Capítulo 43

1.5K 126 15
                                    

RAFAELLA

Mais tarde naquele mesmo dia, combinei com Gabi de ficar com as crianças pois Gizelly ia até ao hospital visitar o Juiz e eu iria acompanha-la. Prometi que não voltaria muito tarde já que Gabi tinha um compromisso, ela estava de namorado novo.

Chegamos no hospital e logo avistamos Thelminha que nos deixou a par do estado do Juiz, nos acompanhou até a sala de espera onde sua esposa e irmã estavam e seguiu para o seu plantão. Gizelly e dona Michela já se conheciam, então me apresentou para as mulheres a nossa frente e voltou a dar atenção para a mesma, querendo saber detalhe por detalhe de sua situação.

Dona Michela nos contou de como aconteceu o acidente, e que o marido havia recebido algumas mensagens de ameaças semanas antes do acidente. Gizelly prestava atenção em tudo que a mulher falava e intercalava o olhar entre a mesma e eu. Eu sabia o que os olhares dela queriam dizer, nossa conversa foi interrompida pela médica que veio na sala atrás de Dona Michela com informações sobre seu marido. A médica que eu jurava nunca mais ver outra vez e automaticamente viro minha cabeça em direção a Gizelly ao meu lado e a encaro, desejando matá-la por alguns segundos.

- Boa noite, gente. Vim trazer notícias do paciente José Pedro Vilagram.- Drª Marcela diz.

- Sim doutora. Como ele está? - Dona Michela pergunta preocupada.

- Ainda está em coma mas conseguimos controlar a hemorragia no fígado onde foi perfurado pelos ossos da costela. Ele está reagindo bem a cirurgia mas não posso dizer que a reação está cem por cento.- A Drª respondeu.

- Posso vê-lo, doutora? - Gizelly pergunta me fazendo ferver mais ainda por está dirigindo a palavra à ela.

- Só posso liberar uma pessoa por vez, mas ainda não podem entrar na sala. Vai ter que assisti-lo por de trás da vidraça no corredor. Ele está isolado.-

- Pode ir doutora Bicalho, eu vou em seguida. Eu já o vi mais cedo antes da cirurgia.- Michela gesticula com as mãos.

- Vamos? - Marcela pergunta e Gizelly concorda seguindo-a.

Fico na sala tentando não transparecer meu incomodo, fazendo companhia para as duas mulheres confortando-lhes. Depois de um tempo, Gizelly volta sozinha e conversa mais um pouco com as mulheres antes de nos despedirmos e írmos para o carro. Combinou de visitá-lo mais vezes e finalmente seguimos em direção ao estacionamento do hospital atrás do nosso veículo. O caminho da área interna do edifício até a garagem foi silencioso da minha parte, da parte de Gizelly foi uma conversa monossilábica pois só ela falava sobre o Juiz deitado numa maca todo entubado.

- O que foi ? - Gizelly pergunta já na estrada.

- Você sabe o que foi.- Digo ainda encarando a janela olhando para rua.

- Ciúmes agora? Isso não é hora e nem lugar.-

- Médicos e enfermeiros passando pra lá e pra cá o tempo todo, e quem foi nos atender foi logo quem.-

- Vou nem continuar essa conversa, não quero brigar por bobeira.- Gizelly diz na direção sem olhar para mim.

- Você nunca quer conversar quando é com você.-

- Rafaella... Vai querer mesmo enfiar a Marcela no nosso meio de novo? Acho que tudo aquilo que aconteceu foi o suficiente pra você saber que não somos mais nada, nem amigas. Ela está trabalhando e foi profissionalmente educada com todos naquela sala. Ela era a enfermeira que estava no plantão e de frente da situação do homem lá.-

- Thelminha estava de plantão, Gizelly.-

- RAFAELLA, CHEGA! - Gizelly bate as mãos no volante.

Seu tom alterado me faz recuar estranhando aquela reação, pois ela nunca tinha gritado comigo antes nem algo do tipo. O restante do caminho foi tomado pela tensão que o rumo daquela conversa havia tomado até chegarmos em casa. No meio do caminho, Gabriela me manda mensagem perguntando se pode liberar a entrada de seu namorado para nos esperar chegar.

Chegamos e Gizelly passou a chave na fechadura da porta e quando a porta foi aberta, passou direto para o quarto cumprimentando Gabriela e a visita com um boa noite seco. Gabi estava na cozinha lavando o louça que havia usado para a janta da Maitê, fui em direção a geladeira cumprimentando a loira a minha frente.

- E ai, Gabi. Como foi tudo por aqui?- Perguntei antes de levar o copo de água à boca.

- Tudo bem! Eles estavam quietinhos hoje.-

- Hum, ta liberada ta?! Pra sair com seu menino.- Digo cutucando sua costela fazendo cócegas.

Vou até a sala onde minha filha está brincando no tapete para cumprimentar o rapaz. Meu coração vai até a boca e volta ao ver a segunda pessoa menos desejada em minha frente.

- O que faz aqui? Ta maluco?- Digo sussurrando.

- Esperando minha namorada.-

- Pierre! Você tem que sair daqui agora. Se Gizelly voltar para sala e te ver aqui eu não sei o que vai acontecer.- Digo olhando para o corredor me certificando de que Gizelly não irá aparecer.

- Eu quero conversar com você. Você não me responde, não me atende.-

- E preferiu me perseguir através da menina que me ajuda com as crianças? Não coloca ela nisso. Isso já foi resolvido entre nós dois, não temos mais o que conversar.-

- Foi a maneira que eu achei de chegar até você.-

- Eu já sei o que você quis comigo, por favor vai embora. Gizelly não ta boa hoje.-

- Por favor, me de uma chace de explicar tudo. Prometo que você vai entender.-

Nosso tom de voz era baixo, minha mente dava voltas. Meu coração disparado e o nó feito em minha garganta. Temia na volta de Gizelly para a sala, eu não sou capaz de imaginar o que possa acontecer se ela aparecesse. Nossa pequena discussão é interrompida pela voz de Gabi atrás de mim. Me fazendo pôr as mãos no peito com os olhos arregalados. Torcendo para que ela não percebesse a situação constrangedora em que me encontro.

- Vamos? Ah Rafa, não te apresentei porque vocês já se conhecem.- Diz enquanto Pierre a segue até a porta.
- Tchau, boa noite e qualquer coisa me chama ta?!-

- Obrigada, Gabi. Pode deixar.-

Levei-os até a porta e quando fechei, Gizelly aparece na sala. Meu coração novamente dispara só de pensar que em segundos, Pierre estava na nossa sala sentado no nosso sofá. Ia dar muito ruim se Gizelly o visse aqui. Vou em sua direção apenas para pegar minha filha no colo, levando para o quarto junto comigo. E quando estou adentrando o corredor, sinto sua mão puxando meu braço.

- Ei, desculpa ta? Desculpa por ter sido estúpida com você.-

- Você gritou comigo, Gi. O que houve naquele hospital pra você ter voltado pra casa transtornada?-

- O estado em que o Juiz estava naquela maca me desestabilizou e acabei descontando em você.- Gizelly diz soltando meu braço caminhando comigo até nosso quarto.

- Me desculpa também, eu fiquei com muita raiva quando vi a Marcela naquele lugar falando com a gente como se nada tivesse acontecido.- Digo colocando Maitê sentada na cama com seu brinquedo na mão.

- Se não fosse o local de trabalho dela, nós não estaríamos perto uma da outra.-

- Eu sei, Gi. Desculpa, sei que ta muito difícil pra você.-

- Vamos deixar isso pra lá. Estou realmente muito mal por ter gritado com você.-

Colei nossos lábios em forma de carinho, pois vi em seu olhar o arrependimento e senti um aperto no peito a vendo naquele estado.

- Vai ficar tudo bem! -

Felizes Para Sempre ?¿ (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora