I Think I'm In Love...

Capítulo 3

Oito horas já se passaram e eu não preguei os olhos, fiquei de vigia enquanto Lia dormia. Nós estávamos escondidas na floresta, achamos mais improvável de nos acharem aqui.

Amanhã é meu aniversário.

Que ótimo, amanhã ou eu vou comemorar fazendo compras e mudando todo o meu visual para sermos mais dificilmente identificadas ou vou ser torturada até concordar em participar do banho de sangue que vai ser a dominação do mundo.

Que clichê, S/N.

Era realmente muito clichê.

Não sei como parei pensando nisso, mas comecei a lembrar de todos os homens que passaram por minha vida.

Primeiramente, meu pai, um monstro covarde, machista, um verdadeiro filho da mãe.

Meu professor de educação física na 6° série. Ele assediava a mim e as minhas colegas. Passava a mão em nossas coxas, apoiava o braço em nossos ombros chegando perigosamente perto dos seios...

Meu primeiro beijo. Que idiota. Quase foi também minha primeira vez. Ele queria me agarrar a força, tentou me levar até o banheiro da festa em que estávamos e ficada sussurrando um monte de merda no meu ouvido. Ele parou quando levou um chute na virilha. Ele era meu melhor amigo.

Louis. Aa, Louis, o doce e psicopata Louis. Todos o adoram, dês de sua aparência até seu interior. Ou pelo menos o que as pessoas pensam que é seu interior. Mas eu descobri a verdade. E descobri que ele é igual a meu pai. Louis gritou comigo coisas como "Você é minha" "Não vai achar ninguém como eu" só porque eu preferi sair com Lia só uma noite.

O ódio que eu senti fez as coisas começarem a voar sem que eu percebesse. Lia acordou quando percebeu que sua cama improvisada já não estava no chão, e me acalmou.

-Calma, S/N. Está tudo bem. Vamos sair desse inferno, achar uma família e deixar os super heróis tomarem conta disso tudo.

-Como assim? Não vamos ajudar a acabar com Lois e seu pai?

-Claro que não S/N. Nós nem saímos desse lugar ainda e você já quer voltar e lutar. Não vai rolar. Além disso, não somos heroínas, não ajudamos as pessoas, fomos treinadas para matar inocentes aqui, lembra? O mundo tem sorte que só queremos paz.

-Paz não é suficiente pra mim, Lia. Eu quero ajudar. Quero matar Louis e o sr. Fox.

-Mas essa não é a vida que eu quero pra mim. Quero descanso. Achar uma família bacana, entrar numa faculdade, me formar e construir minha vida. Não vou entrar numa missão suicida para salvar as pessoas que não deram a mínima pra nós enquanto estávamos lá. O mundo é cruel e sombrio. E eu me recuso a me sacrificar por ele.

Isso me pegou de surpresa. Não achei que fôssemos nos separar. Eu não me lembro de ficar sem Lia por mais de algumas horas que eu passava ao lado de Louis. Mas se é assim que ela quer...

-Ótimo. Depois que contarmos tudo aos Umbrella Academy, você vai para onde quer que esteja planejando.

Eu tentava evitar olhar em seus olhos. Não gostava da ideia de deixá-la sozinha num mundo desconhecido para mim. Mas ela já esteve nele. Ela sabe se cuidar.

Ainda sim, com o canto dos olhos, consegui capitar decepção em suas feições.

-Dorme um pouco, S/N. Você devia ter me acordado 3 horas atrás, agora só tem duas horas de sono. Temos um longo caminho à frente em quatro horas.