Capítulo 59

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GIZELLY

Meu celular despertou às seis horas da tarde, levantei no susto. Dormi demais! O quarto já estava escuro, pois o sol já tinha se posto. Levanto e vou até a sala onde vejo Rafa dando a janta da nossa filha que já esta arrumada em sua cadeirinha enquanto o bebê esta em seu bebê conforto só de frauda. Assim que eu apareço, Rafa pede para que eu coloque a roupinha do menor que esta separada no braço do sofá. Assim que fiz o que me pediu, volto para o quarto procurando uma roupa legal para jantar fora com a minha família.

Quando tudo já está pronto, desligamos as luzes da casa e seguimos para o estacionamento atrás do nosso carro. No caminho, resolvemos onde iríamos comer.. Chegamos num acordo, restaurante de frutos do mar. Toca da Traíra, na Barra mesmo. É um lugar muito bom e aconchegante, em frente a praia. Assim que chegamos, o garçom já veio logo trazendo a cadeira infantil para Maitê.. Sentamos numa mesa no canto do restaurante pois tínhamos levado o carrinho de passeio do bebê, é um carrinho pequeno mas mesmo assim, não queríamos atrapalhar na passagem dos corredores entre as mesas.

Pedimos uma porção de camarão, adoro camarão e parece que nossa filha também, pois a mesma já foi com a mãozinha direto no prato. Isso fez Rafa arregalar os olhos e rapidamente repreender a pequena educando-a, fazendo a mesma fechar a cara e em seus lábios formar um bico. Isso me fez querer rir, mas eu tinha que segurar. Logo, Rafa põe um camarão na mão dela e observa a mesma leva-lo até a boca.

- Meu Deus, Maitê. A comida não vai fugir.-

- Deixa ela, Rafa. Pelo menos ta comendo.-

- Desse jeito não.-

O garçom trás nosso pedido e uma garrafa de vinho, a tensão na mesa cresce ao passar do tempo. Fico pensando em como começar o assunto, não queria que a conversa fosse pesada e nem que terminasse mais uma vez em discussão.

- Gi ? - Rafa me tira dos meus pensamentos passando a mão na frente do meu rosto. - Tô falando...-

- Oi, vida.-

- Ta viajando aí.. Vamos conversar ou vamos ficar nesse silêncio?-

- Eu não sei como começar, não quero que briguemos outra vez por esse assunto....- Paro um pouco pra beber meu vinho. - Quero me desculpar com você, e quero saber como foi a sua conversa com o filho do Carlos.-

- Bem, antes de começar quero te pedir desculpas também. Por ter feito grosseria com você lá no escritório, apesar que você pediu para eu ser grossa. Eu não ia chamar ele lá até a Marcela me parar no hospital e me contar o que ela disse pra você. Eu fiquei chateada, fiquei com ciúmes, você não me disse nada.- Rafa dispara tudo de uma vez com seu jeito calmo e paciente de ser.

- Eu fiz errado de não te contar, mas eu não queria causar tudo isso. Não queria que você ficasse com ciúmes ou chateada.-

- Eu fiquei com tanta raiva que acabei chamando ele.-

- Por pura pirraça né?! -

- Não, porque eu queria saber o que ele tinha para falar sobre o pai dele. Só não chamei porque você não gostou da ideia, mas como você conversou com a Marcela né?!- Diz dando um gole em sua taça.

- Eu não conversei com ela, ela me parou assim como parou você. Disse o que tinha que dizer e saiu. Eu não dei muito importância pelo que ela dizia, até me senti mal depois por ter sido ignorante de nem olhar pra ela.-

- Se não foi nada demais, porque não me contou? Sei que você quis evitar qualquer tipo de desconforto em mim, mas se não foi nada demais eu não ia ficar desconfortável.- Diz levando um camarão até a boca.

- Porque eu sou uma idiota que acredita nas pessoas. Fiquei com medo ué, de você falar qualquer coisa e eu sem querer defender ela.-

- Você não é idiota! Você tem um coração bom. Só que as vezes temos que estar ligadas nas coisas. Você só precisa se ligar mais.-

- Ela falou algo a mais? - Pergunto.

- Não! Me pediu desculpas, achei até sincero da parte dela. Mas confiei desconfiando. Só não gostei de saber que ela vai estar te esperando quando eu não estiver mais aqui.-

Rafa diz limpando a mão da nossa filha com sua frauda de pano e entregando o celular para a mesma assistir seus desenhos. A pequena já tinha enjoado de ficar sentada e fazia menções de escorregar por baixo da cadeira querendo ir para o chão. Assim que entrega o celular na mão da menor, parece que deu acalmante para ela.

- E esse dia, por um acaso vai chegar?- Pergunto.

- Depende de você! -

A resposta me fez engolir seco, não sei o que será da minha vida sem Rafa e as crianças. Se estar com ela para o resto da minha vida depende de mim como ela mesma acabou de dizer, vou fazer o possível e o impossível para que seja eterno.

- O que o rapaz te disse? - Pergunto mexendo na lagosta em meu prato.

- O que já temíamos, ele se aproximou de mim de propósito. Queria te desintabilizar para você largar o caso e parar de defender o rapaz inocente como todos os advogados fizeram. Só que....- Rafa faz uma cara de preocupada levando a taça até sua boca novamente.

- Só que.....? - Pergunto

- Ele se envolveu emocionalmente e não quis mais seguir o plano do pai dele. E os dois brigaram.-

Rafa diz e eu continuo em silêncio pensando em suas palavras "Ele se envolveu emocionalmente" e tudo vem à tona em minha mente, quando ela me contou sobre seus passeios, as conversas e o beijo que deram no dia do nosso aniversário de casamento.

- Ele disse que o pai dele estava sendo perseguido por esse empregado e que estava correndo risco de morte dentro da própria casa. Até que no dia do assassinato esse empregado que estava com sangue nos olhos por ter sido demitido, invadiu a casa com a ajuda de alguém lá de dentro mesmo e por pouco não matou o pai dele. Disse também que o pai dele não vai sossegar até você desistir. E disse que se souber de mais alguma coisa, ele vai nos procurar para nos alertar.- Dispara de uma só vez, enquanto espreme o limão no polvo em seu prato.

- Ele ta apaixonado por você, é isso?-

- Você só ouviu até essa parte?- Para o que está fazendo me olhando por cima.

As coisas que Rafaella dizia, eu ouvia mas não prestava atenção.. Solto a pergunta no impulso e logo me arrependo, preciso confiar nela. Depois de toda essa briga, eu nao conseguia pensar com a cabeça quente, mas parando para analisar a situação agora com mais calma, percebo que ela fez com o intuito de me ajudar a arrancar informações do rapaz.

- Desculpa.. A Tábata anda recebendo ameaças e ta preocupada dessas ameaças chegarem até a mim.-

- O que pretende fazer? -

- Eu não queria ter que me esconder toda vez que eu pegasse um caso assim. Já é a segunda vez que isso acontece.. Eu sei que é cansativo para você e as crianças, ainda mais agora que temos mais um e....-

- Ei ?? - Rafa me interrompe pegando em minha mão sobre a mesa. - Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na bonança e nas dificuldades... Lembra?- Pergunta e eu aceno com a cabeça. - Vamos resolver isso juntas, ok? Por que não aproveitamos essa viagem das meninas?-

- Eu pensei nisso mais cedo.- Digo e o silêncio se instala outra vez. - Obrigada ta? Você não sabe o quanto me faz forte.- Digo deixando um beijo estalado em sua mão.

- Eu só não sei porque não tivemos essa conversa, ao invés de uma engrossar com a outra.- Rafa diz soltando um ar de riso levando um pedaço da comida à boca.

- Porque eu já disse, sou uma idiota.-

- Então somos! -

E naquele momento, descobri que o amor é o último sentimento antes de uma briga e o primeiro depois da reconciliação.

Felizes Para Sempre ?¿ (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora