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Jennie olhava pro corredor longo e deprimido que dava até o quarto onde o seu irmão se encontrava. Não sabia como reagir dês que ele chegará, trancado e sem sociabilidade com ela, pensou em talvez tentar abordá-lo de uma forma amigável, já que não havia sido assim no começo.

- Ryder, irei fazer um bolo de chocolate, quer me ajudar? - o silêncio era presente, não se ouvia nada, por nenhum dos dois - E que tal biscoitos? Eu sei que você adora biscoitos.

- Vá a merda, Jennie, me deixe em paz!

Ela deu um passo para trás ao ser respondida da forma mais bruta e "sincera" querendo mandá-lo a merda também, mas mantendo o respeito que os seus pais a ensinaram. Tudo seria diferente agora, e para o garoto não estava sendo nada agradável.

Então ela seguiu para a cozinha novamente, pensando no jantar que agradasse os dois, já que Ryder não comia de tudo.

"Típico de um menino mimado"

Pensou sem nenhuma esperança de mudança ou melhoria. Por fim pediu comida japonesa pelo o telefone pois era o que lhe convinha agora e sabia que o seu irmão comia.

"Há dois tipos de vidas, dois tipos de escolha, dois tipos de amor, e depois tipos de perdão. São semelhantes ao ouvido, mas diferente ao coração e ao sentimento. Desculpar não é igual a perdoar, ceder não é igual aceitar, e gostar não é igual a amar. Você vive em que vida agora?"

Publicado por: _Cygnus97

Jennie leu aquilo como uma pergunta retórica a si mesma. Ela sabia muito bem em que vida estava vivendo, e não gostava nem um pouco dela, queria sair dela, queria se livrar dela. Mas não se sentia capaz em fazer isso. A cada dia colocava um obstáculo em seu caminho como uma forma de desculpa para a desistência, aquilo não era certo, não estava certo.

Lalisa ouviu a companhia vindo do corredor ao lado de fora, junto a um pequeno diálogo abafado que não lhe era de respeito. Então apenas apagou a luz da cozinha voltando ao seu quarto antes que o seu pai chegasse do trabalho e a encontrasse fora dela. Provavelmente a encheria de perguntas, ficaria feliz em ver o rosto da filha, ou era o que ela achava. Andrei de longe ficava feliz em ver Lalisa, por todas as semelhanças a mulher que matara.

Ainda em dúvida de como veria a chuva de estrelas cadentes, Lalisa olhou pela janela a neve fina que caia lá fora formando uma segunda camada em tudo, como a vida pacata de todos ali, sempre com uma segunda camada, já que a primeira foi machucada por amores não correspondido, trabalhos não conquistados ou segredos sufocando cada ser humano que ali vivia, como Lalisa igualmente a eles.

Segredos e mais segredos, achava aquilo tão pesado e tão esquisito que doía.

96nini: Poderia haver mais de três tipos de vida?

Ela viu a tela do seu celular se acender junto a mensagem que chegará, e ficou parcialmente confortável em ver que o mesmo seguidor no qual trombou mensagens mais cedo.

Cygnus97: Sim, claro que sim, mas porque exatamente mais de três?

96nini: Mas porque exatamente duas?

Lalisa parou por um segundo pensando em uma resposta plausível é que fizesse sentido na sua cabeça, não poderia criar algo, então analisou antes de qualquer coisa.

Cygnus97: Desde pequenos sempre foram oferecidos a nós duas opções, nunca três ou quatro, mas exatamente duas, exemplo; quer usar a roupa amarela ou a verde? Você quer o morango ou a maçã? E por aí adiante. Automaticamente, nos vemos em um loop de apenas duas opções, mas com a inovação da nossa inteligência podemos sim abrir espaço para mais opções. Entende?

96nini: Convincente como sempre. Já escreveu um livro?

Cygnus97: Ainda não tive a oportunidade, mas quem sabe um dia.

96nini: Posso pedir um autógrafo especial?

Cygnus97: Não vejo problema nisso :)

Lalisa por algum motivo se sentiu motivada depois de certas mensagens, tirando o pequeno sorriso torto em seus lábios ao ouvir a porta do seu quarto abrir. Seu coração acelerou ao ver o seu pai a encarando, se sentiu desconfortável, e assustada. Principalmente assustada.

- Eu trouxe comida tailandesa para você. - ela não se moveu, não respondeu, ao menos ousou soltar o ar perto dele - Você quer jantar agora? Digo, comigo na cozinha.

Ela negou, se levantando e andando até o banheiro aonde trancou a porta e se sentiu ali no chão, ouvindo atentamente a porta do seu quarto se fechar e os passos do seu pai ficarem mais longe. Inspirou e respirou fundo várias vezes, sentindo a sua cabeça doer e pesar por alguns segundos, mas nada grave para ela. Ligou o chuveiro e enquanto se despia pensava em inúmeras coisas, mas mesmo assim sua cabeça se encontrava vazia, sem concentração ou algo assim.

Não saiu para pegar o seu jantar naquele noite, o seu estômago estava de acostumando com as refeições puladas constantemente. Lalisa era uma mulher de vinte e dois anos, sabia dos seus limites e não os forçava, mas as vezes era preciso.

Sentiu o acolhimento assim que a coberta quente a envolveu, ainda navegando na internet e pesquisando mais sobre a chuva de estrelas cadentes que aconteceria ali no porto. Olhou o mapa tentando achar algum lugar meio escondido na qual a vista fosse mediana e que ficasse longe de todos. Um dia queria vencer esse medo da socialização a não ser virtual, queria muito ser uma pessoa normal.

96nini: Qual é a sua maior inspiração?

Cygnus97: Vejamos, essa é uma pergunta difícil para mim. Acho que o universo em si.

96nini: Poderia me explicar?

Cygnus97: Vejamos, acho que tudo que envolve o espaço, estrelas, a lua, o sol, os planetas, sempre me chamaram a atenção. Fazendo sentir-me em casa, e confortável para testar cada coisa que habita a minha cabeça.

96nini: Então eu agradeço o universo por te dar esse conforto. Realmente o seu trabalho me agrada muito.

Cygnus97: Fico feliz em saber que posso agradá-lo em algum momento.

96nini: Pode ter certeza, o seu blog é o meu favorito.

Cygnus97: E os seus comentários são os meus favoritos ;)

Jennie sorriu facilmente ao ver aquela última mensagem, olhando para o seu irmão do outro lado da mesa que a encarava sem entender, provavelmente Ryder não entendia o porque de sua irmã sorrir a cada vez que olhava para a tela do celular, e no fundo realmente não queria saber.

- Como está a comida?

- Fria e sem graça.

- É comida japonesa, Ryder. Quente ela não seria.

- Tanto faz.

- Você mal tocou no sushi.

- Eu quero voltar pra casa. Não gosto daqui.

- Também não gosto da sua presença aqui e nem por isso estou te expulsando. Deveria ter mais respeito a quem ainda se importa com você.

- Ninguém se importa comigo!

Ele se levantou empurrando o prato intocável e indo em direção ao seu quarto novamente. Jennie não entendeu aquela reação, não entendeu a voz trêmula do irmão e nem o contexto daquela frase lançada com tanto ódio.

Jennie decidiu não se aprofundar naquilo, não naquele noite. Apenas trancou a casa, apagou as luzes e seguiu para o seu quarto, percebendo por fim que a sua namorada não havia lhe enviado uma mensagem durante o dia inteiro, achou estranho, mas pensou que Mary deveria estar trabalhando dobrada por conta do fim de semana.

96nini: Espero que tenha uma boa noite.

Não esperou a resposta de cygnus por a sua exaustão era real, se entregando ao sono pesado e envolvente daquela noite.

Letras (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora