Capítulo 22

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RAFAELLA

Eu tinha um café da tarde marcado com Pierre aquela tarde para entregar sua jaqueta e conversar um pouco. A amizade que tinha sido construída entre nós era algo que eu não tinha a muito tempo com um homem, minhas amizades ー Aqui no Rioー são tudo femininas. Gizelly me pegou desprevenida com sua mensagem dizendo que não iria mais viajar. Que desculpa eu teria ? Não gosto de mentir nem esconder nada para minha esposa mas sei que ela não entenderia essa amizade repentina, por isso ando adiando o assunto.

Agora estou eu aqui, sentada na cafeteria esperando impaciente, volta e meia olhando as horas em meu telefone celular. Não podia demorar, afinal, Manu falou muito em minha cabeça e me deu duas horas para chegar em casa. Pois ela iria estar lá me esperando com minha filha. Eu não sei o que ela ta pensando, mas sei que não gosta nada nada dessa minha nova amizade.

- Tá longe em.- Pierre me tira dos pensamentos.

- Ôh se tô.-

- Tudo bem? Olha o rapazinho, cadê a menina? -

- Ta com a Manu. Aqui, pega logo antes que Gizelly veja isso de novo e resolva pôr fogo.- Digo rindo entregando sua jaqueta.

- Minha jaqueta deu trabalho? - Ele retribui o humor.

- Quase.-

- Te peço desculpas, se...-

- Ei, não precisa pedir. Ela não disse nada.-

- Ela parece ser uma esposa e tanto pra você.-

- Ela é. Só que ultimamente não estamos muito bem.-

Pierre e eu, já tínhamos nos encontrado algumas vezes. Ao contrário de algumas semanas atrás, eu estava me sentindo confortável em conversar abertamente com ele sobre alguns assuntos. Conversamos por mensagem todos os dias e toda semana nos encontramos pelo menos uma vez, a gente conversa, rir... Mas de alguns dias pra ca, tenho me sentindo estranha. Eu andava reparando-o mais que o normal, algumas coisas mexiam comigo e eu já estava ficando preocupada, por isso resolvi vim nesse café. Precisava resolver de uma vez isso.

- Rafa? - Ele estala os dedos - Ta no mundo da lua mesmo em. Me diz o que houve.-

- Já estou resolvendo. Só brigamos essa semana mas não foi nada demais. Pierre, eu tô aqui pra conversar com você. Não podemos mais ficar nos encontrando.- 

- Que isso, por que? -

- Não ta certo! Não quero fazer isso com a Gi.-

- Rafa, não estamos fazendo nada demais.-

- Estamos Pierre, estamos sim. Você flerta comigo todo dia...-

- E você não me da bola.-

- Não dou porque não sou assim, e esses nossos encontros estão mexendo comigo.- Confessei e o mesmo ficou em choque.

- Olha.- Pigarrou a garganta antes de retomar a fala. - Eu me sinto lisonjeado com o que acabei de ouvir, mas você não manda em seu coração.-

Ele pega em minha mão em cima da mesa fazendo atrair meu olhar em seus movimentos, mas rapidamente tiro minha mão de baixo da sua gentilmente.

- Pierre, eu amo a Gizelly. Você não sabe da missa um terço, tudo que vivemos até aqui. Nós estamos passando por uma crise e vamos passar juntas.-

- Rafa, foi você mesma que me disse que ta desconfiada de que ela ta traindo você. Até quando vai negar seus sentimentos?-

- Até quando? - Pergunto confusa.

- Sim, você pode enganar a si mesma mas a mim você não engana. Eu venho percebendo seu interesse, eu só não quis forçar a barra.-

- Pierre... Pelo amor de Deus.- Digo levando uma mão até a tâmpora balançando a cabeça negativamente.

- Vou continuar não forçando a barra, mas não vou desistir de você.-

- Preciso ir agora, Gi deve estar chegando em casa.-

O caminho de volta para casa parecia mais longo, foi a pior conversa que já tive com Pierre. A tensão naquela mesa era gritante, minha cabeça parecia que ia explodir. Eu não sei o que fazer, eu amo a Gi mas ela não estar mais por mim como ela era antes. Eu não sei o que pensar nem o que dizer a ela, eu só queria minha mulher de volta como ela sempre foi pra mim. Estávamos cada vez mais distante e isso me matava a cada dia. Assim que abro a porta da minha casa, vejo Manuela em pé na sala de braços cruzados e Gizelly sentada no sofá brincando com nossa filha no colo.

- Perdeu o endereço? - Manu dizia com uma feição nada boa.

Chego perto do sofá e me inclino pra pegar minha filha no colo disfarçadamente ignorando a pergunta irônica da minha amiga, dou um beijo em Gizelly e me afasto com minha filha em meu colo.

- Tudo bem? - Gizelly pergunta indo em direção ao carrinho do bebê.

- Estou com dor de cabeça, só isso. Vou me deitar, pode ficar com eles?-

- Posso ué.- Gizelly diz pegando Maitê do meu colo.

- Rafaella já viu que horas são? - Manuela diz assim que entramos no quarto atraindo minha atenção para o relógio apontando 21h30.

- Manu, pelo menos já resolvi esse assunto. Não vou mais me encontrar com ele.-

- Tá me escondendo alguma coisa? (...) Rafaella?-

- Não, claro que não. E para de me chamar de Rafaella.- Digo e ela continua me olhando. - Ta Manu, eu estou me sentindo atraída por ele.- Digo quase sem voz fazendo a mais baixo abrir a boca. - Mas já acabou.-

- Não era nem pra ter começado.-

- Ando sentindo mais raiva que tesão na Gi, ela tem outra Manu. Olha meu estado, tô carente.-

- Você nem sabe se a Gi tem mesmo outra na rua, Rafa.-

- Para de defender, Manu.- Digo com voz de choro.

- iii, estão brigando é?! - Gizelly diz entrando no quarto nos assustando.

- Já estou indo. Tchau Gi.-

- Tchau, Manu.-

Gizelly responde e me olha perguntando com o olhar o que acabou de acontecer, eu nego com a cabeça e vou em direção ao banheiro.

- Ei, por que você não deixa eu preparar um banho pra você? Pra você relaxar um pouco?- Gizelly diz vindo em minha direção.

- E as crianças? -

- Vou colocar eles na cama e já venho.-

Algum tempo depois, Gizelly aparece no quarto indo em direção a banheiro, eu estou deitada na cama lhe esperando. Enquanto isso, meus pensamentos viajavam mais um vez. E se a Manu estiver certa? Mas se estiver enganada? E se aquelas ligações realmente for a Tábata? Mas pra que tanto mistério nas ligações? E por que toda vez que eu pergunto, ela fica nervosa?

- Ei ? Rafa? -

A voz abafada de Gizelly por trás do vidro me despertou quando ela bateu as mão no mesmo, chamando-me para a banheira. Levantei e fui em sua direção, o cheiro estava bom, cheiro de erva doce e vários sais desmanchando pela água que estava morna. Tirei o roupão e entrei com uma perna por vez, me sentei e relaxei. Gizelly estava sentada na beira da banheira que fez um coque em meus cabelos e começou uma massagem em meus ombros. Joguei minha cabeça para trás e fechei meus olhos.

Felizes Para Sempre ?¿ (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora