• Capítulo Trinta e Nove

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Peterson

Não consegui pregar meus olhos essa noite, me agarrei ao travesseiro de Kat, o cheiro gostoso dela ainda está aqui, resolvi me levantar e fazer a única coisa que vai me acalmar agora... Beber.
Phillipe e Nathália foram para sua lua de mel, Phillipe ofereceu ficar para ajudar mas eu não deixei, ele acabou de se casar e merece ser feliz.
Eu nem sei a quanto tempo estou aqui, sozinho, todos que vieram para o casamento já se foram, apenas Keila ainda está aqui, ela vai partir amanhã a tarde, não conversei com mais ninguém, fui direto para o meu quarto e me tranquei, minha mãe tentou falar comigo, mas eu voltei a ser grosso como sempre, voltei a ser o Peter sem a Kat...
- Priminho – Ouço Keila falar atrás de mim.
- O que você quer caralho? – Eu falo quando me viro para ela.
- Nossa, eu só vim aqui ver como você estava, já que a Kat foi embora...
Eu me levanto furioso com o que ela disse mas eu me controlo e a olho – Keila, eu não sei o que você pensa que está insinuando, mas não vai funcionar, então ou você vai embora, ou eu mesmo te coloco para fora, dessa casa agora mesmo – Eu falo um pouco mais alto do que eu queria.
- Eu só falei a verdade, não existem provas de que ela não foi por vontade própria, ela pode estar bem longe agora, com um outro homem – Ela fala.
Eu me aproximo mais dela meu ódio por ela acabou de me devastar por completo.
- Cala a sua boca sua vadiazinha de merda, você não tem o direito de falar assim da mulher que eu amo, da mãe da minha filha, você não pode – Eu grito.
- Espera, vocês?... Peter eu... – Ela parece arrependida.
- Sai daqui sua, sua... – Eu grito e jogo meu copo contra a parede – Só sai daqui por favor – eu falo quase em um sussurro e volto para o bar.
- Foi por ser quem você é que a Nathália te deixou, e agora... A Katrinne também foi embora, e pode ter certeza que a culpa é sua – Keila fala e eu ouço um estralar parecendo a um tapa.
- Você nunca mais fale assim da minha cunhada e mãe do meu sobrinho, está me ouvindo? – Ouço Hanna falar.
Me viro novamente e vejo Keila respirando fundo suas narinas estão dilatadas, seu rosto está levemente virado e ela está com a mão no rosto e Hanna com a expressão fechada. Keila não responde apenas sai em passos largos e pesados, Hanna se vira para mim ainda com a expressão séria.
- Quando pretendia me contar que eu serei tia? – Ela fala suavizando mais sua expressão.
- Eu descobri ontem, eu pedi a Kat para não contar a ninguém, eu queria que o dia fosse só de Phillipe, não queria atrapalhar – eu falo e meus olhos se enchem d’água de novo – e agora eu não tenho mais minhas meninas comigo – eu dou um sorrisinho ladino – Kat já deixou bem claro que o nosso feijãozinho é menina, ela disse que intuição de mãe nunca é falha.
- Ah meu irmão – Hanna fala e me abraça – Você ainda quer suas três menininhas?
- Você tá louca? Mas é nunca, depois de ver mamãe cuidando de você eu prefiro é ficar longe de três filhas mulheres – Eu falo e ela ri.
- Eu não dei tanto trabalho assim, eu só era um pouco rebelde, não me entendia, e Kat me ajudou muito com isso, em contar a vocês, em ser eu mesma, em poder falar para a pessoa que eu amo, que eu a amo, a Kat me ajudou muito a ter certeza do que eu quero, e ela também te ajudou, eu nunca te vi tão doce, prestativo, cauteloso, você foi um verdadeiro noivo para ela e será um perfeito pai e marido – Hanna fala sorrindo para mim.
- Ah, minha pequena Hanna, o que seria dessa família sem você em? – Eu falo apertando as bochechas dela.
- Eu acho que seria uma família completamente sem graça – ela brinca.
- Com certeza – Eu falo e ela sorri.
Hanna se sentou comigo no bar e me ajudou a beber, conversamos sobre muitas coisas, mas o assunto principal sempre voltava... Kat!
Depois de secar duas garrafas de vodka e acabar com uma caixa de cerveja eu já estava um pouco alterado. Hanna me ajudou chegar até o meu quarto e me colocou na cama. Eu não consegui dormir, fiquei me debatendo na cama vazia, até que o cansaço me pegou em cheio e o sono veio.

Katrinne

Os homens que me bateram voltaram ao quarto e colocaram um capuz na minha cabeça, se eu já não enxergava antes, agora muito menos, o corrimento de sangue não voltou, e eu estou com medo, eu não consigo mais parar de chorar, eu tenho certeza que ela se foi, eu já não tenho mais a única ligação com Peter em meu ventre, a dor que eu senti, eu tenho certeza que ela se foi...
Eu não consegui dormir e estou faminta de fome, ninguém mais voltou aqui, estou com frio, amarrada a uma corrente na beira da cama, meu braço está doendo, e Peter é a única coisa que vem a minha cabeça.
Ele vai me odiar quando descobrir que eu perdi o bebê dele, ele não vai mais querer me ver, ele vai me culpar, ele não vai entender que eu só queria me proteger, e a nossa pequena também... Ele não vai  aceitar ter perdido o seu segundo filho, não vai, e a culpa é minha... Eu não devia ter gritado.
Escuto os passarinhos começarem a cantar, uma pequena claridão está começando a se formar no capuz preto que eu estou usando.
O dia está amanhecendo, e eu só consegui dormir um pouco, meu corpo dói, minha cabeça dói, meu coração... Eu ainda não estou entendendo o que está acontecendo, e também não sei se a minha suspeita de aborto está concretizada, mas lembrar do rostinho de felicidade de Peter me faz chorar mais e entrar mais em desespero, eu não sei mais o que eu posso fazer, eu não posso sair daqui, não posso falar com alguém...
Eu estou completamente sozinha, posso morrer a qualquer momento sem nem poder me despedir da pessoa que eu amo, sem nem poder ao menos lhe dizer uma última vez que eu o amo...
- Me desculpa Peter... – Eu sussurro – Me desculpa por não poder ter sido uma boa mãe para nosso bebê, eu espero que se eu não sair daqui viva, e você possa ser muito feliz...

🌻 Namorada De Aluguel 🌻Onde histórias criam vida. Descubra agora