da uma risada mas se recompõe.

- Desculpa, eu não me apresentei, eu sou o Dr.Watson.- ele fala estendendo sua mão.

Aperto a mesma.

- Você ficará em soro por algumas horas, perdeu muito sangue e precisa dele para seu corpo se fortalecer e ser capaz de curar.- ele fala e eu assinto com a cabeça.

- Dr.Watson os exames ficaram prontos.- uma enfermeira entra na sala e ele afirma com a cabeça.

- Daqui a pouco eu volto, espere aqui.- ele fala e sai juntamente com a enfermeira pela porta.

Droga, onde será que estou?
Se eles me acharem novamente, estou encrencada.
Preciso dar um jeito de denunciar eles assim estarei mais segura, vai saber do que mais aquela mulher é capaz!

Fecho os olhos e tento dormir.
O médico tem razão: Preciso descansar para que meu corpo possa curar sozinho.
Eu já estudei em livros primeiros socorros e esse é um fator importante.

Respiro fundo.
Ouço passos entrando na sala.

- Então você é o motivo pela qual ele não pode me atender? - uma voz masculina estranha fala.

Abro os olhos.
É um homem adulto, branco dos cabelos cacheados castanhos escuros, cujo olhos são verdes.
Ele veste uma roupa engraçada: um sobretudo com a gola alta até o pescoço.

Ele parece me analisar, como se estivesse me lendo.
Que estranho, sou eu que faço isso.
Faço o mesmo com ele.

O seu sobretudo está limpo mas está um pouco desgatado, oque mostra que ele usa muito, talvez ele seja pobre? Ou ele tem um valor sentimental com esse casaco e por isso não desfaz dele.
Consigo ver os seus olhos um pouco avermelhados, ele é um usuário de drogas ou está muito cansado.
Possivelmente, usuário de drogas por causa da dependência do Dr.Watson, talvez ele esteja tentando se curar?
Não parece tem um emprego por causa da má arrumação e por não ter nenhuma mania.
Não consigo mais nenhuma resposta.

Quem é ele? Sherlock.

Eu já ouvi esse nome em algum outro lugar, não só no telefone com o Dr.Watson mas em algum papel.
Talvez um jornal, mas ele não parece ser do tipo celebridade.

Me esforço um pouco mais e consigo lembrar:
Eu vi a foto dele num jornal em que o velhinho do Parque estava lendo.
Ele usava um chapéu engraçado e o mesmo sobretudo.
Qual era o título mesmo?
" O sagaz Sherlock Holmes soluciona mais um caso"
BINGO!
Era isso mesmo, então ele é um detetive? Trabalha pra polícia? Talvez ele possa me ajudar.

Volto a realidade e ele ainda parece me analisar, procurando respostas como eu.

- Você deve ser o "sagaz Sherlock Holmes".- falo, ele volta a realidade e olha pra mim curioso.

- Não acredite em tudo que os jornais dizem garotinha.- ele fala convencido.

Me preparo pra responder mas o Dr.Watson entra no quarto me interrompendo.

- Sherlock, por Deus! Oque faz aqui?- ele pergunta um pouco irritadiço.

- Não me interrompa Watson, isso não vem ao caso agora.- ele fala dando de ombros pro médico e volta a sua atenção em mim.

- Parece ter algo a me dizer: diga.- falo.

Ele olha pra mim curioso mas começa sua avaliação.

- Você não parece preocupada pela situação em que está, talvez já esteja acostumada a isso, mas não, não poderia ser, porque você tem um ursinho de pelúcia, sentimental demais..
Talvez seja um presente, mas quem é apegado a presentes?
Você não tem família, não sabe quem é sua família e a única coisa que lhe resta é um ursinho velho e sujo, você poderia ser sentimental por causa disso, mas não é.
Até porque levou uma facada na barriga mas leva isso como se fosse uma coisa normal mas porque seria? Quem é você?- ele fala e pergunta animado.

....

⭐️

Eu sou uma HolmesOnde histórias criam vida. Descubra agora