Capítulo 22

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- Lorenzo narrando:

Estou com a equipe tática procurando os soldados da máfia quando Mattia me liga. Percorremos cada maldito beco, cada maldita viela e não achamos nada. Nem uma movimentação suspeita. Nada.

— Mattia? — o atendo.

 Lorenzo, já aconteceu. — sua voz alta e urgente anuncia. — O procurador está morto.

Chuto o pneu do carro sem me importar se vai machucar meu pé e xingo todas as imprecações que eu conheço.

Giacomo e Francesco venceram de novo. A cada nova operação eu me sinto cada vez mais fracassado.

Malditos sejam!

O procurador está morto e Emma desaparecida, desde que fugiu de mim no terraço da pequena praça. Não sei onde ela está e não sei por que saiu correndo, tentei de todas as formas alcançá-la enquanto chamava por ela, mas os becos da Catania são como labirintos amaldiçoados, parecem engolir as pessoas que se perdem neles.

Tiro o telefone do ouvido e me dirijo aos meus homens.

— O serviço já foi feito. — anuncio chamando a atenção de todos. — Vasculhem a área atrás de vestígios do crime ou de algum soldado. — ordeno. — Se pudermos pelo menos levar o corpo para a família...

Eles assentem e se mexem para fazer uma varredura pelos becos ao redor da praça.

— Lorenzo? — Mattia me chama ao telefone assim que aproximo o aparelho do meu ouvido. Eu conheço esse seu tom, alguma coisa deu errado e ele precisa me dizer.

— O que houve, Mattia? — grito alarmado. — Onde estão as garotas?

Seguro o meu cabelo e o empurro para trás, tentando fazer os fios que caem na minha testa ficarem no lugar.

— É a Emma... — não espero ele terminar.

Não sei se ela está morta ou se está ferida, só sei que preciso ir até onde ela está.

— Marco, você está no comando até eu voltar. — grito para um dos meus policiais, encaixo minha arma no coldre preso ao meu peito e corro o mais rápido que eu posso.

Volto com o telefone para o ouvido e chamo por Mattia.

— Onde vocês estão? — pergunto ofegante.

— Na praça, vou levá-las para o hotel. — ele diz.

— Não saia daí até eu chegar. — ordeno e desligo a ligação. Corro muito, ainda mais. Tento desviar das pessoas que passam por mim, mas nem sempre consigo.

Entre meus pedidos de desculpas e algumas ameaças que eu recebo, chego em poucos minutos na praça.

Avisto uma aglomeração e corro até lá.

— O que houve? — pergunto a Mattia assim que chego até eles e vejo Emma desfalecida em seus braços. — Cazzo, ela está ferida?

Pego ela em meus braços e meu coração encolhe no peito. Ela parece tão sem vida.

— Porra, Mattia! O que houve? — esbravejo.

— Vamos para o hotel, Lorenzo. — sua feição é dura, seu maxilar está travado. A garota ao seu lado chora baixinho quando ele passa um dos seus braços pelos seus ombros e a empurra suavemente para que ela comece a caminhar.

— Está tudo bem, pessoal. Voltem a curtir a festa. — Mattia gesticula para a pequena aglomeração e saímos da praça.

Mattia dirige sem pressa. Emma está desacordada e ainda não sei o porquê. Quero acreditar com todas as minhas forças que ela bebeu demais e por isso desmaiou, tento afastar o pior da minha mente.

Nos teus olhos  - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora