Prólogo

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Denise Page há um ano senhora Victor Hugo Torres Sandoval estava feliz. Mais do que feliz, ela estava eufórica. Tinha acabado de pegar o resultado dos exames com sua médica e mal podia esperar para chegar ao marido e contar para ele a novidade. Iam ter um bebê. Ela não conseguia tirar o sorriso do rosto, queria gritar sua felicidade para todos na rua e abraçar todas as crianças que via.

Não evitava, ao ver uma criança, imaginar como seria seu bebê. Menino ou menina? Parecida com ela ou com o marido? Herdaria seus olhos de íris castanho-esverdeados ou os olhos marrons incrivelmente escuros como os dele? Cabelos acobreados ondulados como ela ou castanho liso como dele? Seria mais influenciado por sua personalidade emotiva ou a paciência determinada dele? Ainda estava na sexta semana de gravidez, ia demorar meses até poder ver e acalentar nos braços o fruto de seu amor.

Como seria a reação de Victor ao saber? Eles eram filhos únicos de filhos únicos, nenhum dos dois tinha irmãos ou primos para poder dizer que vinham de família numerosa, quando namorava ele sempre sugeria desejar uma família grande com almoços nos fins de semana. Depois que eles se casaram ele nunca mais disse nada sobre isso, é claro, que casados as coisas seguiriam seu fluxo natural.

Saltou do elevador praticamente flutuando de tanto que saltitava, a empolgação tinha a excitado demais para que se contivesse. O andar do escritório estava praticamente vazio, já passava das oito horas da noite e o pessoal já devia estar chegando a suas casas, para suas famílias, exceto o marido que possivelmente estava relendo todo o trabalho feito durante o dia para certificar que estava tudo certo – ele era um tanto perfeccionista, pelo menos não levava mais trabalho para casa.

Franziu o cenho ao ver a bolsa de Gisele sobre a mesa dela, não era fã da secretária que tinha no rosto um permanente sorriso sarcástico cheio de uma superioridade que não possuía em realidade, peitos siliconados que fazia suas roupas parecerem uma fantasia tosca, pelo menos os cabelos loiros eram dela mesmo. Se a mulherzinha não fosse eficiente como já tinha descoberto que o era, teria feito questão que fosse demitida.

A antiga secretária tinha se aposentado cinco meses atrás e bem que ela desejava que conseguissem outra senhora com mais de cinquenta anos que tratasse Victor como menino e á quem ele respeitava tanto como pessoa quanto como profissional á ponto de perguntar a opinião dela na maioria das vezes antes de tomar uma decisão. Claro, que dessas senhoras supereficientes não se achavam com facilidade, em vez disso se achava as jovenzinhas que parecia querer viver seu clichê romântico onde o chefe se apaixona pela secretária e tal.

Mas era só coisa de sua cabeça, como o marido lhe disse quando teve uma pequena crise de ciúmes ao conhecer Gisele. Ele não tinha lhe jurado, no altar diante do padre e na presença de cem pessoas, amor, respeito e fidelidade? Confiava no marido e sua insegurança só servia para causar dor de cabeça, ele a amava, ele a respeitava e lhe era fiel. Não havia por que se atormentar com bobagens.

Pelo menos foi o que ela disse a si um segundo antes de abrir a porta do escritório e ver a pior coisa que existia, a única que podia estourar sua bolha de felicidade. Ali estava a pequena amostra de que promessas não eram para sempre. Gisele estava apoiada de barriga na mesa gemendo com doloroso prazer e Victor estava atrás dela apertando seu quadril enquanto socava o membro com força em sua intimidade.

Ele parou devagar quando a porta se abriu, a mente processando o fato do que estava acontecendo, seus olhos se encontraram e antes que ele reagisse á sua presença ela se virou correndo. O elevador estava subindo o que significava que ia demorar em descer, ela não queria estar ali por que ouviu Victor gritando algo que não compreendeu, ela correu para as escadas. O salto alto deslizando sobre o piso a fazendo tropeçar enquanto descia. Ela ouviu seu grito, ela sentiu a dor se estendendo por todo o corpo, ela sentiu a umidade morna junto com o cheiro peculiar se sangue, ela viu Victor Hugo na sua frente gritando algo que ela não ouvia.

Ela tentou avisar que não era para tocá-la, tentou informar que tinha que esperar os paramédicos, quis dizer que sentia muita dor sobre o ventre, abriu a boca para gritar que estava perdendo seu bebê. Mas tudo o que fez foi ofegar desesperada enquanto a vida se esvaia de si lentamente.

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