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- Você... percebeu a queda de energia que teve no prédio? - mais uma vez, Jennie tentava se aproximar do seu irmão que comia em silêncio a macarronada que ela fez para o almoço. Ryder negou levemente com a cabeça, mas como também queria se aproximar de sua irmã, tentou se esforçar para falar algo.

- Eu... estava vendo alguns sites de constelações, não prestei atenção.

- Ah, você gosta de constelações?

- Elas são bonitas e impressionantes. Eu fico pensando, como o universo consegue criar algo assim? Tão espetacular e vibrante! - Jennie sorriu em ver a animação do seu irmão sobre aquilo, no mesmo instante lembrando de Lalisa, e que se caso um dia a conhecesse saberia que ela e Ryder se dariam bem. - Eu fiquei sabendo que daqui três semanas terá uma chuva de estrelas cadentes, sabe, aquelas nas quais as pessoas fecham os olhos e pedem alguma coisa.

- Ah sei! Você tem interesse em ir?

- Daqui três semanas completará um mês que estarei aqui, ninguém vai... poder me levar...

- Não me importo se ainda estará aqui ou não, podemos ir juntos.

- Sério?

- Claro.

- É... pode ser legal...

Os dois sorriram antes de serem interrompidos pelas batidas na porta do seu apartamento. Jennie se levantou, ouvindo uma porta do corredor ser fechada, algum vizinho talvez. Mas antes mesmo de abrir a porta notou um papel que fora passado por debaixo da sua porta. Apenas para garantir, Jennie abriu a mesma confirmando o que imaginava, não havia ninguém.

Então ela pegou aquela carta em uma espécie de folha mais grossa e mais resistente, não pensou duas vezes antes de abri-lo.

"Pessoas generosas mudam e ajuda pessoas fechadas ao mundo. Te achei generosa no elevador hoje, ainda sinto que não te agradeci o suficiente."

Jennie se lembrou na hora da menina loira na qual ajudará no elevador uns instantes atrás, ficando surpresa pelo o "agradecimento" diferenciado da garota. Ryder a observava com uma curiosidade infantil pairando sobre ele, sempre querendo saber o que tinha através das mensagens e agora, através daquele papel.

- Só um minuto, Ryder. Já volto.

Ele viu a sua irmã correr até o seu quarto e demorado mais ou menos uns cinco minutos ela saiu do apartamento. Lutando contra ele mesmo e o seu instinto curioso, ele resolveu esperá-la ainda sentado na mesa, o que não demorou muito para que Jennie voltasse se sentando lá novamente e o encarando.

- O que... foi isso? - ele perguntou perdido, mas não tendo certeza se teria alguma resposta.

- Am... nada, apenas continue comendo e me fale mais sobre essa chuva de estrelas cadentes que terá.

O garoto de onze anos nunca se sentiu tão especial em ter alguém o ouvindo e realmente prestando atenção nas coisas que ele falava, queria falar para Jennie o quão sufocado ele se sentia na mansão, como se sentia reprimido e solitário.

Lalisa depois de tanto procurar, achou uma cópia da chave de casa, já que a usaria para sair na madrugada da tão esperada noite das estrelas cadentes. Mas antes de voltar para o quarto, viu o mesmo papel que havia colocado por debaixo da porta de sua vizinha, então andou até ele, vendo que o verso estava com a escrita de alguém.

"Todos nós temos um medo, e o que mais queremos é que alguém não nos ache estranho pelo o medo. E foi isso que eu fiz. Não precisa agradecer, mas gostei do modo diferente para fazer isso."

Lalisa levou a carta junto a ela para o seu quarto, a guardando debaixo do seu travesseiro e logo ligando o seu notebook vendo uma nova mensagem de Jennie ali a sua espera.

96nini: Não sei, o tempo aqui aonde moro está louco, uma hora chove, outra hora neva, chegou até acabar a energia no meu prédio.

Cygnus97: Uau isso é uma grande coincidência, pois aqui essa mudança de tempo está frenética.

96nini: Aonde você mora, Lisa?

Cygnus97: Na Rússia, aliás adorei o apelido.

96nini: Realmente... muita coincidência, também moro na Rússia em Vladivastok.

Lalisa arregalou os olhos se arrumando na cama querendo dar alguns pulos de felicidade, elas eram da mesma cidade, óbvio que havia vários bairros na grande cidade, mas teria alguma vez uma chance delas se conhecerem.

Cygnus97: Eu também moro em Vladisvastok, perto do porto para ser precisa.

96nini: Eu... também.

A menina não se moveu, ficou surpresa e meramente feliz com aquilo. Uma nova amiga talvez? Elas tinha intimidade o suficiente para se encontrarem? Lalisa queria, queria muito se encontrar com Jennie, tinham vários assuntos bons em comum. Mas espera... Lalisa não teria a mesma sociabilidade, não pessoalmente, apenas virtualmente, aquilo atrapalharia ela e muito.

- A menina do elevador...

Rapidamente Lalisa se levantou, estava querendo usar a menina que ajudará no elevador para conseguir um possível desenvolvimento na fala e na comunicação. Era egoísmos pensar daquele forma?

Cygnus97: É legal saber que tem alguém tão legal possivelmente perto de mim.

96nini: Tenho o mesmo pensamento que o seu, poderíamos nos encontrar algum dia.

Cygnus97: Acho uma ideia incrível.

Lalisa digitou, mas se sentia nervosa com o papel de carta na mão e com a caneta, iria escrever mais uma vez para a sua vizinha e queria muito que a mesma pudesse ajudá-la de uma forma discreta, na qual ela não percebesse que estaria ajudando Lalisa e sim, apenas alimentando uma união e paz entre os vizinhos.

"Eu fiz alguns bolinhos de chocolate, talvez poderia te agradecer dessa forma no terraço do prédio as nove... acho que... te espero lá."

A loira respirou várias vezes antes de colocar aquele bilhete por debaixo da porta da sua vizinha, na real é que não havia feito bolinhos alguns, e esperaria a resposta de sua vizinha. Andando pra lá e pra cá, Lalisa pegou o momento certo que a menina do elevador empurrou o papel por debaixo da sua porta, saindo logo em seguida, Lalisa entenderia se recebesse um não, talvez estaria forçando a barra.

"Eu adoraria, te encontro as nove no terraço."

Ela já não sabia o que fazia sentido, a sensação de alguém estar conversando com ela indiretamente era bom, e era melhor ainda saber que uma futura amiga da internet poderia virar uma amiga real, uma amiga na qual se chama para ir a festas e baladas, na qual faz festas do pijama e falam sobre outros assuntos encantadores.

Estava animada em ter possível duas amigas, na qual algum dia poderia ter a confiança de Lalisa e ela poderia ser aquela menina de antes, a menina de dez anos cujo tudo foi tirado dela brutalmente.

Letras (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora