Capítulo 42

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- Lorenzo narrando.

Tive um sonho muito, muito real com a Emma. Sonho não, pesadelo. A imagem dela pendurada por uma corda na sala de casa não sai da minha cabeça. Um filho, ela carregava um filho nosso. Un bambino.

Acordo engasgado, o grito de dor ecoa pelo quarto... seu nome foi a primeira coisa que deixou meus lábios quando acordei desesperado.

A procurei pela cama, assim como fiz no sonho, e não a achei.

Chamo seu nome de novo, várias e várias vezes, até começar a acreditar que talvez eu não tenha sonhado. Eu não posso acreditar que aquilo era real.

— Chefe? — a voz do Guido me desperta de um transe causado pela dor. A imagem da Emma enforcada some da minha mente e eu olho para a porta do quarto. — Aconteceu alguma coisa? — seus olhos esbugalhados indicam o quanto ele está alarmado, talvez até assustado.

— Onde está a Emma? — pergunto aflito saindo da cama.

— Está na cozinha. — ele me responde e passo por ele, caminhando para fora do quarto.

A chamo de novo. Minha voz está estridente, eu não ligo. Estou chorando como um idiota, mas a sensação de perder tudo que você tem é fodida demais, eu não me importo que me vejam tão vulnerável assim.

— Emma?! — a grito e no mesmo momento termino de correr pelo corredor.

A vejo parada na sala, como um bichinho acuado. Assustada e confusa. Eu a assustei.

Seus braços que estão cruzados na frente do corpo se soltam assim que me jogo sobre ela, a apertando em meus braços.

Se eu achava que tinha chorado antes estava redondamente enganado. Assim que sinto Emma em meus braços começo a chorar descontroladamente. Nunca chorei assim antes.

Seu calor me conforta. Seu corpo, tão pequeno, se encaixa no meu como se fosse feito para isso. Inspiro profundamente absorvendo o cheiro da sua pele, dos seus cabelos e um soluço escapa da minha garganta.

— O que houve? — ela pergunta assustada. Eu não respondo, não quero olhar para ela agora. Tenho medo de ser mais um sonho e ela sumir quando nosso olhar se encontrar. — Guido, o que houve?

Meu rosto está mergulhado em seu pescoço. Consigo sentir seu coração batendo no mesmo descompasso que eu meu, contra o meu peito.

Guido murmura alguma coisa que eu não entendo e Emma me chama de novo. Ignoro seu chamado e mantenho meus braços ao redor dela.

Ela é como um sonho bom. Daqueles que te faz acordar com um puta sorriso no rosto e te faz correr atrás de uma vida boa, só para poder dar tudo a ela. Eu daria o céu para ela, daria o que ela quisesse de mim, tudo para não ter que sentir essa sensação idiota de perdê-la de novo.

— Você está me assustando, Lorenzo. — ela sussurra amedrontada.

Per Dio... - murmuro. — Você está aqui. — sorrio mesmo que ela não me veja e inspiro seu cheiro mais uma vez.

Emma se afasta de mim e segura meu rosto com as suas mãos pequenas e delicadas. Seus dedos finos e macios roçam na minha barba e eu fecho os olhos, seu toque causa uma sensação boa para caralho.

— Você teve um pesadelo, é isso? — sua voz soa doce, quase maternal. Eu assinto e a encaro. Sua expressão de confusão me causa culpa, não gosto de provocar nela nenhum sentimento ruim. — Está tudo bem, foi só um sonho. Eu estou aqui.

Ela me puxa pelo pescoço e me abraça. A sensação de estar em casa me preenche. Meu coração é tomado por um sentimento tão bom que não consigo nem descrevê-lo no momento.

— Está tudo bem. Eu estou aqui. — seu carinho no meu cabelo vai me acalmando aos poucos, até as batidas do meu coração voltarem para a normalidade. A pego no colo e a levo para o nosso quarto.

Nos teus olhos  - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora