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A hora mais sombria é sempre a que precede o amanhecer

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A hora mais sombria é sempre a que precede o amanhecer.
— Livro o Símbolo Perdido.

Deitada no chão frio, a ardência permanece em meu rosto, estava cansada, faminta, e por isso agi por impulso e joguei a bandeja que por um impasse não o acertou; senti arrependimento  de imediato, ver seu rosto retorcido num ódio absoluto, senti que minha vida seria encerrada ali — sua mão ao redor do meu pescoço, a forma despreocupada com que me sufocava, vi em seus olhos azuis o prazer que sentia com tal ato, como em meio ao azul profundo de suas íris, as sombras residiam ali, estava prestes a desmaiar quando por fim me soltou e se foi, deixando-me novamente no escuro, desamparada, diante a tais circunstâncias, era melhor do que estar diante de sua maldita presença.

“ Irei te alimentar quando achar que está perto de morrer.”   

Sua promessa veio se mantendo conforme os dias passavam, não tinha ideia do tempo em que estou nesse lugar maldito, sem janela alguma, composto pelo necessário, havia apenas uma entrada de ar, não sei se meu corpo havia entrado no modo de sobrevivencia, todavia, o local era quente demais, depois frio demais, minhas necessidades fisiológicas provinha de um sanitário que havia ali, não tinha pia, o cheiro pela falta de banho me deixava tão enjoada quanto a fome, meu estomago doia, a garganta seca, ansiando por um pouco de água — aquele filho da puta realmente vai me deixar definhar nessa merda de lugar, semelhante a uma cadeia ou um porão. A fraqueza tomou cada parte de mim, passava horas a fio dormindo, tentei andar um pouco, algo simples, mas que exigia algo que infelizmente não estava apta…encarando o teto cinza chumbo, pensei nos meus pais, em meu namorado, em como estão preocupados com meu desaparecimento, me pergunto se chamaram a polícia, ou estão me procurando por conta própria antes de procurar as autoridades. 

Um fato que consto, é que sei que  o homem que me sequestrou não tem a mínima pretensão de me deixar ir embora. Ao menos não com vida.

Tento manter-me acordada, minha visão estava turva, ainda sim consegui ouvir passos, o ruído da porta sendo destravada, quis lutar, quis me soltar daquele que me pegou nos braços, todavia, o que pude fazer era aceitar, não importando o que fosse acontecer comigo. Só desejava morte rápida, sabendo que não teria isso…que meu sequestrador tinha planos para mim, dos quais não sei e francamente não faço a mínima questão de saber. Minha consciência veio num susto, abro meus olhos e encaro a escuridão, algo prendia meus braços, tentei puxar, sentindo o aço apertando ainda mais meus pulsos — engoli em seco, grunhindo e chorando.

— Continue tentando de soltar e terá os pulsos esfolados. — paro do mesmo instante em que a voz profunda e rouca veio de algum ponto do quarto. 

A luz auxiliar alaranjada como o pôr do sol iluminou o cômodo,  o vejo sentado na cadeira de frente para cama, o tronco despido, numa postura imponente, digno de um rei tirano, os fios escuros estavam um pouco desalinhados, não afetando em nada na aparência, vi o suficiente para temer o propósito em que fui posta sem consentimento.

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