Capítulo 9

2.7K 217 67
                                    

Ontem a noite depois de deixar a caixa no quarto de Cinco volto direto para o meu quarto. Mas não antes de pegar a blusa preta que ele tinha usado hoje quando saiu comigo. Depois eu devolvo. Na verdade nem sei o por que eu a peguei. Quando percebi estava a  vestindo como pijama.

Merda em, S/N. Que parte de bandida má, boss bitch, patroa e a porra toda você não consegue entender

Eu não queria me apaixonar por Five Hargreeves. Além de minha experiência com garotos me provarem que eles são seres terríveis destinados a atrasar a vida das mulheres e fazê-las sofrer, o outro motivo para eu não querer criar sentimentos por ele é o fato óbvio de que ele não quer absolutamente nada comigo. E se quiser, quer se divertir. Como todos os outros.

"Homens, a ruína das mulheres dês de que Adão culpou Eva por ter mordido aquela maldita maçã"

Penso nesse trecho de um livro terrível que basicamente transformava minha rainha Jane Austen numa vampira. Que merda de livro. Mas tem frases ótimas. Penso nesse livro até adormecer. Com a blusa de Five.

Quebra de tempo

Acordo com o barulho da minha porta sendo aberta com força e revelando uma Lia que não parecia ter ingerido todo o álcool na noite anterior. Muito animada ela começa a me dar os parabéns e pular sem parar por um minuto inteiro. Quando ela acaba, olha meu quarto e consigo perceber que ela estava um pouco decepcionada por eu não ter pedido ajuda, mas ela não diz nada, afinal, estava ainda mais bêbada que Klaus.

Depois seu olhar vai para meu cabelo bagunçado. Ela arqueia uma sobrancelha como se estivesse me dando ordens para que eu o arrume. E depois para minha blusa.

Que merda.

-Que merda. Se divertiu ontem S/N?- Disse aos risos- Sabia que aquele seu sumiço não era cochilo porra nenhuma.- Continuou rindo alto.

Eu, mal humorada, só me levanto, vou até o banheiro, tiro a blusa de Five (essa parte eu não queria fazer. A blusa ainda tinha seu cheiro), entro no banho e arrumo meu cabelo. Quando saio Lia não estava mais lá. Em seu lugar ela deixou uma roupa no cabide, pendurada na maçaneta da porta com um post-it escrito: Feliz aniversário.

Eu sempre odiei meu aniversário. Me lembrava o fato de eu ser um erro. E todo aniversário algo ruim acontecia. Quando eu ainda estava com meus pais, todo ano eles brigavam entre si, e comigo também, então eu basicamente passava meu aniversário sozinha, colhendo frutas numas moitas que tinha alí por perto e as comia assistindo a chuva e o vento balançando as árvores. Nos dois ano em que estive com Louis, um dia antes ele me prendeu contra a parede, ficou na minha frente de modo ameaçador, colocou o dedo entre meus olhos e gritou: "Você não pode terminar comigo porque você não é nada. Você não é nada sem mim. E se você inventar de me largar eu mato você. Entendeu?" Nesse ano eu passei meu aniversário com Lia, na varanda da casa daquela moça que nos acolheu. Isso até Louis aparecer bem embaixo dessa varanda com um buquê imenso de rosas azuis e vermelhas, uma cesta imensa de chocolate que poderia alimentar uma família por um ano inteiro se estivesse cheia de comida e não só chocolate e um urso de pelúcia do meu tamanho.

Esse ano estou preparada. Não vou contar a ninguém que é meu aniversário, se alguém perguntar, Lia só me deu essas roupas como presente de despedida.

Quando desço as escadas com minhas novas roupas novas (Tecnicamente, todas as minhas roupas são novas), deixo a blusa de Five no cesto de roupas sujas e vou para a cozinha preparar meu café da manhã.

Estou meio insegura, já que estou aqui a mais ou menos 12 horas. Não sei se posso sair mechendo nas coisas, então resolvo eu mesma materializar tudo. Eu tinha que parar. Logo eu perderia o controle dos meus poderes se continuasse abusando assim. Mas aqui, nessa realidade, sinto que posso controlar melhor toda essa coisa de habilidades especiais. Eu nunca quis saber como elas surgiram, nunca me perguntei por que e como naquele momento de fraqueza e fúria eu conseguira forças para fazer algo tão extraordinário.

Resolvo materializar os ingredientes para fazer eu mesma as coisas. Odeio a comida que materializo. Pó de café extra forte, ovos, farinha, sal, algumas frutas e xarope para panquecas. É hora se conquistar meus anfitriões.

Quando termino as panquecas, jogo "acidentalmente" uma tampa pesada de panela no chão para que todos venham correndo ver oque tinha acontecido. Não sei como não acordaram com os gritos de Lia. Deu certo. Em menos de um minutos todos estavam em seus pijamas, no pé da escada, preparados para lançar golpes no suposto perigo.

-Desculpe, não queria acordar vocês. Só estava arrumando as coisas que sujei.- Digo, bem cínica. Acho que Lia percebe, pois levanta uma sobrancelha como se me julgasse, depois olha a enorme pilha de panquecas e assente. Lia entende.

-Que merda, garota. Estava tirando meu sono da beleza e você faz uma coisa dessas? Metade dessa pilha é minha, só pra compensar o horário que você me fez levantar.- Disse Klaus, grogue de sono.

Ninguém leva em consideração a opção de voltar para a cama. Todos já estavam bem despertos depois da onda repentina de adrenalina. Vou servir meu café quando sinto um olhar queimar sobre mim, quando me viro para ver quem é, é Five me olhando intensamente enquanto meche em algo em seu pulso. O relógio. Onde eu estava com a cabeça? Mal o conheci e já lhe dou um presente de dezenas de dólares. Mas ele aparentava ter gostado, e seu sorriso foi o suficiente. Valeu cada sentavo.

Mesmo assim, ele parece ter gostado ainda mais de sentir o cheiro forte de café que inundava o ambiente. Quando ele olhou para mim como se me pedisse permissão para tomar do café, como se essa fosse a bebida mais rara ou sagrada do mundo, eu apenas dei de ombros e apontei para o bule com o olhar.

I Think I'm In Love...Onde histórias criam vida. Descubra agora