Capítulo 36

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Caminho pela casa com passos pesados, movida pela raiva que impulsiona no corpo.

Não sou mulher de ficar calada se algo me incomoda. Gosto de esclarecer as coisas de uma vez por todas. Não gosto do escuro. Não a verdadeira Emma.

Talvez a Cecília até goste, mas eu quero mesmo é que ela vá para o inferno.

Lorenzo precisa me explicar muitas coisas ou não vou conseguir ter paz.

O que aconteceu ontem? Por que ele mudou do nada hoje na piscina? E pelo amor de Deus, o que mudou na delegacia?

Ignoro as pessoas na sala quando entro nela e vou direto para o quarto dele.

Não o encontro por ali, mas vejo suas roupas sobre a poltrona. Coloco meus óculos escuros em cima delas e quando me aproximo do banheiro, ouço o chuveiro ligado.

A porta está entreaberta e eu a empurro, sem nenhuma elegância.

— Por que você faz isso? — vocifero.

Lorenzo, que estava de costas para mim embaixo do chuveiro, se vira e firma seus olhos nos meus.

— Defina o que seria exatamente isso, Emma? — ele pede calmamente. Não deixo de sentir o sarcasmo em sua voz. Se ele tentou disfarçar, mas falhou miseravelmente.

Respiro fundo e tento me acalmar. Tento também não olhar para o seu pau – maravilhoso – bem a minha frente. Mesmo não estando erguido com toda aquela sua imponência, ainda sim é impressionante.

— Você... uhn... falar aquilo sobre as coisas terem mudado e sair sem me explicar o que aconteceu. — digo desconcertada. A risada cínica que Lorenzo dá me diz que ele sabe o quanto me afeta e estou cansada disso. — Vou esperar você sair do banho para conversarmos.

Saio do banheiro sem esperar sua resposta e me sento na beirada da cama.

Se olhar nos olhos do Lorenzo já me tira o pensamento lógico, imagina conversar com ele enquanto está nu.

Em poucos minutos ele sai do banheiro com uma toalha preta enrolada ao redor da cintura.

— Eu vou te contar tudo que conversei com Vicenzo. — ele diz quando para há alguns passos de mim. — Me dê um minuto.

Assinto e ele entra em seu closet, demora poucos minutos e quando volta está com uma calça jeans preta, seu torso nu e uma blusa cinza escuro na mão.

— Por que você sempre se veste de preto? — pergunto tentando sanar uma curiosidade antiga.

— Eu gosto. — ele se senta na poltrona desocupada com a mesma posição prepotente de sempre e me encara. — É mais prático e... combina comigo. — seu sorriso forçado não me convence.

— Você diz com o seu humor. — concluo sua fala com sarcasmo.

— Talvez. — ele franze o cenho e ri sem emoção. — É o que todo mundo diz.

— E você gosta disso? — questiono. — De ser assim, fechado. Você gosta que as pessoas te comparem a escuridão?

— Nunca teve muitas coisas boas em mim, Emma. — ele ergue um canto dos lábios e balança a cabeça.

Como ele podia se ver assim?

— Eu não acho que seja assim. — sussurro olhando em seus olhos.

— E o que você acha? — ele ergue uma das sobrancelhas me desafiando e segura os braços da poltrona.

Bom, parece que o velho Lorenzo está de volta.

Nos teus olhos  - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora