Capítulo 4

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 Lia foi pontual e me acordou na hora combinada. Por mais que eu só houvesse dormido por duas fucking  horas, eu não estava com uma gota de sono. 

 Já era noite, tínhamos duas horas para chegar até o local onde a fenda vai abrir exatamente a meia noite. Eu tentava parecer corajosa, mas eu estava morrendo de medo. Não sabíamos se Louis e seu exército de fantoches haviam descoberto nosso plano de escapar dessa realidade, mas se descobriram, nossas chances de sobreviver são muito poucas.

Maldito dia que eu escolhi ficar nessa merda dessa realidade.

Arrumamos nossas coisas sem nos olhar ou trocar uma palavra se quer, acho que Lia estava muito magoada pela pequena discussão, mas é assim que eu penso, se ela não quer ajudar, então é cada uma por si.

Começamos nosso caminho, passamos pelo caminho mais longo, contornando o riacho, é o caminho mais escondido. Enquanto Lia andava na frente eu estava atrás disfarçando nossas pegadas na terra molhada.

Ouvi um barulho de graveto quebrando, me virei rapidamente em direção ao barulho, empunhalei duas das minhas facas e fiquei em posição de ataque em questão de segundos.

-Calma, S/N, pisei num graveto sem querer, foi mal.

-Por que está assim, Lia?- Perguntei, cansada de todo aquele climão.

-Porque, S/N, eu achei que fôssemos ficar unidas. Somos irmãs, lembra? Achei que eu fosse importante pra você. Achei que não fôssemos nos separar.- Dava pra ver sua raiva, mas também sua aflição e decepção. Seus olhos ficavam vermelhos e cheios de lágrimas, mesmo que ela se esforçasse pra não derramá-las.

-Ah, Lia, não sabia que era tão sentimental.- Minha tentativa de fazer graça não funcionou, sua raiva só crescia.- Olha, Lia, você é e sempre será minha irmã. Você é importante pra mim. Eu também achei que ficaríamos juntas, mas nossos planos não são os mesmos. Não posso te obrigar a ficar comigo e lutar. Mas saiba que tem todo o meu apoio no mundo lá fora.

Lia não respondeu, só se virou e continuou andando.

-Vamos passar pela floresta.- Deveria parecer uma sujestão mas eu não queria que ela me contrariasse como sempre faz.

-Arg, vem cá sua vadia.- Gruniu, logo antes de me puxar para um abraço apertado. Nós perdemos alguns minutos alí, até eu me separar de seu abraço e puxá-la por entre as árvores. Alí as folhas secas cobririam nossas pegadas por conta própria e não perderíamos tanto tempo.

O que está acontecendo com você?

Me dei conta de que não me importava mais com demonstrações de afeto como o abraço de Lia, ou com aproveitar o resto de tempo que tínhamos juntas. Era como se toda a emoção do amor tivesse sido esvaido de mim. Isso é preocupante.

Andamos por uma hora e meia fazendo piadas e segurando a risada para não fazermos barulho e atraírmos os zumbis de Louis.

Cheguamos ao local de abertura da fenda com 30 minutos de antecedência. Não tinha nenhuma ameaça à vista mas mesmo assim subimos numa árvore e ficamos como estátuas, alertas a qualquer movimento ou barulho.

Faltando cinco minutos nós decemos da árvore e fomos nos aproximando do centro do vale, onde seria o local da abertura.

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9

8...

E se não abrir?

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6...

O que vamos fazer quando passarmos?

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2...

Que se dane.

1.

Como se fosse cronometrado, a fenda se abriu. Exatamente como da primeira vez. Ela ficaria aberta por cinco minutos depois fecharia até a próxima lua azul.

-Vai você primeiro.- Digo à Lia, que se preparava para pegar sua arma caso fosse necessário.

-De jeito nenhum. Vamos juntas.

-Isso está fácil demais...- Antes de terminar a sentença conseguimos ver carros pretos correndo ao longe em nossa direção.

-S/N sua filha da puta, não perde a chance de ficar calada não é?

-Lia, entra. AGORA.- Grito a ela ignorando os chingamentos.-Vou logo atrás de você.

Assim que percebo que ela attavessou viro de costas e quando estou prestes a dar um passo uma mão forte segura a manga da minha blusa, me impedindo de passar. Me viro para ver quem vai morrer naquele momento e vejo um Loius cínico. Com aquele sorriso de lado e o cabelo bagunçado.

Seguro uma faca presa em meu cinto com  a mão livre com força.

-Iaí, docinho?

Merda. Por que ele tinha que ser tão atraente? Como eu mato alguém assim?

-Que surpresa encontrar você por aqui. Mas já que nos encontramos, que tal pularmos direto para os finalmentes?- Disse abrindo um sorriso sedutor e então eu entendi como eu poderia matar esse garoto. É só me lembrar que é um garoto e que como todos os outros, ele só serve para nos machucar.

-Vai a merda, Louis.- Puxo a faca do cinto e com um grito de ódio finco-a em seu rosto, bem no olho. É realmente um desperdício, mas ninguém mandou querer dominar o mundo. Babaca.

Nesse momento uma mão diferente me puxa por através da fenda me fazendo cair de bunda no chão duro de pedra. Escuto um urro de dor alto vindo de Louis e logo depois a fenda se fecha.

-CONSEGUIMOS PORRA.

-Conseguimos. Finalmente, depois de dois anos estou no mundo real.

-You really ain't never gotta fuck him for a thang
He already made his mind up 'fore he came
Now get your boots and your coat
For this wet ass pussy
He bought a phone just for pictures
Of this wet ass pussy
Pay my tuition just to kiss me
On this wet ass pussy
Now make it rain if you wanna
See some wet ass pussy- cantamos ao mesmo tempo em tom alto e desafinado. Finalmente estávamos livres daquele inferno disfarçado.

I Think I'm In Love...Onde histórias criam vida. Descubra agora