Capítulo 26

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Sinto os olhos desconfiados sobre mim e isso me incomoda. Eu tenho certeza do que eu vi, droga! Não estou ficando louca!

— Vocês precisam acreditar em mim. — me levanto com ímpeto e encaro Vicenzo, que ainda está de pé.

— Nós acreditamos, Srta. Davis. — ele assente como se reafirmasse o que havia dito e olha para o Lorenzo. — Leve a Srta. Davis até a sua sala, certifique-se que ela esteja confortável. — ele dá a volta na mesa e para ao meu lado. — Obrigada pelo seu depoimento, foi muito importante para esse caso.

— Posso ir agora? — pergunto olhando em seus olhos.

— Creio que não poderá ir tão cedo, Srta. Davis. — arregalo os meus olhos sem entender sobre o que ele fala e sua mão dá tapinhas suaves em meu ombro. — Em poucos minutos decidiremos o que fazer.

Fico parada no meio da sala sem saber o que fazer. O que ele quis dizer com "tão cedo"? Algumas horas, mais uns dois dias? Um a um eu vejo os homens deixarem a sala, até sobrar somente eu, Lorenzo e Mattia.

— Preciso ligar para minha mãe. — aviso e Mattia me encara com os olhos tristes.

— Reese já disse a ela o necessário. — ele diz simplesmente.

— Como assim o necessário? — digo exasperada. — Ela deve estar preocupada comigo, sabe que minha diária no hotel já acabou. — olho para o Lorenzo e ele me encara. — Eu deveria estar chegando em casa a essa hora. — nenhum dos dois me responde. Ninguém fala absolutamente nada. — Foda-se! Eu vou embora!

Quando passo pelo Lorenzo, ainda que a uma distância significativa dele, seus braços me seguram e em segundos estou sentada em um sofá de couro marrom que tinha no canto da sala.

Ele apoia seu joelho no sofá, entre as minhas pernas, e se inclina sobre mim, me imobilizando completamente.

— Você não está em uma posição boa para escolher, Emma. — sua voz denota toda a sua raiva e eu ergo o meu queixo, mostrando que ele não me assusta mais. — Olha onde a sua desobediência a levou.

— Me solta, Lorenzo. — rosno para ele.

— Se você sair por aquela porta em poucos minutos estará morta. — não foi uma ameaça, ele só quis me lembrar que algo ou alguém está atrás de mim. — Ou talvez alguém que você ama.

Suas palavras funcionam como um calmante ou como um soco no meu estômago, ambos imobilizariam alguém.

Lembro da minha mãe e de tudo que ela conquistou para ter uma vida confortável na Sicília. Quando fecho os meus olhos tenho flashes dela na praia, seus cabelos castanhos esvoaçando com o vento. Seus pés descalços na areia e o sorriso bobo de criança em seus lábios, por simplesmente adorar o sol.

Reese, minha melhor amiga, tão jovem e uma mente brilhante. Tanta coisa pela frente... uma vida inteira para viver.

Meu semblante suaviza e meu corpo relaxa porque não tenho para onde correr. Não posso mais lutar contra isso, não se trata só de mim. As pessoas que eu amo estão envolvidas e eu prefiro morrer a vê-las machucadas.

Não tenho escolha, então decido ceder.

— Me solta, por favor. — peço mais calma, sem olhar em seus olhos. — Eu não vou fugir.

Lorenzo ajeita sua postura e tira seu corpo, que pairava sobre o meu, do sofá.

— É a atitude mais sensata a se tomar, Emma. — Mattia aponta. — Não será fácil para ninguém, mas se você colaborar conseguiremos proteger todas vocês. — eu assinto com tristeza.

Nos teus olhos  - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora