[3] A Rua da Fiação

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Sete dias até a areia da ampulheta do Vira-Tempo cair

A aparatação estava se tornando algo fácil para Erina, e não imaginava que até naquele tempo poderia se locomover tão rapidamente. Seguindo seus instintos, focou-se em chegar até a cidade de Cokeworth moradia de Severo Snape em sua época de estudante. Na visão, Erina havia imaginado uma casa pobre em meio a uma periferia, mas não imaginava que seria para tanto. Estava às margens de um rio fétido com vários detritos boiando sob a água com uma enorme passagem de esgoto jorrando uma espuma leitosa que parecia estar coberta com garrafas de plástico, pedaços de pneus e sujeiras vindas de fábricas. Por falar em fábrica, tinha uma enorme com várias chaminés expelindo gases venenosos e poluentes para a atmosfera. Até mesmo a vegetação do local era horrenda e suja com árvores que pareciam estar contaminadas de poeira pela cor verde musgo meio acinzentada.

— Que horror. — disse Erina — Então... é nesse lugar que o Sevinho morou?

Erina subiu um barranco de lama, chegando a uma estrada próximo a uma ponte que dava acesso a grande fábrica e viu de longe a mesma mulher de cabelos negros e seu filho se aproximando da última casa da rua próxima do barranco. Erina olhou perto da ponte e viu uma placa bem desgastada e crescendo heras escrita "Rua da Fiação". Este nome não lhe era estranho... já ouvira a senhora Snape mencioná-lo uma vez dentre tantas brigas que tinha com Snape sobre a "tal casa amaldiçoada pelo Tobias" que ele insistia em querer passar as férias. Agora a garota sabia o motivo que a senhora Snape sempre brigava. Aquele lugar era um lixo.

Para não ser vista pelos dois, Erina se transfigurou em gato e caminhou lentamente até a entrada da casa. A Eileen mais jovem olhou para ela, mas não deu atenção, achando que seria mais um gato de rua qualquer, e abriu a porta de madeira desgastada que rangeu com o movimento. Já o jovem Snape encarou o gatinho com desconfiança.

— Você...

— Severo, entre logo. — gritou sua mãe dos fundos da casa.

Mesmo desconfiado, Severo entrou e Erina o seguiu antes que a porta fosse fechada, e se escondeu atrás da mesa de carvalho onde acontecia as refeições. O hall era o mesmo que viu na Penseira: paredes emboloradas, madeira rangendo, móveis rasgados e sujos de poeira, uma gigantesca estante de livros que dobrava o cômodo e escadas para o segundo andar. Ao lado esquerdo, próximo das escadas estava a cozinha.

Erina ficou bem escondida, mas ainda sentia que Severo sabia que estava lá. Desde tão jovem já era poderoso assim. Que orgulho do meu Sevinho. Porém, mesmo admirando suas habilidades já desde novo, ela tinha que fechar sua mente para não revelar seu disfarce de animaga.

— Severo, conte o que aconteceu a sua mãe. — Eileen voltava da cozinha com dois copos em uma bandeja que parecia ser chocolate quente — Não esconda nada de mim. Tome. — ele aceitou, pegando uma das canecas, e mesmo assim, Erina sentia estar sendo observada.

Por algum motivo, Severo se recusava a se sentar naquela poltrona que Erina viu o tal Tobias Snape abusar de Eileen nas lembranças da Penseira. Talvez lhe traziam péssimas memórias desde o episódio do estupro. Severo foi então até a mesa do jantar e pegou uma cadeira, colocando de frente para a mãe.

— O Potter... me humilhou na frente da Lílian, e eu... acabei sem querer a chamando de sangue-ruim. — o rosto de Eileen mudou drasticamente como se tivesse ficado extremamente ofendida com as palavras do garoto — Eu sei, mãe... fiz errado, mas é que naquela hora acabei ficando nervoso... eu quero pedir desculpas, só que não sei como agir...

— E o que aquele garoto te fez, Severo?

— Já te falei, mãe. Ele me deixou pelado na frente de todo mundo...

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