[26] A Canção Sonserina

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Faltava um dia para o seu aniversário de dezoito anos, mas Erina não estava se sentindo feliz, pelo contrário. Estava tão triste e amargurada que se pudesse ficar chorando entre os cantos da sala comunal assim faria. Se sentia abandonada de alguma forma, que a presença dela em Hogwarts desagradou seu amado, tanto que eles não se encontraram mais escondidos na Torre de Astronomia em nenhum dia daquele ano letivo, e ele estava a evitando o máximo que conseguia. A única coisa que conseguiu fazer foi entrar escondida nas masmorras na noite do dia anterior e ir até a sala onde ficava o Espelho de Ojesed. Fazia muito tempo que não verificava como estava seus sentimentos perante ao espelho que já enlouqueceu homens e mulheres ao longo de sua história.

A imagem que via era a mesma de três anos atrás: ela mais velha usando um vestido de seda azul, sentada em uma cadeira ao meio com Greta deitada em seu colo. Atrás, ao lado direito sua mãe e no esquerdo o homem de rosto borrado que segurava um bebê coberto por um manto rosa. Naquela época, o rosto estava borrado devido aos sentimentos estarem confusos, mas agora era nítido que se tratava de Snape, e seu rosto era bem definido. Erina ficou quase uma hora sentada perto do espelho, contemplando essa imagem, desejando que um dia aquilo fosse real. Ela casada e tendo muitos filhos com ele.

— Senhorita Thompson... ah está aí... — Erina olhou por um momento e o professor Dumbledore se aproximava, com a tipoia enrolada no braço, um mês e alguns dias depois daquele acidente da nova temporada do Clube de Duelos — Estava lhe procurando e pensei que lhe encontraria aqui.

— O senhor está bem, professor? O braço quebrado está atrapalhando muito?

— Um pouquinho, principalmente na hora de tomar banho, mas isso não é o importante. Você... conhece este espelho?

— Conheço. O Espelho de Ojesed reflete o que você mais deseja no interior, tanto que ele enlouqueceu muitas pessoas ao longo da história porque elas não queriam deixar de ver aquela imagem... — Erina voltou a olhar para o espelho, ainda mais triste — ... e é isso que vai acontecer comigo. Sei que... o que está refletido aqui, nunca vai acontecer. Por minha culpa.

— E o que vê nele?

— Eu mais velha, minha mãe e o professor Snape, segurando um bebê, nosso filho. Q-queria poder muito desejar que essa imagem fosse real... e-eu... quero me casar, ter filhos, ser amada por uma pessoa que goste de mim, e quando eu encontro o que acontece? Estes malditos poderes me enlouquecem e fazem-me ter atitudes ridículas, maldosas, que não coincidem com a sabedoria de onde pertenço. Se talvez, eu morresse, ninguém iria sentir minha falta e o professor Snape poderia ser feliz com alguém melhor do que eu, tipo a Josi Pendleton. Ela é bonita, da Sonserina e sangue-puro.

— Não acha que está exagerando? — Dumbledore se aproximou dela, e com uma certa dificuldade por causa do braço, se sentou ao seu lado e também começou a encarar o espelho — O Espelho... está lhe fazendo ter pensamentos ruins, Erina. Se está triste porque Severo a ignora, aqui não foi um bom lugar para tentar afagar as lágrimas de decepção. Sabe o que eu vejo nele? Um par de meias. Estou segurando um lindo e grande par de meias. — Erina deu um sorriso para o diretor.

— Não é um par de meias... — Dumbledore acenou com um sorriso — Então o que é?

— Uma pessoa... do meu passado... que eu amava...

— S-sério? O senhor... amava o Grindelwald?

— O amor é estranho, não é? Você se apaixona por aquele que é menos improvável na sua vida. Quando foi que você pensou que um dia, se apaixonaria pelo seu professor de poções? Foi assim comigo e ele...

— Deve ter doído demais para o senhor ter lutado contra ele e depois ter prendido...

— Dói até hoje, acredite. O que quero dizer com isso... é que apesar das dificuldades, nunca se deve desistir de alguém, a não ser que seja impossível como foi no meu caso, mas não quer dizer que você e Severo será também. — mesmo assim, Erina abaixou a cabeça — Ele... me contou sobre o tal bruxo das trevas que está atrás da senhorita.

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