Capítulo 29

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Five pov.

Quebra de tempo.

Uma samana, três dias e 4 horas... S/N não apresentou mudanças de nenhum tipo. Ela está estável por enquanto. Mas é claro que não posso deixá-la sozinha... se alguma coisa acontecer com ela...

-Five...- Vanya entra no quarto hospitalar de S/N e interrompe meus pensamentos.

-O que é?

-Os outros estão querendo saber... quando vamos sair daqui.

-Lia já explicou tudo. Toda lua azul o portal se abre e blá blá blá.

-E quando isso vai acontecer?

-A lua azul acontece a cada dois anos.

-DOIS ANOS?- Ela grita.

-Grita mais uma vez dentro desse quarto e eu te jogo pela janela.

Vanya sai pelo mesmo lugar de onde veio e eu volto a ler os batimentos cardíacos da S/N.

Bip... bip...bip...

Ela continua tão linda... mesmo pálida e com a boca seca, com o cabelo embaçado, as mãos frias, magra... o sangue seco se acumulando em seus curativos...

Quando ela ficou 24 horas cento e dez por cento estável, eu e Lia a limpamos, alimentamos ela pelo tubo da garganta dela... mas agora ela recebe todos os nutrientes que precisa direto no sangue...

Olhando sua situação, tão vulnerável , tão em paz mas ao mesmo tempo em guerra, eu desmorono. Não aguento. Choro como uma criança que acabou de deixar o sorvete cair.

E fico assim, debruçado sobre S/N, encharcando sua roupa hospitalar, beijando sua mão só porque precisava sentir seu toque. Meus lábios em contato com sua mão fria era oque me prendia e me segurava, era meu colete salva-vidas no meu oceano de tortura e lamentação...
                                                       

S/N pov.

Morrer é um grande vazio. Tudo escuro, preto, sem som algum, de vez em quando uma memória ou outra ganha vida em minha frente, mas são memórias simples, a aula irritante de matemática no sétimo ano, por exemplo. Se é que isso é mesmo a morte. O tempo todo sinto alguém me observar. Mas nunca encontro ninguém. Estou sozinha aqui.  Mas não sinto solidão, não sinto nada. A quanto tempo estou aqui? Por que estou aqui?

Eu ainda não sei como voltar. Nem se quero voltar. Talvez isso aqui seja um castigo. Vagar sozinha pela eternidade, sem resposta, sem sentimento, sem força. Em troca de cada gota de sangue em minhas mãos.

Estaria esperando o julgamento final? Todos passam por isso? O que eu quero?

Sempre que penso em me entregar a escuridão uma lembrança mais forte surge. Quando ví Lia pela primeira vez... meu pai preso na parede sangrando até a morte... quando conheci Louis... meu primeiro beijo... Five...

Como será que ele está?

De novo sinto a sensação de estar sendo observada.

-O QUE É QUE VOCÊ QUER?

Grito a plenos pulmões mas nada acontece. Ninguém responde.

Sinto tanta falta dele...

A sensação fica mais forte. Procuro por todos os lados mas ninguém está alí.

Lia sente minha falta?

Cada vez mais forte...

Klaus consegue ter contato comigo?

Mais e mais forte.

I Think I'm In Love...Onde histórias criam vida. Descubra agora