Capítulo 50

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Foram 16 horas de voo entre o Fontonarossa na Sicília e JFK em Nova York. Normalmente eu já detesto voar, mas dessa vez a pressão negativa do avião foi cruel comigo. Cheguei em NY no início da manhã enjoada, dolorida e com uma dor de cabeça torturante.

— Srta. Davis? — ergo meus olhos ainda sentada na minha poltrona e vejo uma comissária de bordo se dirigindo a mim. Eu estou esperando, calmamente, que a multidão se disperse.

Afinal, só há uma saída. Nunca entendi por que todos se levantam juntos e ficam amontoados na porta de emergência se sabem que vão ter que esperar sair um por um do avião.

— Sim? — a atendo confusa.

— Vou acompanhá-la até a polícia federal. — ela sorri e eu me levanto. Pego minha mala de mão no compartimento acima de nós e minha bolsa em cima da poltrona ao lado.

Quando saímos do avião e entramos no túnel eu vejo dois homens de terno, parados no final dele. Meu coração logo acelera de medo e eu preciso me controlar, pensando repetidas vezes que eu estou na América agora e estou segura.

De alguma forma, sem a proteção do Lorenzo e tudo que ele me oferecia eu me sinto completamente exposta. Seu amor, seu calor quando os seus braços me envolviam, tudo nele me ofertava paz e segurança.

Agora eu não tenho mais nada disso.

Ergo meu queixo para não parecer intimidada e continuo caminhando em direção a saída do túnel, junto com a comissária em meu encalço.

Ela me guia com a mão nas minhas costas, mas sem me tocar. Quando nos aproximamos perto o suficiente dos homens ela se despede e sorri para mim mais uma vez. A agradeço e volto minha atenção aos homens a minha frente.

— Bem-vinda de volta, Srta. Davis. — um deles diz e sorri suavemente.

Eu sorrio para o homem mais velho a minha frente. Com certeza ele já tem mais de 40 anos, mas ainda assim extremamente bonito e atraente. Boca grande, pele branca e cabelos grisalhos. O homem ao seu lado é mais jovem que ele, negro, alto e com os cabelos raspados. Seus olhos lembram a cor do caramelo e duas covinhas marcam suas bochechas quando ele sorri.

— Meu nome é Peter Smith. — a rapaz mais novo se apresenta. — E esse é Andrew Ryder. Somos agentes do FBI e vamos protegê-la enquanto estiver nos EUA.

— É um prazer conhecer vocês. — os cumprimento com um aperto de mão e Peter me surpreende quando toma a mala da minha outra mão e a puxa, começando a caminhar para sair do túnel. Eu o sigo, com Andrew bem do meu lado.

Me sinto tão aliviada em tê-los comigo que chego a suspirar.

— Ficamos sabendo que teve fortes emoções na Itália, Srta. Davis. — Peter fala com um tom divertido.

— Emma, por favor. — peço e torço os lábios. — E vocês não fazem ideia do quanto.

— Está segura agora, Emma. — ergo um pouco o meu rosto para olhar para Andrew ao meu lado e assinto. Devolvo o sorriso que ele dá e paramos quando chegamos a esteira, para pegar minha mala.

Minha única mala grande não demora muito a aparecer e logo Andrew a pega e a coloca no carrinho de bagagens.

Eles me explicam que nós precisamos passar no delegado da polícia federal antes de deixarmos o aeroporto e eu me arrasto até o local com eles.

Tudo o que eu penso é em tomar um bom banho de banheira e me jogar na minha cama.

Na delegacia dentro do aeroporto não demoramos muito. O delegado me explicou que Peter e Andrew morariam por um tempo no meu prédio, no meu corredor para ser mais específica, e que meu apartamento agora é ocupado por escutas e câmeras, monitorando cada passo que eu dou. Me comunicou que tenho que evitar ao máximo transitar em NY. Basicamente é do trabalho para casa, de casa para o trabalho. Eu não me importei, sem Reese por aqui eu realmente não tenho nada de interessante para fazer na rua.

Nos teus olhos  - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora