Capítulo 38

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- Lorenzo narrando:

Eu não queria ter dito isso a ela. Na verdade, queria, mas não desse jeito. Não depois do sexo, enquanto estávamos extasiados e eu ainda estava enterrado dentro dela.

Sou estúpido o suficiente para não ter segurado a minha maldita boca.

Você disse que a ama, ela não pode te odiar por isso. Minha mente grita.

Não pode me odiar, mas pode fugir, pode me ignorar. Corro o risco de nunca mais vê-la.

Quando eu era adolescente e me apaixonei pela primeira vez, minha mãe me disse que, ao contrário do que as pessoas pensam, o oposto do amor não é o ódio e sim a indiferença. Ela me disse isso porque, na ocasião, o meu primeiro amor não estava nem aí para mim. Sofri por uns dias quando ela me ignorou completamente, mas depois me apaixonei por outra pessoa. Eu tinha 15 anos e nunca vou me esquecer do desprezo que aquela garota me deu.

Se Emma fizer isso comigo eu não serei capaz de aguentar.

Saio da cama, pego minha calça no chão e a visto. Penso por um segundo em bater na porta do banheiro, mas acredito que ela deve querer ficar sozinha. Não quero apavorá-la ainda mais ou lhe dar mais motivos para querer fugir de mim. Decido deixar o quarto, mas antes de sair eu pego meu maço de cigarros e meu celular.

Dou uma passada no banheiro social para me recompor e percorro o longo corredor até entrar no meu escritório.

Preciso conversar com alguém ou essa sensação vai me sufocar. Estou tão apavorado quanto a Emma, nunca pensei que esse sentimento fosse real. Nunca acreditei que um dia eu sentiria isso por uma mulher. Um sentimento que eu só tive acesso enquanto via meu pai e minha mãe. Foi o mais próximo do amor que eu cheguei em toda a minha vida.

Acendo um cigarro e ligo para Mattia.

Lorenzo? — seu tom de voz é baixo e preocupado. Já passa da meia noite, provavelmente ele estava dormindo. – Está tudo bem?

— Está tudo bem, Mattia. Me desculpa te acordar. — digo triste e dou um trago no meu cigarro. Me sento na poltrona preta atrás da grande mesa de mogno e coloco minhas pernas sobre ela. — Podemos conversar por um minuto? — ouço a voz da Reese ao fundo perguntando se Emma está bem. — Emma está bem, eu acho. Ela está no banho.

O que houve? — ele pergunta aflito.

— Eu disse a ela que a amo e ela fugiu de mim. Não deveria ter dito, mas simplesmente saiu. Não consegui segurar. — meu tom de voz soa doloroso demais, até para mim.

Como assim fugiu? Onde ela está, Lorenzo? — seu tom se eleva um pouco.

— Calma, Mattia. Ela se trancou no banheiro tem alguns minutos, ainda não saiu de lá. — o tranquilizo.

 Calma, Reese. Não... eu... basta... — Mattia gagueja.

— Mattia?

Lorenzo, sou eu. – Reese fala ao telefone. – Desculpa, mas eu ouvi tudo. Estava no viva-voz.

— Tudo bem, Reese. Talvez você possa me ajudar mais do que o Mattia. — sorrio de nervosismo. — Não sei o que fazer, acho que estraguei tudo.

Calma, tudo bem? — assinto mesmo que ela não possa me ver. — Emma nunca teve um relacionamento sério, estável. Ela fugiria se ouvisse isso de qualquer homem, o problema não é você.

— Ela nunca teve alguém? — pergunto pasmo.

Como uma mulher maravilhosa como a Emma nunca teve ninguém?

Nos teus olhos  - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora