[14] A Estranha do Desfiladeiro

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Erina Thompson ainda estava chocada com o que aconteceu na madrugada de natal e seu cérebro não conseguia focar em mais nada a não ser aquilo. É fato que os Comensais da Morte estavam atrás dela por conta de ser a descendente de Merlin, mas será que Snape se encontrou com eles e falou sobre a relação dos dois? Erina não duvidava disso, mas também a única opção que via naquele momento era pedir sua proteção até conseguir forças para combatê-los por igual, o que na sua idade era praticamente impossível.

O natal, o ano novo e o fim da década passavam por seus olhos sem nenhum toque de magia, pelo contrário. Tudo estava sombrio e quieto. Nem mesmo a família Weasley conseguiu paz após o evento horrendo e a dúvida se o bicho de estimação de Percy era um animago disfarçado pairava como uma tempestade mágica precisando urgentemente ser impedida por um Meteolojinx Recanto. Só queria de verdade era voltar para Hogwarts, falar com Snape, implorar para que ele a ajudasse e conseguir sobreviver.

Na volta para o castelo, Arthur Weasley fez questão de acompanhar os garotos, escoltados por dois aurores após Erina falar que estava na mira dos Comensais. Isso estava incomodando os gêmeos e Carlinhos, mas Percy fazia questão de se exibir como alguém importante.

O rato Perebas estava sobre seu ombro e Erina tinha sérias dúvidas se aquele homem baixinho que falou com Bellatrix Lestrange — Erina descobriu que era ela após ver sua foto na lista de procurados do Profeta Diário — não era ele. Uma coisa ela tinha certeza: o homem era Pedro Pettigrew, antigo amigo dos Marotos que fingiu-se de morto e se aliou aos Comensais.

Queria tanto jogar Homenum Revelio nesse maldito só para ver se ele é mesmo aquele homem que estava conversando com a Bellatrix...

Erina escolheu um vagão e ficou quieta durante toda a viagem, sem a companhia de ninguém... exceto de uma garota de cabelos rebeldes castanho claro com a franja pintada de ruivo e olhos púrpuras que parou no meio do corredor e a encarou. Erina olhou para Mérula e logo virou a cara assustada e seu rosto começou a esquentar e ficar avermelhado. Ela não esquecia da declaração que a garota lhe fez no dia em que brigara com Snape, e nem sabia ao certo o que falaria depois daquilo.

— O-oi Mérula... — disse Erina.

— Err... oi. S-será que posso me sentar com você?

— C-claro...

Mérula empurrou seus malões no compartimento acima e sentou de frente para Erina. Até então, ambas ficaram caladas durante parte do percurso. Mérula deu um sorriso amarelado e finalmente quebrou o silêncio.

— Ficou sabendo da fuga de Azkaban e da Marca Negra que apareceu em Ottery St. Catchpole, né? — ela deu uma risada sem graça — Hehe, t-todo mundo, praticamente...

— Sim. — Erina deu um suspiro longo — Seus pais estavam entre os fugitivos. Eu sinto muito...

— Estranho né? Há uns dias estávamos falando deles e... acabaram por então escapando de Azkaban...

— Está com medo deles, não está? — Mérula deu um pulinho para trás e depois olhou para os lados — Não precisa esconder. Eu também estou. Eles estão atrás de mim.

— Como sabe que estão na sua cola?

— Eu estava bem no meio do local onde a marca apareceu nos céus. Vi atrás das copas dos pinheiros uma mulher, Bellatrix Lestrange, conversando com um outro homem chamado Rabicho sobre mim. Ela disse que meus poderes de Merlin poderiam fazer o Lorde das Trevas voltar.

— Uou...mas isso é bem grave. O que pensa em fazer?

— Não preciso esconder isso de você, pois seus pais eram Comensais então já devem ter falado sobre isso algum dia ou você pode ter escutado escondida... vou pedir ajuda ao professor Snape. Ele é o único entre eles que pode me proteger.

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