- Suzy?
- Eu sei que a minha presença e a minha pessoa era a última e a qual vocês queiram ver. Mas eu tenho muitas coisas para esclarecer antes que... que tudo acabe.
- Espero que faça algo certo pelo menos hoje - Jisoo falou se aproximando de Chaeyoung, indiretamente abraçando a sua melhor amiga, ainda com o olhar preso na mulher parada ali na porta.
- Sente-se, Suzy.
Ainda antes, o clima de tensão era bem presente, Suzy se sentia meramente envergonhada por antes, parecia que naquele momento de tempestade todos estavam envergonhados de algo, algo que falaram, fizeram ou reagiram. Ela ainda respirou fundo algumas vezes, olhou para todas, principalmente para Chaeyoung que mantinha os olhos fixos nas mãos de Jisoo que acariciavam as suas de uma forma calma enquanto descansava a sua cabeça em seu ombro, Jisoo estava claramente irritada e desconfortável com a presença de Suzy ali, mas preferiu se manter calada pois era o melhor a se fazer naquela situação.
- Eu e a Mary estávamos tendo um caso enquanto ela namorava com você, Jennie, juntamente a mim e a Chaeyoung - ela começou, fazendo Jisoo levantar uma das sobrancelhas e serrar um dos punhos - Nos encontrávamos todos os dias, e a cada dia mais o que era construindo entre a gente foi aumentando e a nossa necessidade de estarmos uma com a outra era cada vez maior. A Mary sempre me dizia coisas que pra mim não fazia sentindo algum, como colocar você no seu devido lugar, vingar cada pessoa inocente que morreu por conta do seu pai, incluindo o pai dela... ela não me contou, não me explicou, mas me disse apenas que queria se vingar de você e de toda a sua família. Foi então que ela planejou o roubo... no começo eu tentei impedir, tentei avisá-la que isso era um absurdo, mas ela tem personalidade forte e nunca me escutaria... ela se juntou ao melhor amigo Tommy e juntos eles passaram meses planejando todo o roubo, a clonagem, e retiração do seu dinheiro, tudo que cai na sua conta agora, automaticamente é transferido para a conta dela, como um ciclo vicioso que eu tentei fazê-la desistir, mas eu não consegui...
Jennie a encarou, sem expressão, sem surpresa ou muito menos com dor, parecia que aquilo não era novidade, não surtia qualquer efeito, ou sentimento, como se ela estivesse programada para escutar aquilo e não chorar, não fazer nada a não ser se manter convicta e autoritária. Chaeyoung não quis segurar as lágrimas ao lembrar que sua ex namorada a traía, mas agora saber que era com a namorada da sua melhor amiga doía ainda mais, ela não sabia dessa parte da história, e no fundo não queria ter descoberto aquilo. A garota se escondeu nos braços de Jisoo, abraçando tão forte a sua cintura, que fez a menina dos cabelos roxos ter que respirar fundo para não se levantar e meter um murro na cara daquela mulher, coisa que ela não fez pois Chaeyoung precisava dela naquele momento, dela e do seu apoio, do seu abraço, e do seu silêncio.
- Eu sinto muito-
- Não quero as suas desculpas ou as suas lamentações, Suzy, quero que vá depor isso para Yuki - Jennie respondeu - Eu poderia falar muitas coisas que estão engasgadas em minha garganta, mas não iriei fazer tal coisa. Apenas, conte isso a Yuki se você realmente se arrepende de algo.
Mary batucava com as pontas dos dedos na mesma, estava na sala na qual Lalisa já havia passado, e se confessado perante ao delegado que conseguia arrancar o que queria das pessoas suspeitas. Yuki se sentou na frente da mulher, a encarando profundamente, ouvia a respiração nervosa, alguns pelos do seu braço se levantaram enquanto os olhos ágeis de Yuki pegava cada expressão da mulher a sua frente, por fim se arrumando na cadeira e ligando o seu gravador.
- Pois bem, Mary Scott. Poderia me falar mais sobre você? - Mary se manteve calada, durante um longo tempo, olhando apenas para as suas mãos, as suas passagens para Maldivas junto a Suzy e a sua mãe já haviam sido compradas para o próximo fim de semana, mas sentia que não partiria tão cedo - Senhorita Mary, entenda que o seu silêncio apenas prejudicará ainda mais a sua defesa contra o caso. Pode me ajudar com isso?
- Eu não tenho nada haver com esse roubo.
- Aonde estava quando o roubo foi efetuado?
- Eu já disse! Estava com a Jennie na droga do apartamento dela.
- E antes disso?
- No meu apartamento cuidando da minha mãe - Yuki franziu o cenho quando os olhos de Mary desviaram para outro lado da sala, Yuki teve a certeza que ela estava mentindo.
- Como era a sua relação com a Jennie? Antes de tudo isso?
- Boa eu diria, algumas discussões mas qualquer relacionamento é assim.
- Guarda algum sentindo ruim sobre ela ou sobre a família dela?
Mary mordeu a parede da bochecha com força, sentindo o gosto metálico do sangue, mas não se importou. Seus olhos simplesmente a entregavam cada vez mais, não conseguia deixá-los em um lugar fixos, parecia impossível, Yuki a cercava e chegava cada vez mais perto da verdade, cada vez mais perto do ponto fraco.
- Me fale sobre a sua mãe, senhorita Mary.
- Minha mãe tem câncer nos pulmões, e depende de mim para tudo, eu consegui um tratamento ótimo para ela nas Maldivas e pretendo me mudar para lá nesse fim de semana.
- Creio que a tratamentos ótimos aqui na Rússia também.
- Eu não encontrei um que me agradou, eu quero estar ao lado da minha mãe, até o último suspiro dela. Ela é tudo o que eu tenho hoje.
- E o seu pai?
- Meu pai morreu em um acidente de fábrica, a fábrica da qual ele era sócio e parcialmente dono. Ele morreu da forma mais injusta que existe nessa terra...
- Como, senhorita Scott?
- Ele sabia da necessidade de um novo reator na ala norte da fábrica, e sabia exatamente como e aonde comprá-lo, mas ele não podia tomar todas as decisões sozinhos, mas o outro dono? A porra do outro dono sempre adiava tudo, dizendo que não poderiam gastar, sempre querendo economizar... aquele filho da puta acabou com a vida do meu pai, e com a vida da minha mãe. Aquela merda de reator explodiu, e matou a maioria das pessoa que estavam naquela ala, e as quais não matou deixou com sérias sequelas depois daquilo. Meu pai não sobreviveu e a minha mãe... minha mãe está como está hoje.
- Você chegou a conhecer o outro dono da empresa, senhorita Mary?
- Ah sim, e a minha maior vontade matar ele igual ele matou o meu pai - Mary sentiu o seu corpo ferver, e então percebeu que havia falado demais, sua expressão de pura surpresa por ter falado aquilo veio a tona, fazendo Yuki assentir com a cabeça em um sinal como "eu sabia dês do início."
- Comece a falar a verdade agora, Mary. Saiba que não sairá daqui tão cedo.
[...]
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Letras (Jenlisa)
FanfictionUma vida nornal, sem regras, sem arrependimentos. Era assim que Jennie Kim vivia. Do outro lado da parede, uma menina insegura, com traumas, com medo, e sem comunicação com o mundo. Isso muda quando Lalisa descobre um lápis e papéis de cartas.