[15] Soneto das Estrelas

184 20 82
                                        

1

Erina Thompson acordou naquela manhã cheia de criatividade. Fazia muito tempo que não dormia tão bem, e completamente alegre. Nos últimos dias devido a decepções e tristezas recentes, mal conseguia se concentrar em alguma coisa. Queria tanto encontrar Snape, conversar com seus amigos no café da manhã e principalmente: criar algo novo. Um feitiço, quem sabe? Poderia chegar na sala de DCAT rapidinho com sua aparatação e pedir uma autorização para pegar um livro da Seção Restrita (até sabia qual, de cabeça) e criar o feitiço que tinha em mente.

Suas colegas de dormitório estavam acordando aos poucos. Eram sete e meia da manhã. Erina se levantou da cama, fez carinho em Greta que estava dormindo tranquilamente em um cesto improvisado cheio de cobertas para esquentá-la do frio intenso. A garota olhou pela janela do dormitório e fazia um lindo dia. Hogwarts amanheceu radiante. Parece que tudo havia se esquecido, todas as mágoas, as tristezas. Tudo estava bem de novo.

Rapidamente foi ao banheiro escovar os dentes e fazer sua higiene matinal — e claro, nem tudo era tão perfeito: as dores que estava sentindo abaixo do ventre antes de acordar, providas de uma menstruação de fluxo intenso que sujou até mesmo parte da sua camisola. Ever Molin tinha acabado de acordar, com o rosto completamente amassado e ainda mais sonolento, foi até a pia escovar seus dentes.

Accio absorvente. — disse Erina, atrás da cabine onde estava.

Não deu outra; Ever se assustou com o armário que abriu bruscamente e se engasgou com a própria espuma da pasta. O absorvente que estava flutuando, foi até a cabine.

— Vai me assustar assim no inferno! — gritou Ever.

— D-desculpa... — disse Erina, assustada — Eu... menstruei.

— Tá, tá. Vê se limpa essa bunda direito, pelo menos...

Como sentia falta de Ever e seu estresse matinal... como também sentia falta da confusão que ela, Tulipa e Penélope faziam no banheiro toda vez que iriam tomar banho para iniciar o dia. Como sentia falta de olhar o teto encantado de sua sala comunal, da estátua da fundadora da casa e atrás a biblioteca particular dos alunos, dos sofás e divãs, do globo terrestre e do cheiro de livros que era a característica daquela sala... tudo parecia ter sido perdido ao longo dos dias devido a seus aborrecimentos. Seu dia-a-dia se tornou aquilo: estudar, estudar e estudar. Não pintava, não conversava, não fazia nada.

Foi até sua biblioteca particular e pegou os livros daquela aula, saindo para a primeira: Defesa contra as Artes das Trevas, e tudo que ela menos queria naquele instante era ter que trombar com Gilderoy Lockhart. Ela queria Warren ou Rakepick. Saiu da sala comunal e foi para a aula. Para o bem ou para o mal, o cômodo estava enfeitado novamente com artefatos egípcios; os objetos amaldiçoados em cima das mesas ao lado, o pôster de papiro com uma gravura de águia e runas ao redor, e por fim, nos fundos, um sarcófago com a cabeça da deusa Bastet e um espelho-de-inimigos. Era a vez de Rakepick.

— Melhor ela do que o Lockhart, aquele desgraçado que quer me ferrar...

— Quem quer te ferrar? — Erina olhou para o lado esquerdo de sua carteira, e a professora Rakepick estava parada de braços cruzados e a cara extremamente amarrada — Vai me dizer que Severo está aprontando mais uma com a senhorita... ele não se cansa mesmo, ou então aquele salafrário do meu rival nesta competição que não faz o menor sentido.

Erina não sabia se devia falar ou não. Ouvira a conversa que ela teve com Lockhart e até mesmo em suas detenções. Eu não tenho o interesse em querer ser mais do que você apenas por ser uma mera descendente. Já possuo a minha carreira e isto, é o que basta. Mas então... por que Erina sentia que tinha mais do que isso?

MonsterOnde histórias criam vida. Descubra agora