Letras (Jenlisa)

4

Mensagem de 96nini: Se o seu objetivo foi me deixar incerta, devo te parabenizar por isso.

Lalisa acordou com o celular vibrando e pela luz fraca que invadia o seu quarto, mais uma noite na qual ela pegará no sono pensando nas coisas passadas, e não foi surpresa ao ter mais um pesadelo sem sentido, mas que no fundo fazia sentido. Ela se sentou na cama, contando até dez, ouvindo os passos pelo o apartamento.

"Cinco"

Dois passos até a porta do seu quarto, ela fechou os olhos se deitando novamente, sabendo o que aconteceria.

"Sete"

Ouviu ela se aperta, logo depois ser fechada, mais passos pelo corredor, os barulhos de chaves sendo apanhadas e sendo inseridas na tranca.

"Dez"

Ela pode respirar finalmente após seu pai sair, olhou para a janela ao lado da sua cama, vendo o dia nublado como sempre, gostava de morar na Rússia por conta daquilo, ela adorava o frio, e não o trocaria por nada. Se esticou pegando o seu celular, vendo algumas notificação, entre elas uma mensagem. Achou estranho, pois ninguém a mandava mensagens a não ser o seu pai e se fosse ele, ela fazia a questão de ignorar. Mas não era dessa vez.

Mensagem de 96nini: Se o seu objetivo foi me deixar incerta, devo te parabenizar por isso.

_Cygnus97_: Vejo que consegui fazer o que planejava.

96nini: Com sucesso :)

Lalisa ouviu a sua barriga roncar de fome, já que havia pulado o jantar na noite passada, então apenas deu visto na mensagem de seu seguidor e se levantou rumando para o pequenos banheiro que havia em seu quarto. Se olhou no espelho notando a espinha que crescia em sua testa e por algum motivo achando engraçado, porém murmurou de dor assim que a estourou. A aguá estava morna, molhava os seus cabelos loiros enquanto se ensaboava, pensava em como faria para ver a chuva de estrela cadentes sem ter algum contato visual ou social com outras pessoas, ela queria muito, adorava cada coisa envolvida com o universo, e coisas afins. Mas o seu medo de socialização era muito mais forte.

"Você vai dar um jeito."

Pensou ou tentou pensar de uma forma otimista, como se tivesse a certeza que conseguiria, ou ao menos tentaria. Jogou a toalha em qualquer lugar do seu quarto caminhando até a cozinha com enquanto escovava os dentes, sorriu meio agradecida por ver um fatia de torta de chocolate em cima da mesa acompanhado com um provavelmente suco de laranja natural, no fundo queria muito perdoar o seu pai por tudo, mas sentia que trairia o espirito da sua mãe se fizesse isso. Correu novamente até o banheiro apenas para terminar a sua higiene matinal, pegou o seu notebook e se sentou ali na cozinha, assistindo alguns vídeos enquanto saboreava o seu doce favorito.

Mensagem de 96nini: Como pode ter tanta sabedoria, você é alguma palestrante ou professora?

Lalisa franziu o cenho achando graça naquela pergunta meio sem sentido para ela, pensou em ignorar talvez, mas como não conversava com ninguém, não seria tão ruim ter talvez um amigo virtual ou algo assim.

_Cygnus97_: Não me daria bem nesse ramo.

96nini: Como não? As coisas que escreve não me mostram isso.

_Cygnus97_: É apenas um hobbi meu, e garanto a você que não pensei que faria tanto sucesso assim.

96nini: Tenho certeza que seus amigos também te elogiam bastante.

_Cygnus97_: Hipoteticamente falando; pode ser que sim. Tenho certeza que como eu, tem vários hobbi's.

96nini: Bom... ainda não descobri nenhum, acho que é tarde demais para adotar qualquer um.

_Cygnus97: Nunca é tarde demais para isso, acredite.

Jennie olhou aquela última mensagem antes de sua campainha tocar, queria dar uma resposta coerente ao texto, mas iria parecer uma idiota, que nunca sabia o que dizer, ainda mais se tratando de uma pessoa com Cygnus97, tão inteligente quanto.

- Oi papai - acompanhou com os olhos quando o seu irmão entrou soltando fogo pelo os olhos, se sentou no grande sofá após jogar a sua mochila e a sua mala em qualquer lugar do ambiente, logo colocando os seus fones de ouvido se esquecendo completamente da presença de seu pai e a da sua irmã - Então... um mês...

- Acha que consegue?

- De verdade? Não, pai, eu não vou conseguir transformá-lo em um filho perfeito em um mês, mas vou fazer o possível.

- Quero apenas que ele vire uma criança normal, Jennie, ele é tão...

- Insuportável?

- Complicado - argumentou como um repreendimento pela fala da sua filha, mas Kevin no fundo sabia que ela tinha razão - Eu vou entender se não quiser realmente cuidar com ele, não sei, posso colocá-lo em um internato.

- Não será necessário, eu posso lidar com isso.

Eles sorriram e se abraçaram antes de seu pai sair, Jennie se virou encarando o menino já não sabendo o que vária, esperou por alguns minutos, e decidiu agir. Andou calmamente até ele, tirando os seus fones e pegando o celular das suas mãos,.

- Me devolve.

- Sabia que eu ganhei o meu primeiro celular com quinze anos?

- E eu com isso? Não te perguntei nada, me devolve o meu celular.

- Você ainda é uma criança, e crianças não tem celulares.

- Me devolve essa merda!

- Como eu ia dizendo, crianças tem que brincar, assistir desenhos, não ficar cego em uma tela.

Jennie se assustou quando Ryder se levantou fechando os punhos com força, seus olhos se fecharam e junto a isso uma respiração forte saia dele, a mais velha se arrependia de ter sido tão ousada perante aquela situação estranha.

- Escuta, Ryder, as coisas agora vão ser bem diferentes aqui. Eu não sou os seus empregados e não sou a mamãe nem o papai, se eles não exigem o respeito, eu sim. Então você pense bem antes de confrontar, ou me responder. Você me entendeu?

- Vamos ver quem saíra derrotado aqui, Jennie - terminou a frase pisando com força no pé da mais velha, aproveitando o momento no qual ela reagia a dor para arrancar o celular e os fones de sua mão, correndo para o quarto de hóspede.

Não valeria a pena tentar um afronto naquele momento, então ela se jogou na poltrona ao seu lado, tirando o celular do bolso e lendo mais uma vez aquela mensagem.

_Cygnus97: Nunca é tarde demais para isso, acredite.

96nini: É, talvez você tenha uma certa e parcial razão sobre isso.