Capítulo 15

689 70 17
                                    

Acordo no dia seguinte com o latejar da minha cabeça e sinto minhas têmporas pulsarem quando abro meus olhos. Encaixo uma das mãos no meu rosto, com o indicador e o polegar as massageio.

Estou deitada de lado, virada para a sacada do quarto, mas reconheço que não é o quarto da Reese.

Acredito que ela deva ter dormido com alguém e vim parar sozinha no meu quarto. Como eu não sei.

Fecho meus olhos quando a claridade se torna insuportável e puxo na minha memória a noite de ontem.

Lembro de tudo o que aconteceu no clube, até a hora que eu me atirei em um italiano maravilhoso para provocar o Lorenzo.

Ainda sinto a fúria dele e seu olhar duro para cima de mim. Se eu tenho certeza de uma coisa sobre a noite passada foi que eu consegui atormentá-lo.

Depois disso não lembro mais de nada.

Engulo seco porque minha boca está seca como o inferno, principalmente pelo desejo crescente por esse homem misterioso. Meu estômago está embrulhado e minha boca com um gosto amargo.

Lembro do toque dos seus dedos na minha pele, da sua voz rouca sussurrando meu nome, do seu lábio convidativo sendo esfregado rudemente pelo seu polegar... da sua respiração falha quando me aproximei e sussurrei contra a pele do seu pescoço.

Esse homem me enlouqueceria sem ao mesmo me tocar.

Gemo de frustração e coloco uma mão entre as pernas, por cima do lençol, apenas para acalmar um outro lugar que agora também pulsa.

— Como está se sentindo? — ouço sua voz rouca ecoar pelo quarto e me sento no colchão em um único movimento, como se fosse um reflexo.

— O que está fazendo aqui? — pergunto desesperada olhando para o outro lado da cama e ignoro a dor lacerante na minha cabeça.

Lorenzo está sentado na poltrona do meu quarto. Ainda usa as mesmas roupas de ontem, mas seus cabelos se desprenderam do gel e estão desgrenhados. Sua postura é a mesma de sempre, acho que ele gosta de se mostrar imponente. Pernas discretamente afastadas e seus braços descansados nos braços da poltrona marfim. Como se fosse o rei do meu quarto de hotel.

Reparo nas tatuagens no dorso nas suas mãos, mas de onde eu estou não consigo ver o que é.

— Não deveria acreditar em todo mundo que vê. — ele diz preguiçosamente, parece entediado. Como se explicasse algo a uma criança. — Tem muita gente perigosa na Sicília, Emma.

Abaixo os meus olhos e percebo que meus seios estão expostos. Puxo o lençol com força, enganchando meus dedos nele e cobrindo meu corpo do pescoço para baixo.

— Maria que tirou seu vestido, estava sujo de vômito. — se explica rápido.

Olho para ele e vejo que ele tem a mesma expressão de sempre. Olhos escuros e frios, distantes. Sua feição lembra uma carranca, testa vincada e lábios ligeiramente curvados para baixo. Não consigo entender como alguém tão bonito e atraente pode estar sempre com esse olhar vazio.

— O que faz aqui? — pergunto de novo e me lamento internamente, porque se tivéssemos transado eu gostaria ao menos de lembrar como foi.

— Trouxe você em segurança. — responde presunçoso.

— Em segurança? — pergunto, confusa.

— Você foi drogada ontem à noite, Emma. — sua feição endurece ainda mais Como se fosse possível. — O homem que você conheceu no bar...

Ele não diz mais nada. Seu maxilar trava e ele inspira profundamente, parece ponderar se deve me falar ou não sobre Franco. Suas mãos agarraram o braço da poltrona com tanta força que chega perder a cor.

Nos teus olhos  - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora