[24] Aula Noturna

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Erina não iria condenar seu futuro daquele jeito. O melhor lugar que ela poderia estar era em Hogwarts naquele instante, com tantos bruxos poderosos que poderiam protegê-la... além do próprio professor Snape, tinha a professora McGonagall com suas magias transfiguradoras, o professor Flitwick e seu talento nato com duelos, a professora Sprout e seu manuseio a plantas que poderiam matar qualquer um que encostasse em qualquer parte da mesma, e claro, o professor Dumbledore. Como não estaria segura em um castelo fortemente armado, com escadas assassinas que mudam de lugar o tempo todo, quimeras escondidas e a novidade do momento: o basilisco adormecido de Salazar Slytherin em sua câmara secreta. Erina iria mandar uma coruja para Hal sobre isso, mas achou melhor falar a verdade já quando estiverem a caminho de Hogwarts.

Passados já um mês daquela conversa e a dois dias para o primeiro de setembro, Erina e sua mãe voltavam do Beco Diagonal após as compras do materiais para o último ano letivo, porém quando colocaram tudo em cima da mesa — e algumas coisas no sofá, já que Erina nunca se controlava quando o assunto era ter milhares de livros —, a senhora Thompson mostrou todo o seu desagrado na decisão da filha de querer voltar, já que Snape fez questão de contar tudo para ela também, e do perigo que Erina corria.

— Quantas vezes vou ter que dizer para parar de chamar o seu professor assim? Você já não é mais criança para ter que ficar usando tudo no diminutivo...

— Fora da escola, não é professor Snape. E outra que vou estar segura perto dos professores. A senhora mesmo não me disse um dia que, quando o mundo da magia estiver em perigo... seja por qualquer motivo, nós teríamos que confiar em Dumbledore, que ele sabe das coisas e que iria nos proteger? Assim como confio nele, também confio que o Sevinho vai me proteger do Homem do Pilar.

— Mas agora é diferente. Nem Dumbledore vai conseguir impedir esse bruxo. Eu confio nas palavras do seu professor quando diz que ele é mais forte do que qualquer ser que possa existir neste mundo. Por isso mesmo, minha filha... não vai, por favor...

— Chega, mãe. Sou maior de idade, esqueceu? Quero terminar meus estudos, seguir minha carreira de auror e deixar o Sevinho muito orgulhoso de mim. E principalmente depois da escola, a gente vai poder ficar junto sem nenhum empecilho e ele vai conseguir se soltar mais para mim.

— Não vai adiantar eu falar, né? Então tudo bem. Agora, vai limpar o banheiro antes que eu te dê um castigo, e nem a maioridade vai lhe fazer escapar, entendeu?

Erina não era louca de desobedecer a sua mãe neste caso, mas a determinação em querer terminar seus estudos falava mais alto. Estava convicta de que Snape e Dumbledore a protegeriam de Kars, mas até quando? Ela não conhece a real força daquele homem, mas o mestre de poções viu e por isso deu o alerta, que ignorou completamente e ainda o acusou de estar sendo egoísta. Por fim, o dia primeiro de setembro chegou, e Erina recusou a companhia da mãe para a plataforma 9¾, indo sozinha pela primeira vez. Aparatando até a estação de King's Cross com seus dois malões, a tão querida Cleansweep Seven embaixo e mais a caixa de transporte de Greta, andava com o bilhete para Hogwarts na mão, observando-o com bastante alegria enquanto se dirigia ao paredão que dividia as plataformas nove e dez.

No meio do caminho, ouviu-lhe alguém lhe chamando e correndo rápido também com o carrinho de malas: Zara Reid, da Lufa-Lufa, uma de suas melhores amigas. Era uma garota bela, de pele parda, sardas no rosto e um cabelo louro bagunçado com uma trança feita bem acima do couro cabeludo e próximo das franjas rebeldes. Vestindo um macacão jeans e uma blusa amarelo com listras pretas e dois broches presos sob o suspensório do macacão (um, com o logo da Harpias de Holyhead e outro com o texugo da Lufa-Lufa) e Erina via o poleiro de sua coruja balançando seu parar enquanto corria.

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