Nos teus olhos - Livro 1.

Capítulo 19

- Lorenzo narrando:

A pior coisa que eu fiz foi ter voltado em Cefalú atrás da Emma. Eu estava de serviço naquele domingo, voltei a Cefalú no meio do expediente, só para ver se ela estava bem.

Maldita hora que o Francesco tentou me matar no porto porque foi lá que, de uma forma sque eu não consigo entender, a Emma entrou na minha vida. 

Esse bastardo percebeu a importância da Emma para mim no minuto que a livrei dos seus braços. No instante que eu apontei a arma na direção da sua cabeça para resgatar, até então, uma completa estranha, para nós dois.

Isso tudo virou um jogo para ele, tenho certeza. Um jogo sórdido onde o seu principal objetivo é me ferir, me atingir. Me matar.

Eu vi em seus olhos, no estacionamento do clube, que ele vai usar a Emma para me atingir, eu sei disso, e ela é tão teimosa que não acredita quando eu digo que deve se afastar dele.

Francesco é capaz das piores atrocidades. Tenho certeza de que já tentou contra a vida do próprio tio, mesmo Giacomo acreditando que seu querido sobrinho nunca seria capaz de tamanha audácia. Fazer alguma coisa contra a Emma não seria nada para ele, pelo contrário, seria uma espécie de diversão sádica e nojenta.

Por isso assim que ela entrou no banheiro naquele domingo à noite, no meu hotel, eu fui embora sem falar nada.

Quanto mais próximo de mim Emma estiver, mas ela estará em perigo. Se for preciso me afastar para mantê-la em segurança, eu me afastarei.

Não que isso vá ser uma tarefa fácil. Encontrá-la e descobrir aquela boca atrevida me fez pensar ainda mais nela. A imagem do seu corpo nu está gravada em mim como uma maldita tatuagem.

Ainda sinto o cheiro do seu perfume, do seu cabelo. Ainda sinto seu gosto em meus lábios e a sensação dos seus fios de cabelos enroscados nos meus dedos.

A mulher é luxúria e fogo puro. Um fogo que me queimava lentamente e o qual eu não estou disposto a lutar contra. Daqueles que quando se alastra não tem mais como escapar. Ele vai te consumir por inteiro, até não sobrar mais nada.

Quando seus lábios encostaram nos meus pela primeira vez eu tive a certeza de que nunca mais eu seria o mesmo. 

Emma tem razão. Eu não consigo mais viver desde que a encontrei. Descobri cada passo seu na Sicília, como um maldito perseguidor. Sei o endereço da sua mãe em Gangi, o hotel que ela ficará hospedada na noite de hoje na Catania e até onde ela se hospedará em Castellammare daqui há 2 dias.

Sei tudo sobre ela. Endereço em Nova Iorque, que ela tem uma revista feminina e o maldito nome de cada funcionário dela.

Sei que o seu pai a abandonou quando se separou da sua mãe e que seu sorvete preferido é de Pistache.

Minha cabeça já não é a mesma desde Cefalú e a razão é Emma.

Minha missão virou protegê-la enquanto ela estiver na Sicília e aí chegamos em outro ponto crucial e doloroso, daqui há alguns dias ela irá embora e eu, sinceramente, não sei o que fazer sobre isso.

Eu estava enlouquecendo e ela era a razão.

— Está tudo bem aí? — Mattia está parado no batente da minha porta. Assinto e dou um trago no meu cigarro.

Estou tão mergulhado nos meus pensamentos que não percebo que o acendi há alguns minutos, ele já queimou quase todo e eu nem fumei.

— Ainda pensando na Emma? — ele entra sem ser convidado e se senta na cadeira a frente da minha mesa.

— E tem como não pensar? — pego outro cigarro no maço e o acendo no que acabou. — Sabe onde Emma estará hoje e tudo o que vai acontecer.

Temos informações seguras que a Cosa Nostra tem um encontro com um procurador da justiça hoje à noite. Encontro esse marcado pelo próprio Giacomo, segundo informações da nossa fonte dentro da vila.