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[...]

O coração de ambas batiam fortemente quando os olhos se encontraram, Jennie não sabia o que fazer ao certo, não sabia se pedia desculpa, se apenas ia embora, ela queria se jogar nos braços da loira e sussurrar o quanto havia sido uma idiota e o quanto sentia falta da mesma, mas tinha medo da rejeição.

Lalisa se sentiu surpreendia pelo o destino, não queria culpar Jennie, a morena mal sabia o que havia acontecido com ela, não teve chances de se explicar, ou demonstrar o porque havia sumido, se arrependia da mensagem, céus como se arrependia daquela maldita mensagem que mandara quando estava em seu excesso de raiva, queria apenas poder tê-la de novo, apenas isso.

A morena se sentou ao seu lado, também retirando seus tênis e acompanhando Lalisa em sentir a água fria em seus pés. Não falaram absolutamente nada, cada uma queria dar uma devida explicação, mas não sabiam o momento perfeito para isso. A expectativa de um entendimento quase perfeito pairava como o vento sobre as duas, mas o medo da descompressão as acompanhavam dês do começo.

- O que... o que aconteceu com a gente, Lisa...? - a morena por fim falou não aguentando mais a agonia do silêncio, e querendo logo poder entender tudo e reatar cada momento. Lalisa olhou para ela, também acompanhando o pequeno mar de lágrimas que haviam nos olhos de ambas - Porque sumiu? Porque?

- V-você... v-você foi e-embora, Nini... v-você me d-deixou...

- Não! Eu não fui embora por sua causa, Lisa. Aconteceu algumas coisas... várias coisas que me fizeram deixar o apartamento, mas eu nunca quis deixar você! Eu juro por tudo que é mais sagrado, não foi por você.

- E-eu não q-quis sumir... e-eu fui obrigada a isso.

O silêncio se instalou mais uma vez,  e o contato visual das duas foram quebrados, Lalisa encarou suas mãos enquanto Jennie olhava para o mar, ainda confusa querendo ao menos uma resposta concreta, mas não sabendo se podia cobrar aquilo da loira, não sabia se era pessoal demais ao ponto.

- O q-que aconteceu o-para você ir e-embora...?

- Roubaram todo o meu dinheiro, Lisa... absolutamente tudo... clonaram a minha conta bancária e mesmo com o meu pagamento recebido no final do mês, foi roubado também. Tive que sair do apartamento pois não teria e não tenho condições de ficar lá. Estou morando com os meus pais agora... e a polícia está atrás de... - Jennie parou no mesmo segundo lembrando que havia mandando a polícia até a casa de Lalisa, não conseguiu falar, ver aqueles olhos de pura confusão e medo a fez se sentir tão fraca e culpada, que não consegui dizer a verdade - De quem fez isso...

- E-eu s-sinto muito, Nini...

- Não se preocupe com isso, tudo irá se resolver em breve. Porque você sumiu?

Lalisa a olhou, tentaria explicar o caso, mas provavelmente, certamente, receberia muitas perguntas vindo dela, estava pronta pra contar tudo? Pronta pra contar a Jennie o que tanto a assombrava?

"O que é a vida se não houver riscos?"

- M-meu p-pai... me t-trancou dentro de casa... me proibiu de ver você...

- Como? - Jennie a interrompeu meramente supresa, tanto pela notícia que Lalisa tinha um pai, quanto a que ele a proibia de vê-la e a trancara dentro da própria casa - Como ele pode fazer isso com você?

- Ele t-tirou meu c-celular e o meu n-notebook por isso n-não consegui te mandar m-mensagem...

- Porque ele fez isso, meu amor...? - a morena sussurrou se aproximando ainda mais de Lalisa, que mesmo querendo o seu abraço recuou.

- Há algo... que... - a loira respirou fundo várias vezes, se concentrando cada vez mais na sua própria fala, e no seu próprio raciocínio - Há algo que eu não te contei, Jennie... sobre mim e sobre a minha família.

Mais uma vez a morena se surpreendeu, mas dessa vez foi pela a fala direta da loira, que não travou ou se embaralhou com uma única palavra.

- Promete... que não vai sair correndo, ficar com raiva de mim... ou me odiar por isso? Que ira escutar até o final e tentar me entender?

- P-prometo, Lisa, nunca faria isso.

Então a menina suspirou, era aquele o momento que colocaria tudo que guardava a anos consigo, o seu segredo mais profundo e mais assustador, dividiria agora com Jennie, apenas com ela.

- Minha família não era perfeita, não era aquela família de comercial de manteiga, e eu acho que nenhuma família é. Mas meu pai amava a minha mãe, minha mãe amava o meu pai e os dois me amavam. Sempre tive tudo, tudo o que uma criança precisa, sou a filha única então sempre tive tudo que queria, meu pai era professor de geografia e a minha mãe trabalhava em um salão de beleza que gerava a nós um dinheiro bom, não era muito mas era o suficiente para vivermos bem. Quando eu completei dez anos, as coisas começaram a mudar, meu pai conheceu um homem, muito atraente e rico, eu não me lembro o nome... ele chamava a minha mãe para sair e quando eu estava em casa me levava junto a esses encontros, minha mãe sempre me pedia para não falar nada ao meu pai, eu não entendia perfeitamente, mas sabia em partes o que estava acontecendo. Até que... em uma noite já no fim do ano, eu estava sozinha no apartamento e me preparava para dormir, escutei a porta principal ser aberta com força e o meu pai estava aos berros com a minha mãe, briga naquela altura era comum entre eles, mas evitavam sempre brigarem na minha frente, perto de mim eles eram o casal perfeito, os pais perfeitos...

A loira tremeu, o nó em sua garganta começava a queimar ao se aproximar do fim trágico que tudo teve, mas se sentiu segura quando Jennie segurou a sua mão, a olhando com calma, e com toda a compaixão que havia dentro dela, demonstrando que tudo estava bem, e que ela poderia continuar se quisesse.

- Eu abri a porta do quarto e escutei um grito vindo do quarto dos meus pais, era um grito da minha mãe... eu caminhei até lá... e encontrei meu pai em cima da minha mãe... e-ele... havia uma poça... de sangue... era o sangue da minha mãe, Jennie... ele estava... ele matou... matou a minha mãe... de um modo tão frio e cruel que eu não o reconheci naquele momento... e não o reconheço até agora... eu passei anos, e anos trancada no meu quarto, no meu apartamento, sem ver ou falar com ninguém, sem ir ao lado de fora, tendo pavor de cada ser humano, tendo pavor do meu próprio pai... até que eu conheci você... e tudo isso aconteceu...

Por fim ela suspirou secando as lágrimas, mas sendo vencida pelas mesmas que desciam em grande quantidade. Jennie a olhava, tentando controlar a respiração ou as batidas do coração, não sabia como reagir a tudo aquilo.

- Você me odeia, não é?

- Eu amo você, Lisa - foi tudo o que Jennie conseguiu falar, a coisa que mais fazia sentindo, a frase que mais fazia sentido naquele momento.

Claro que queria dizer que seu pai era um monstro e que elas deveriam ir na polícia naquele momento, mas não fez, a polícia já estava na casa de Lalisa e tudo seria mais complicado ainda se ela contasse isso aos oficias naquele momento.

Jennie segurou o rosto da garota, que ainda soluçava e passou a chorar juntamente assim que as testas das duas foram coladas. A morena recebeu toda a dor de Lalisa, agradecendo silenciosamente pela a confiança sobre ela, mas se odiando profundamente em saber que não havia confiado nela a partir do momento que acusara a mesma de roubo.

- Vamos pra casa? - Jennie sussurrou fazendo a menina negar com a cabeça.

- E-eu não tenho mais uma casa... eu fugi... do meu pai...

- Você tem uma casa sim, você tem a minha casa, a casa da Jisoo a casa da Chaeyoung, você tem várias casas e você irá comigo agora.

- Nini-

- Já passei tempo demais sem você, sem poder te ajudar, deixe-me cuidar de você agora.

Jennie a puxou para um abraço quando se levantaram, tudo tinha que ficar bem, era o que Jennie e Lalisa queria naquele momento, que tudo ficasse bem.

Letras (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora