Monster

[31] A História por trás das Tatuagens

1

Erina Thompson dormiu mais ou menos naquela noite graças ao cansaço da viagem, e por ter batido perna o dia todo em Edimburgo. O dia estava lindo e olhando em um relógio de parede no quarto, mostrava nove da manhã. Precisava de um banho. Sempre quando acordava no primeiro dia de Hogwarts, tomava uma boa chuveirada nos banheiros do dormitório feminino. Olhou para o lado e viu Greta já acordada e bastante animada, porém tinha um semblante triste em seus grandes olhos azuis.

— Eu sempre penso que você quer me falar alguma coisa... — Erina se levantou da cama e foi até a gata que a fitou em silêncio — ... mas não sei exatamente o que é... — Erina fez aquela pergunta esperando que Greta respondesse de um jeito "mágico", porém óbvio que não obteve nenhuma resposta — Bem, você deve estar com fome, né? O senhor Black deve ter alguma carne para que eu possa te alimentar.

Erina iria resolver aquela questão de Greta primeiro, então saiu do quarto e atravessou o corredor do segundo andar. Descendo as escadas, Erina sentiu um cheiro excelente vindo da sala de estar. Na mesa de jantar, havia muita comida — mais muita mesmo — que iria de pães fresquinhos até os alimentos mais pesados. Tudo preparado com tamanho esme e carinho. Régulo Black já estava sentado na ponta, lendo o exemplar daquele dia do Profeta Diário. Erina desceu lentamente para não incomodá-lo, já que, por mais que seja uma porcaria como aquele jornal, ainda era uma leitura.

— Esse Ministério é mesmo um lixo... e meu pai ainda mantinha contato com essa gente... pobre do meu pai... — Régulo ouviu um barulho estranho atrás, e virou a cabeça — Ah Erina? Já está acordada? Pensei que iria ficar mais um pouco na cama. A viagem deve ter sido cansativa...

— Eu, é... vim porque preciso dar algo para comer a minha gata...

— Tem carne no freezer lá na cozinha. Isso me fez lembrar que Severo disse para mim que colocar energia elétrica no pavilhão era uma tremenda bobagem, mas sabe que eu não acho? Isso me poupa em ter que ficar fazendo feitiço para congelar os alimentos. Ele às vezes tem uns comportamentos dignos de alguém que é sangue-puro bem extremista e isso me assusta um pouco. "Ah, não precisamos dessas besteiras que os trouxas criam" e olha que a minha família é bem... você deve saber.

— O senhor... tem contato com alguém da sua família?

— Meu irmão está preso, como o mundo inteiro sabe. Meu pai morreu no mesmo ano da minha "morte", e minha mãe se foi seis anos anos depois. Aí tem minhas primas né? Andrômeda se casou com um nascido-trouxa chamado Ted e sumiu. Ela me é uma fonte de inspiração para que eu lutasse contra todo esse tipo de maldade que os extremistas fazem e queria muito saber onde está e conhecer minha priminha Tonks. Bellatrix, minha prima maluca se casou com aquele insano do Lestrange e Narcisa, a mais doce de todas está com o Malfoy. E tem o Monstro, o elfo doméstico da nossa família, mas... não quero colocar ele em risco, e por isso o deixei cuidando da casa da minha mãe. É, estou sozinho neste mundo. Bem, sozinho não porque eu tenho o Severo, mas mesmo assim... ainda me sinto um pouco só.

— Mas o senhor nunca pensou em visitar o seu irmão em Azkaban?

— Se eu fosse, o Sirius iria cuspir na minha cara, acredite. Não tiro a razão dele se fizesse isso... eu não o apoiei quando mais precisava de mim... só pensei em agradar o ego inflado da minha família. Bem, eu tenho que me contentar né? Pelo menos com vocês morando aqui, posso fazer uma "baguncinha"... por mais que o Whitesnake fique puto depois... — Erina sorriu.

Erina foi para a cozinha e pegou uma quantidade considerável de carne e deu em pequeninos pedaços para Greta em um potinho, a qual a gata comeu em menos de um minuto, lambendo os beiços e sentindo-se satisfeita. Erina então iria cuidar dela, começando pelo banho. Foi até seu malão procurar por roupas limpas — achou um conjunto de moletom azul com mangas bem compridas, saia roxa e meias calças pretas — e procurou por um banheiro. Havia muitas portas naquela parte do corredor e não queria sair abrindo todas para incomodar seus amigos.