Capítulo 12

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O barulho alto da arma em minha mão disparando recocheteou pelas paredes do beco, criando um eco alto que me fez fechar os olhos. Um barulho de ferro se chocando. Quando abro os olhos minha arma estava apontando para o mesmo homem. Vivo.

Que porra é essa?

Olho para a entrada do beco para ver se alguém veio ver o que foi esse barulho. Five, Allison, Vanya, Diego, Luther e Klaus estavam parados lá. Algum deles haviam desviado a porra da bala? Eles podiam fazer isso?

-Não se intrometam!- Grito enquanto miro novamente na cabeça do homem que merecia a mais dolorida das mortes.

Five segura Lia no colo e a trás para perto de mim.

O que ele quer fazer?

Quando estou prestes a perguntá-lo, me vejo em meu quarto na mansão da umbrella academy.

Eu vou matar ele.

-Seu idiota? Por que fez isso? Me leva pra lá AGORA.- Grito emquanto meus olhos se enchem de lágrimas.

Ele tenta pegar a arma da minha mão mas eu agarro seu pulso antes que ele o faça.

-Por favor.- Imploro.

-Me dá a arma S/N.

Obedeço. Sabia que não ia adiantar discutir com ele. Ele não escuta. Onde estava com a cabeça quando quase o beijei? Quando ele finalmente desaparece eu desabo. Começo a chorar desesperadamente. Não por que acabei de torturar um homem, mas porque não terminei o serviço. Minha melhor amiga, minha irmã, a única pessoa que esteve comigo sem me julgar e me amando verdadeiramente quase foi violada, e eu não a vinguei. Five me paga por isso.

Arrasto Lia até o banheiro, tiro seu vestido, limpo sua maquiagem e solto seus cabelos que estavam presos num rabo de cavalo alto. Levo-a até debaixo do chuveiro e ligo a água fria. Limpo Lia, que estava cheia de fuligem por causa daquele chão imundo do beco. Quando ela está limpa eu pego seu pijama que está guardado junto com suas coisas no quarto de Vanya e a visto. Ela balbuciou algumas coisas mas eu não entendi nada. Deito-a em minha própria cama e a cubro, ela provavelmente vai dormir a noite toda.

Minha vez. Vou até o banheiro e deixo a água quente levar meu ódio por aquele homem. Não funciona. Será que Five vai deixá-lo viver? É bem provável, já que ama me contrariar. Allison deve ter apagado sua memória e liberaram ele. Eu vou achá-lo e ele vai pagar pelo que quase fez. Eu faço a memória dele voltar, sem problemas. Quando volto para ver como Lia está só com uma blusa larga -que ainda sim fica muito curta- e meu cabelo pingando quando encontro Five olhando fixamente para o chão, sentado no chão ao lado da cama. Seu rosto estava respingado de sangue.

-Five! O que aconteceu? Você brigou com alguém? Se machucou?- Por que caralhos eu estou preocupada com ele?

-Não... matei aquele homem...- Ele não parecia transtornado, só parecia estar com... raiva?- Quando voltei pra lá Allison obrigou ele a dizer toda a verdade, ele disse que tentou abusar de Lia depois de drogá-la mas aí você chegou e ele tentou te atacar...- Ele serra os punhos- Ele disse que depois de te nocautear chamaria um amigo que estava na festa para...- Uma veia começa a latejar entre suas sobrancelhas. Me aproximo e suguro suas duas mãos, olhando em seus olhos. Solto uma delas e dou um tapa na cara dele.

-Nunca mais me interrompa quando eu estiver prestes a matar alguém!- Digo enquanto ele me olha assustado.- Aliás. Por que fez isso?

-Você não pede virar alguém como eu S/N. Eu não vou permitir.

-Alguém como você?

-Eu viajei no tempo quando tinha uns 13 anos, avancei até o fim do mundo e passei anos lá. Muitos anos. Até me contratarem para corrigir alguns "erros". Deslises na linha do tempo. Para isso eu precisava matar pessoas. Qualquer pessoa que eles mandassem.

É, eu realmente tinha que pesquisar. E eu vou fazer isso hoje.

Solto a outra mão de Five que percebi ainda estar segurando mas ele a segura de volta. Me aproximo.

Seus lábios são tão quentes e macios, ficamos só no selinho por um tempo, até eu me acostumar aos fogos de artifício em meu estômago. "Borboletas". Que a pessoa que inventou que sentíamos apenas borboletas no estômago vá á merda. Estava mais para um vulcão em erupção.

Subo em seu colo, colocando as pernas entre as suas, ele leva minha mão até seu pescoço e a deixa alí, levando suas duas mãos até minha sintura. Ele me puxava cada vez mais para perto até nossos corpos estarem colados, abro a boca para dar passagem para sua língua, que se encontra com a minha. Sua boca tinha gosto de café forte e vodka. Continuamos o beijo lentamente até precisarmos parar para respirar, olho no fundo de seus olhos. Five estava tão ofegante quanto eu.

Sinto alguém olhando para nós fixamente, Five parece perceber também por que olha para a porta e depois para a cama em que Lia estava.

Puta que pariu.

Lia estava nos olhando com os olhos arregalados e o sorriso enorme. Maldita hora em que o efeito da droga foi passar. Sinto meu rosto corar e saio de cima de Five o mais rápido que posso.

-Não queria atrapalhar os pombinhos. Sabe, eu não faço ideia de como eu cheguei aqui, nem do por que estou deitada na sua cama. Lembro de beber alguma merda com o gosto bem ruim que o cara lá me deu, depois eu apaguei. Então só me lembro de borrões. Alguém estava me carregando por uma rua, depois você estava apontando uma arma para um cara cheio de sangue, S/N. Depois acordei aqui. Que merda aconteceu?- Diz Lia tentando disfarçar o fato de que eu estava praticamente sem roupa enquanto beijava Five.

-Você quase foi violentada, Lia. S/N impediu que acontecesse. E torturou ele. E quase o matou.

Lia empalideceu, serrou os punhos. A cor da pele na região de seu rosto alternava do branco ao vermelho vivo. Acho que ela estava se decidindo se ficava traumatizada ou morria de ódio. De repente sua cor voltou ao normal.

-Bem, estou com uma dor de cabeça. Não vou conseguir raciocinar desse jeito. Voltem a se pegar aí que eu vou dormir.

Lia se deita e sua respiração fica entrecortada. Acho que está chorando. Ela odeia que a vejam chorar.

-Vem, vamos deixar ela sozinha um pouco.- Diz Five enquanto puxa minha mão em direção a porta.

I Think I'm In Love...Onde histórias criam vida. Descubra agora