Capítulo 5 A armadilha da serpente

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Era agora já de noite, no entanto Rafaela não conseguia dormir, devido ao facto de David ter fugido da mesa, como o diabo foge da cruz,  e ainda não ter voltado. Como tudo que conseguia era dar voltas na cama, ela decidiu levantar e desceu as escadas, foi nesse momento que notou que o sofá estava vazio. Sem querer pensar muito nisso foi em direção a cozinha para procurar alguma coisa para comer, quando entrou na cozinha notou que viu que o casaco de David estava agora em cima da mesa, e como ele o tinha levado consigo quando saiu, esta já tinha voltado de certeza.

-Esta tudo bem? – perguntou Helena, entrando na cozinha e olhando para a cara de espantada de Rafaela.

-Sim, só não tenho muito sono – disse Rafaela suspirando – E  na verdade, estou preocupada com o David.

-Se é por isso que não consegues dormir, podes estar descansada – disse Helena, com um sorriso na cara – Ele esta comigo, estamos agora mesmo a conversar no meu quarto.

-Ele esta contigo? - perguntou Rafaela de surpresa.

-Sim, como é obvio temos muito para conversar. Mas agora estamos cansados e vamos dormir um pouco, por isso não precisas de te preocupar porque vamos dormir agora mesmo no meu quarto, ou pelo menos vamos tentar dormir – disse Helena, piscando-lhe o olho – Alguma dica?

-O que? – pergunto ela ,piscando os olhos de confusa.

-Oh vá lá, toda gente sabe que vocês os dois tiveram uma coisa, por isso aposto tu sabes como ele é na cama. Eu já dormi com ele antes, mas éramos ambos novos e aposto que com o tempo ele só pode estar melhor. Toda a gente sabe que as mulheres fazem fila para poderem ter a oportunidade de dormir com ele, nem que seja uma vez. E já que foste a sua última conquista, alguma dica que tenhas para mim? Ele é mesmo bom como falam?

-E que tal: arde no inferno sua cobra venenosa – disse ela, correndo para o seu quarto.

Rafaela voltou para o seu quarto e só lhe apetecia chorar, mas não o fez porque David era livre de fazer o que queria, com quem quisesse e tudo isso era culpa dela.

No dia seguinte, Rafaela, Leo e Diana decidiram ir dar uma volta pela cidade e por isso combinaram se encontrar a tarde para verem o desfile da cidade. As três amigas decidiram ir fazer uma compras sozinhas, para eliminarem o stress que se tinha implantado na casa depois daquela noite de jogos de ontem.

-A que horas voltou o teu irmão? – perguntou Leo a Diana, mas esta fez uma cara feia – Vá lá, já estamos num novo dia, podemos falar nisso.

-Ela tem razão – disse Rafaela revirando os olhos – E de qualquer forma o teu irmão já seguiu em frente.

-O que estas para ai a falar? – perguntou Diana, olhando chocada para amiga – Acho que, mais do que tudo, ontem a noite foi a prova  de que o meu irmão ainda esta louco por ti.

-Não foi o que pareceu ontem a noite, quando estava no quarto da Helena – explicou Rafaela.

-A Helena? Tens a certeza? – perguntou Leo – E óbvio que ela o quer, mas quem não quer? Mas acho que o David é um pouco mais inteligente do que isso.

-Tenho a certeza, foi a própria Helena que me contou, e ainda teve a lata de me perguntar se eu tinha alguma dica em como ir para a cama com o teu irmão – explicou Rafaela.

-Ela é mesmo uma cabra – disse Diana chocada – Pode ser atraente, mas não tem nada naquela cabeça. E se achas que o meu irmão podia sequer pensar em ir para a cama com ela, estas enganada. Ele não é burro nenhum e, para além disso, ele esta completamento apaixonada por ti.

-Não foi isso que eu ouvi ontem a noite – disse Rafaela.

-Eu acho que a Diana tem razão – disse Leo – O David ama-te e tenho a certeza que ele consegue ver por detrás  da beleza daquela cabra.

-E não devias acreditar em nada que sai daquela boca – acrescentou Diana – Ela é uma cobra mais venenosa de todas, uma cobra mentirosa.

Depois de muitas compras e de muitas conversas, as três amigas estavam mais felizes e relaxadas do que nunca e assim, por fim  foram ter com todos os outros ao desfile da cidade. Elas estavam já a ver as pessoas desfilar quando David e Helena chegaram de braço dado.

-Como foram as compras? – perguntou Helena aproximando-se delas deixando os rapazes do outro lado a conversar – Lamento não ter ido, mas estava muito cansada de ontem a noite – disse ela rindo – Mas fica para uma próxima.

-Sim, para o próximo ano  de nunca na vida– disse Diana baixinho.

Nesse momento, todos olharam para a multidão a desfilar e Helena colocou-se junto de Rafaela e deixou cair o saco que tinha na mão. De repente, da saca saiu uma enorme cobra e foi em direção da perna de Rafaela, esta berrou quando viu a cobra que estava preste a ataca-la, mas nesse momento David aproximou-se dela a  correr e espetou um enorme pau de madeira na cobra, impedindo que ela se mexa.

-Esta bem? – perguntou David – Ela mordeu-te? Rafaela?

Rafaela não conseguia se mexer e ia caindo ao chão, mas felizmente foi apanhada por Daniel.

-Rafa, queres ir ao hospital? – perguntou Daniel.

-Não – disse Rafaela tremendo – Eu estou bem, ela não me tocou.

-Se ela não te mordeu, não precisas de ir ao hospital – disse David – Mas devias ter mais cuidado por onde andas.

Irritada com as palavras de David, Rafaela abraçou Daniel e falou ao seu ouvido.

-Leva-me para casa, por favor – disse ela para Daniel – Só quero ir para casa.

Ligações do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora