Capítulo 31 Um brinde malicioso

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Sexta- feira tinha chegado, David fez um grande anúncio na empresa, disse que tudo ia ficar igual e que o seu novo chefe era Filipe, depois de desejar boa sorte a todos, foi-se embora. Rafaela não estava a perceber o que se estava a passar, ela sabia que alguém andava a roubar dinheiro da empresa e que David odiava Filipe, por isso porque nomea-lo chefe? Algo não estava certo. Mas ela não teve muito tempo para pensar nisso, porque o seu novo chefe os fez trabalhar o dia inteiro, a mudar as coisas de sítio e até a fez ir comprar champanhe para festejar.

Antes de ir embora, Rafaela foi despedir-se de Filipe, mas ele pediu para ela ficar mais um pouco, porque tinha uma última tarefa do dia. Rafaela despediu-se dos amigos e foi ao escritório dele saber o que era tão importante, para ela ter de ficar horas extras no escritório.

-Ai estas tu! – disse ele, quando a viu a porta.

-Sim, o que precisa mais? – perguntou ela.

-Preciso de ter uma conversa contigo – explicou Filipe – Podes entrar e fechar a porta?

Foi isso que ela fez.

-Senta-se! – disse ele, apontando para o outro lado do sofá, em que estava sentado.

Rafaela hesitou, mas fê-lo.

-Queria agradecer-te – começou ele – Isto é tudo graças a ti.

-Obrigada, mas eu não fiz nada de mais.

-Não sejas ingénua. Graças ao que fizeste, ninguém irá saber que sou eu quem anda a desviar dinheiro.

-És tu que anda a desviar dinheiro? Da empresa do teu próprio pai?

-Que posso eu dizer? O meu pai sempre foi um cabrão, sempre me disse que se queria o seu dinheiro, tinha de trabalhar por ele. Acreditas nisto? Eu trabalhar pelo dinheiro, que tenho direito por nascença?

-O David tinha razão.

-Mas agora graças a ti, nem o David, nem o idiota do meu pai, saberam o que lhes aconteceu – disse ele, rindo e aproximando-se cada vez mais dela – Sabes porquê? Porque hoje tirei todo o dinheiro da empresa para uma conta minha e amanhã não vai sobrar nem um centavo para a empresa. Graças a ti!

-Eu não fiz nada, muito menos ajudei um criminoso.

-Não vamos nós conhecer a insultar, agora que a nossa amizade está a subir de patamar. Digamos que o que fizeste não foi muito melhor do que o que eu fiz – disse ele, amarrando-lhe no braço e indo para cima dela – Mas eu percebo, o que fizeste, não tenho ciumes, tu tinhas as armas e usaste-as – disse ele, acariciando a parte de cima do seu peito.

-Eu não fiz nada! – berrou Rafaela, tentando-se soltar.

-Fizeste sim! – disse ele, sorrindo – E agora vas me dar o mesmo tratamento, que lhe deste a ele. Se preferires podemos ir para a secretária?

Aquele comentário gelou o sangue de Rafaela, ela sabia que ele tinha-os espiado no dia anterior, afinal de contas não estavam sozinhos.

-Eu sei, achavas que estavam sozinhos. Mas a verdade é que eu fiquei até mais tarde, para destruir uns papéis que ele tinha conseguido a dizer que era eu quem andava a roubar. Mas qual foi o meu espanto, quando abri a porta e o viu em cima da secretária a fornicar-te, a ti, a santa da empresa. Foi nesse momento que me apercebi, que podia destruir os ficheiros e ainda conseguir o que queria desde que vieste trabalhar para o meu pai. Para além da empresa, posso ter-te a ti e ainda irem sacar milhões do Cabral com quem fornicaste.

-Nunca irás ter nenhuma dessas coisas! – gritou ela, tentando se soltar, mas ele amarrava-a com mais força.

-Quem é que me vai impedir? – disse ele, sorrindo – O cabrão do ricaço? Nem pensar, quando lhe ameaçar dizer a todos que anda a comer a empregada. E para além disso, ele é só um menino mimado, que quando tem o que quer deita fora. Mas eu posso ser muito mais que isso, posso-te tocar como ele nunca conseguiu.

-Nem pensar! – gritou Rafaela, mas em vez de tentar soltar, amarrou um candieiro que estava na mesa ao lado do sofá com a mão que estava solta, e atirou-o contra a sua cabeça.

-Cabra! – berrou ele, de dor e confusão, acabando por lhe largar a mão – Vais pagar por isto!

Rafaela viu aí a sua oportunidade e fugiu, correu como nunca tinha corrido na sua vida, quando chegou a porta da sua empresa viu David, que estava a sua espera para irem jantar, abraçou-se a ele e foi a última coisa que fez, porque acabou por desmaiar.

Umas horas depois, Rafaela abriu os olhos e soube de imediato que estava na cama de David, este estava sentado no sofá, a sua beira com cara de acabado.

-Finalmente! – disse Tomás – Vou chamar o médico.

David levantou-se da cadeira e sorriu o que pareceu ser a primeira vez em horas, Rafaela tentou-se levantar mas não conseguiu e por isso sentou-se na cama.

-Estava tão preocupado! – disse ele, sentando-se a sua beira e beijando a sua testa – O que aconteceu?

-O Filipe! – foi as únicas palavras que ela conseguiu dizer e foi suficiente, porque David percebeu no momento donde vinham as marcas que ela tinha no pulso.

David pegou no telefone e tentou apanhar aquele filho da mãe. Uns minutos depois, David volta a entrar no quarto com ar de cansado,

-Eu juro por deus, que o mato! – disse ele aproximando-se dela.

-Ele roubou a empresa – explicou Rafaela.

-Eu sei – disse David, triste – Nós já sabiamos que era ele, mas nunca te devia ter deixado sozinha com ele.

-Se sabias, porque o deixaste ser chefe?

-Era uma armadilha, sabiamos que se ele mandasse, ia roubar tudo que tinha na empresa e foi isso que ele fez. Só que nunca pensei que te fosse magoar. A culpa é minha.

-A culpa não é tua, não sabias o que ele ia fazer. Eu não devia ter entrado no escritório, tinhas razão ele era uma idiota. E ele sabe...

-Sabe o que?

-Que eu e tu...

-Como?

-Ele viu-nos no outro dia, no escritório, ele ia destriuir uns ficheiros que tinhas guardado e viu-nos.

-Eu juro que mato aquele filho da mãe!

-A culpa é minha!

-Não digas isso, a culpa é dele por ser um canalha, eu vou encontrar-lo e vou ter a certeza que ele nunca mais vê o luz do dia.

-Encontra-lo?

-Sim, depois do vosso encontro, achamos que ele pegou no máximo do dinheiro que tinha e fugiu.

-E a empresa?

-Ele não levou tudo, não conseguia, levou só um pouco e achamos que planeava vir buscar o resto mais tarde, mas não vai conseguir, porque já congelamos essas contas e é assim que o vamos apanhar.

-Se eu soubesse...

-Não havia como saberes. Agora descansa.

"Onde estaria Filipe? E o que queria ele dizer quando lhe disse que ia pagar por aquilo?", foi a última coisa que Rafaela pensou, antes de adormecer nos braços do seu verdadeiro amor.

Ligações do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora