- Está pronta para isso?
- De verdade? Não... mas eu preciso... preciso fazer isso.
Jennie apenas assentiu vendo a sua namorada abrir a porta do seu apartamento. Os exatos quatro meses haviam se passado, o natal era a data que todos ali esperavam, mas Lalisa tinha outras coisas nas quais se preocupar no momento. Depois de uma visita a penitenciaria, Andrei e Lalisa decidiram juntamente a venda do apartamento, um apartamento cheio de histórias, boas, ruins, a maioria ruins, mas que não deixou de ser sua casa até os seus vinte e três anos. O que mais confortava Lalisa no momento era Jennie segurando a sua mão o tempo todo, sempre sussurrando que tudo ficaria bem em breve. As duas juntas começaram a empacotar todas as coisas que haviam na sala e na cozinha juntamente, Lalisa se sentindo parcialmente triste em dar adeus ao apartamento no qual a sua mãe decorou com tanto carinho para a sua chegada, mas aquilo era o melhor no momento.
- Acho que foi no meu aniversário de um ano, algo assim. Essa é a minha mãe.
- Uau, vocês duas são realmente muito parecidas, Lisa. Você era uma criança linda, igualmente agora.
- Fala isso porque é a minha namorada.
- Falo isso porque é a verdade.
As duas sorriram voltando a tirar as coisas do guarda-roupas de Andrei, sempre parando quando Lalisa encontrava alguma coisa referente a sua mãe ou alguma foto dela quando criança, Jennie sempre a escutava atentamente e se apaixonava ainda mais ao ver a sua namorada quando criança, um sorriso sempre surgia em seus lábios, era inevitável. Por dentro torcia para que seus futuros filhos tivessem o mesmo sorriso que Lalisa, e logo depois se assustava em se imaginar mãe naquela situação. A loira parou com uma foto na mão, seu semblante ficou sério ao ver tal pessoa no retrato, seu estomago se embrulhou e a lágrima que ela tanto segurava escorreu pelo o seu rosto.
- Esse é o cara que a minha mãe tinha um caso... o cara que o meu pai matou... - Jennie pegou a foto, adotando uma expressão de puro espanto, era o seu tio Nicolai ali naquele retrado, poderia ter visto ele duas ou três vezes, mas o reconhecia sem precisar fazer muito esforço, Lalisa a olhou quando viu as mãos da morena meio trêmulas no momento, não sabendo o que estava acontecendo de fato - Nini? Tudo bem?
- É... meu tio... meu tio Nicolai... - ela falou apontando para o cara da foto, fazendo Lalisa se sentir claramente culpada, não aguentava mais saber que mesmo preso seu pai ainda podia causar dor as pessoas que ela tanto amava - Foi por isso que ele nunca mais... nunca mais apareceu... meu pai sempre nos fala que ele deveria ter ganhado na loteria e teria se isolado em uma ilha, mas então...
- E-eu... e-eu s-sinto muito... m-me desculpe, Ni-ni... - a loira gaguejou sentindo uma bola ser presa em sua garganta, a qual deixou sair quando Jennie a abraçou, estava tão em choque quanto a loira, mas agora aquilo era passado, não tinha mais nada a se fazer a não ser respirar um pouco naquele momento.
- Shh... tudo bem... já... já passou, amor...
A loira ainda ficou um bom tempo agarrada a Jennie, que não se importava com mais nada a não ser o bem da sua namorada e do seu relacionamento. Por fim, quando acabaram com a maioria das coisas, Lalisa tirou o porta joias que guardava com tanto carinho em seu armário, tirando dali uma pulseira que a sua mãe sempre gostou de usar, sempre a via com aquele acessório no pulso e ficava extremamente lindo nela. Puxou Jennie para que se sentasse em seu colo, pegando o tal objeto e o colocando em seu pulso, olhando com os olhos brilhando ao ver que também ficara lindo em sua namorada.
- Amor, eu não posso aceitar isso...
- Porque? Você não gostou?
- É lindo, Lisa... mas era da sua mãe, deve ser importante para você...
- Você é importante para mim, Nini... e como a minha mãe sempre me dizia; um ato de carinho simples é bem mais importante do que algo tão elaborado e planejado.
As duas sorriram grudando as suas testas naquele quarto que agora seria de uma outra pessoa, pois Lalisa já havia passado muitas coisas ali, e agora, naquele instante ela iria focar apenas em seu futuro, em seu futuro junto a Jennie e apenas com Jennie.
[...]
- Ryder, quantos anos você tem moleque?
- Doze, porque?
- Ainda acredita em papai noel?
- Sh, para de estragar o natal dele, amor! - Chaeyoung esbravejou dando um belisco no ombro de Jisoo, que apenas mordeu a cintura da sua namorada como revanche.
Ryder não acreditava mais no papai noel, mas acreditava na magia que o natal trazia junto a ele, via a sua irmã e a sua melhor amiga conversando sobre algo banal, rindo sempre que Lalisa mordia levemente sua bochecha recebendo um murmúrio manhoso de Jennie que escondia seu rosto na curva do seu pescoço. Via Jisoo e Chaeyoung como duas adolescentes apaixonadas, um relacionamento tão engraçado e satisfatório de ver que ele pediu mentalmente para ser igual a elas quando crescesse, e sabia que nada daquilo seria daquele jeito se as dores no meio do caminho não fossem aplicadas, se mentiras não fossem contadas ou se ao menos sacrifícios fossem feitos, como deixar o seu grande amor ser feliz com outra pessoa, ou não confiar sobre algo tão impossível. Ele sabia que nada seria assim.
- Elas nasceram umas para as outras, amigos - o garoto sussurrou para os seus animais de estimação, sentindo orgulho dele mesmo por ter virado agora um menino mais suportável.
- Então, quando vocês duas iram me dar sobrinhos? - Jennie no mesmo minuto se engasgou com o suco que bebericava, encarando Jisoo com os seus famosos olhos de fogo.
- Chaeyoung, a sua namorada está louca para ser mãe sabia disso?
- Nossa, Kim, mas você é uma filha da puta mesmo.
Lalisa gargalhou alto ao ouvir aquilo, encarando a neve que caía lá fora, não achando ruim o fato de ter um serzinho a chamando de mãe. Olhou para Jennie com aqueles olhos cheios de esperanças e expectativas, fazendo a morena franzir o cenho e bater em seu ombro logo em seguida, negando com a cabeça já sabendo o que a sua namorada queria.
- Nem me olha assim, Lisa. Já conversamos sobre isso.
- Ryder está louco pra ser tio.
- Eu? - o garoto perguntou tirando a sua atenção voltada a Kuma e a Leo e olhando fixamente para Lalisa, que o estimulou a mentir com aqueles olhos pidões que apenas ela sabia fazer - Ah... sim, sim.
- E vocês dois estão loucos para receberem um tapa meu, vocês dois não, vocês quatro!
Lalisa não se importou com a ameaça vaga que a sua namorada empunhava naquele momento, apenas a abraçou mais forte pela a sua cintura ganhando a atenção da morena, que acariciou a bochecha de Lalisa recebendo um sorriso tão doce a fazendo ter certeza que tudo no final valeu a pena.
- O que foi?
- Nada... - a loira falou segurando o rosto de Jennie e deixando aquele suave selinho falar por ela - Eu apenas te amo.. apenas isso...
- Eu também amo você, Lisa...
Agora sim, o ar e a leveza pairavam entre aqueles presente naquela sala, para todos, e para sempre.
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Letras (Jenlisa)
FanfictionUma vida nornal, sem regras, sem arrependimentos. Era assim que Jennie Kim vivia. Do outro lado da parede, uma menina insegura, com traumas, com medo, e sem comunicação com o mundo. Isso muda quando Lalisa descobre um lápis e papéis de cartas.