Capítulo 76

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GIZELLY

Na manhã de sábado, levantei um pouco mais das nove da manhã e percebo que Rafa já está de pé. Antes de eu sair do quarto, vou até o banheiro e tomo um banho. Me ajeito antes de sair do cômodo, pois eu iria visitar o Juiz a qual tinha combinado com a esposa de almoçarmos juntos. Já tinha avisado Rafa sobre o almoço e ela não pôde me acompanhar, pois precisava sair com sua mãe para resolver as coisas sobre o aniversário da nossa filha.

Saí do quarto e ela já estava ajeitando as crianças, antes que eu possa ir até a casa do Juiz eu a deixaria na casa de sua mãe. Terminei de ajuda-la com as crianças enquanto ela ia até o quarto se ajeitar. Não demorou muito para que estivéssemos já no elevador descendo em direção ao estacionamento do condomínio encontrando meu carro na vaga em frente ao nosso prédio.

Coloquei Maitê em sua cadeirinha enquanto Rafa sentava em seu banco ao lado do meu, amamentando Frâncis.

Liguei o carro e dei partida, o caminho foi todo em uma conversa amena. Conversávamos sobre o aniversário de Maitê, temas, comidas, buffet, tudo. Até que chegamos a uma decisão de tudo que teria na festa da pequena. Foi tão rápido que nem percebemos que estamos no portão da casa de seus pais. Ajudei a descer as crianças e levei até uma certa distância dentro do grande terreno até que eu tenha noção de que Rafa consiga levar os dois para dentro da casa sozinha. Me despeço da mesma combinando o horário em que iria passar para busca-la e volto para o carro.

***

Cheguei na grande casa no Aterro do Flamengo e me identifiquei pelo interfone e pela câmera de segurança. Prontamente, ouvi o barulho do portão se abrir e entrei quintal à dentro avistando de longe dona Michela me esperando na varanda. Cheguei mais perto e a cumprimentei com dois beijos em cada lado do rosto e um abraço apertado. A mulher me guiou até a área interna da casa e encontrei com o Juiz sentado em sua poltrona na sala de estar.

- Doutora Bicalho, que alegria recebe-la em minha casa.- O mais velho faz menção em se levantar mas eu o impeço.

- Não precisa se levantar Senhor Juiz. E sim, é uma alegria imensa estar aqui, te vendo inteiro e saudável. E por favor, me chame de Gizelly fora dos tribunais.- Digo e o mesmo rir.

- Ah, então me chame apenas de José Pedro também.-

- Vamos para a mesa? Já está tudo pronto.- Dona Michela chama nossa atenção. 

Sentamos a mesa e comíamos entre um conversa e outra. Falamos sobre nossas famílias, expliquei o porquê de Rafa não ter vindo e os anfitriãs da casa entenderam. Falei sobre meus filhos e eles também falaram sobre os seus até que o assunto foi para um lado mais sério.

José Pedro me contava que o freio do carro parou de funcionar quando voltava para casa depois do expediente, assim que terminou uma audiência de custódia e por sorte, estava sozinho. Pois o carro capotou com ele dentro, o que o impediu de sofrer danos mais graves foi o airbag que foi acionado e o cinto de segurança.

- E o que o senhor acha disso tudo?- Perguntei sabendo da resposta, mas não queria influenciar em seu raciocínio.

- Minha filha, eu não posso te dizer com todas as letras mas como o resultado da perícia deu que a manutenção do carro foi alterada, sabemos que foi proposital. O que eu não posso afirmar é quem foi o mandante.-

- O senhor acha que pode ter sido o Carlos?-

- Ele está a minha lista de suspeito. Naquele dia eu tive duas audiências de custódia e uma delas eu bati o martelo acusando o réu.-

- O Carlos chegou mandar algum recado para vocês?-

- Chegou algumas mensagens de ameaças mas era número privado. Mas eu não levei a sério, acontecia com freqüência...-

- A sério, levávamos né filho?!- Dona Michela o interrompeu. - Só não nos prendíamos muito a isso, por estarmos acostumados.- Completou.

- É mas não pode levar tudo na comodidade, olha ai o que aconteceu.- Digo me referindo ao acidente. - O pior é que com a profissão que exercemos, não temos como saber quem anda nos ameaçando.-

Passamos a tarde conversando sobre o assunto e outros mais, até que me liguei que o dia já tinha passado e eu tinha que buscar a Rafa e as crianças na casa de sua mãe. Me despedi dos moradores daquela casa e combinamos que eu voltaria com a Rafa e os pequenos para passarmos o dia. Entrei no carro e fui em direção a Barra da Tijuca, na casa dos pais da minha esposa.

Chegando, só encontrei meu sogro que me dizia que Rafa e dona Genilda ainda não haviam chego da rua. Tomamos um café e conversamos um pouco até que as mesmas adentram o quintal com as crianças no colo adormecidos.

- Gi, pega as bolsas no carro da minha mãe e põe lá no nosso?!- Rafa pede e eu vou acatar seu pedido.

Em seguida, pego Frâncis do colo da minha sogra e ponho em sua cadeirinha enquanto Rafa põe Maitê na sua.

- Mãe, não vou nem sentar. Estou tão cansada que se eu parar eu não levanto mais.-

- Vocês foram com eles?- Pergunto espantada.

"Como conseguiram fazer as compras com duas crianças agitadas?!" Penso

Rafa assentiu e sentou em seu banco. Fiz o mesmo ligando o carro e me despedindo de dona Genilda.

- Por que não disse que levaria eles? Eu ficava com eles em casa.- Digo já no caminho, atraindo a atenção de Rafa.

- Porque eu sabia do seu compromisso, e não foi tão ruim assim. Coloquei eles dentro do carrinho de compras da loja.- Diz com os olhos no celular com uma de suas mãos espalmada em minha coxa, como ela sempre fazia. - Nossa meu bem, olha que bolsa linda!- Diz mostrando a tela do celular. - Linda, amor.-

- Olha o preço. O que tem de linda, tem de cara.-

- Pois é.. Murchei.- Suspirou pesado e eu rir com a cena dramática.

Chegamos em casa e o zelador nos ajudou com as bolsas, já que estávamos com as crianças nos braços. Com a movimentação que fazíamos, os pequenos acordaram e assim que entramos no apartamento, colocamos eles no sofá da sala e enquanto fui ajudar o rapaz a entrar com as bolsas, Rafa ligava a tv com desenho para eles. Eu olho a quantidade de bolsa sobre o chão da entrada de casa e só pensava.

"Não era só um bolinho?"

Felizes Para Sempre ?¿ (GIRAFA)Onde histórias criam vida. Descubra agora