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No azul profundo as estrelas eram cintilantemente esverdeadas, amarelas, brancas, cor-de-rosa, de um brilhante mais vítreo do que em casa – mesmo em Paris: chame-se-lhes opalas, esmeraldas, lapis lazuli, rubis, safiras

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No azul profundo as estrelas eram c
intilantemente esverdeadas, amarelas, brancas, cor-de-rosa, de um brilhante mais vítreo do que em casa – mesmo em Paris: chame-se-lhes opalas, esmeraldas, lapis lazuli, rubis, safiras. Certas estrelas são amarelo-limão, outras têm um rubor rosa, ou um verde ou azul ou um brilho que não se esquece. E sem querer alarga-me neste assunto torna-se suficientemente claro que colocar pequenos pontos brancos numa superfície azul-preta não basta. 
— Vincent Van Gogh.


JÉSSIKA VELARK



Ao passarmos pelas portas duplas do hospital Dr. Denyel já nos espera na recepção, Sebastian preencheu a ficha antes de seguirmos para a sala de exames, permaneço quieta, caminhando ao seu lado sem opinar em absolutamente nada. 

— Fico satisfeito por mudar de ideia, senhor Velark — o mais velho parecia totalmente aliviado — Está de acordo com a internação?

Olho para ele e o vejo um pouco receoso mas logo concorda, meu alívio permanece juntamente com a preocupação de seu estado ter se agravado ou algo dar errado.

— Poderia responder algumas perguntas antes?

— Sim. 

— Fez algum esforço nos últimos dias? 

Meu coração acelera, lembro do que ocorreu e sinto meu rosto corar de vergonha, mesmo ouvindo sua resposta que obviamente fora uma mentira não deixo de me sentir desconfortável.

— Certo, uma enfermeira irá acompanhá-los até o quarto.

Deixamos o consultório e seguimos até seu respectivo quarto, que ao meu ver era em uma realidade totalmente diferente da minha e de milhares de pessoas. A vista era deslumbrante, o leito parecia bem confortável, havia uma mesa arredondada perto da parede de vidro, o banheiro bem equipado, para meu alívio havia um divã de ouro branco. 

Opto por tirar as coisas da mala e deixar no armário em tons amadeirados, entro no banheiro apenas para deixar os itens de higiene e retorno, quase batendo o rosto no peitoral alheio.

— Poderia parar de andar de um lado a outro, por favor! — sua voz era tranquila, todavia, as orbes azuis exalam tempestades.

— Preciso pedir que façam uma mala para você, não trouxe muita coisa — digo. — Melhor trocar suas roupas pelas do hospital.

— Tá bom. 

O vejo tirar o relógio e deixando no móvel ao lado da cama, pensei que tiraria a aliança mas não o fez, decido me ocupar com algo enquanto o mesmo tirava as roupas sem a mínima pretensão de ir para o banheiro. 

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