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A vida é um processo constante de morrer

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A vida é um processo constante de morrer.
— Arthur Schopenhauer.

Acordei exausto, ter dificuldades para dormir não era novidade, portanto o cansaço é deveras conhecido, checo o horário antes de levantar e seguir ao banheiro, ter uma hóspede metros abaixo me deixou ainda mais ansioso e nervoso devido ao seu desespero que era exatamente igual a última que tive — removo minhas roupas e adentrei o box de vidro fumê, a água quente veio em jatos fortes contra meu corpo, aliviando a tensão e dissipando os resquícios de uma noite em claro. Voltando ao quarto, à medida que me visto analiso o tempo fechado através da imensa janela de vidro, ajeito a camisa de algodão branca conforme saiu do quarto e sigo para o andar superior, a mesa de café estava posta, a tv exibe as primeiras notícias da manhã, sirvo de café fresco sem açúcar, meus pensamentos voltados para a mulher ainda presa nas amarras,  para o medo que vi em seus olhos castanhos, para os lábios fartos e ressecados pela falta de água —- será interessante ver até onde posso leva-la ao inferno e fazer com que pereça dentro dele. 

Diante da porta de aço, insiro minha digital para destravá-la, entro e a vejo adormecida, o rosto pálido e úmido pelo choro latente, deixo a bandeja no móvel mais próximo e tiro uma faca pequena do bolso frontal da calça, o barulho ainda que baixo a despertou, o susto em meio ao pavor da situação na qual está era exibido no rosto pálido e pupilas dilatadas.

— Irei tirar as amarras apenas para que coma. — Comunico sem pestanejar, numa calma robótica.

Seu semblante se franziu em descrença, algo parecia passar por sua mente à medida que seguro a corda e a corto com a lâmina afiada — O que quer que esteja pensando, sugiro que repense, para seu próprio bem. — ameaço.

Jéssika continua em silêncio, massageando os pulsos feridos com alguns resquícios de sangue ao se sentar na cama, mantenho o cenho sem exibir absolutamente nada que pudesse evidenciar meus supostos propósitos. Seus mirones capturam a bandeja, estalou a língua e sorriu em demasia.

— Coma ou morra de fome, não me importo. — viro para sair dali, todavia, meus reflexos rapidamente me fez virar o corpo para direita antes da bandeja me acertar, travo o maxilar conforme me viro e a vejo de pé, ofegante, quase me desafiando. 

— Inteligente, mas nem tanto. 

Esta recuou o máximo que a câmara permitia, avanço para segura-la, sua palma esquerda acerta meu rosto, fúria percorre minhas veias, empurro-a contra a parede e a seguro pelo pescoço, encaro seu rosto numa máscara de agonia por não conseguir respirar, algo quente umedece meu lábio inferior e pelo gosto era sangue — grunhi próximo de seu rosto, ignorando a dor que suas unhas causavam em meus braços expostos.

—- Deveria ter me obedecido, sua filha da puta. — devolvo o tapa, virando seu rosto de modo brusco, analisando as lágrimas escorrerem por seu rosto corado, era como analisar uma obra de arte de Edvard Munch. — Irei te alimentar quando eu achar que está perto de morrer. — prometo. — Boa sorte.

A jogo no chão e me viro seguindo para a porta, bato a porta e volto ao andar superior.

— Cadela maldita. — Amaldiçoo. 

A chuva veio sorrateira, depreciando tudo em sincronia com o céu escuro pelas nuvens carregadas, a fim de ignorar meus anseios impulsivos vou diretamente para academia, onde permaneci por quase quatro horas antes de receber alguns e-mails e mensagens da minha secretária — pensar na raiva que Jéssika me despertou me trouxe ideias absurdas, onde grande parte era sobre matá-la.

Em meu escritório avalio o contrato de uma nova empresa que irei inaugurar, ligo para alguns arquitetos responsáveis para me certificar de que tudo está em perfeita ordem; meu almoço veio tardio, conquanto, como em silêncio, ignorando as ligações de Maddison.  Por volta das três da tarde sou interrompido por batidas na porta antes de minha governanta surgir pela fresta.

— Desculpe-me pelo incomodo, mas a doutora Maddison está aqui. 

— Mande-a entrar. 

Levanto da cadeira de couro e encosto alto, sirvo de duas doses de Macallan e espero, vendo-a em instantes me observando, seu terno simples lhe dava um aspecto intenso e intimidador, os lumes azuis piscina parecia preocupado.

—  Posso saber qual o motivo de sua ilustre visita? — desdenho. 

— Cancelou as sessões, o que me deixou intrigada em saber o motivo! 

— Não é preciso. — digo sereno. — Grande parte da minha ida ao seu consultório é pelo fato de sua visão em certas questões soam diferente das minhas. 

— Na última vez em que esteve lá, parecia nervoso e agitado. — Relembra.

— Ih daí? — questiono impassível. — Tudo está em perfeita ordem. Acho que é um momento propício para se aposentar e aproveitar sua vida, ou o resto dela. 

— Certo. — Seu olhar para mim era brando. — Lhe desejo sorte para enfrentar o que quer que tenha sanado sua ansiedade e agonia. Precisando sabe onde me encontrar, Sebastian. 

Assinto num menear positivo, a vejo ir após negar gentilmente que eu a acompanhasse até o carro, Maddison era a única que eu permitia que fosse ríspida e direta comigo, sou grato por sua ajuda em muitos aspectos, e nenhum deles é referente ao meu quadro mental, pois com isso, trato como se não fosse algo banal, sem relevância alguma. Quando a noite se mostrou, saí do banho segurando a toalha em volta do quadril, pensando no que fazer com a garçonete…entre a razão e poder, fico com a segunda opção, pois é somente assim que o respeito alheio é adquirido — o poder incitado de forma viril e cruel, faz com que ser temido seja melhor do que ser amado.

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10/06/2023


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