Capítulo 23

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 Quebra de tempo

 Estou indo me encontrar com Pâmela, estou mais nervosa que da primeira vez que quase me encontrei com ela, talvez porque agora estou totalmente sozinha. Desconfio muito dela, é meio estranho alguém desmarcar uma "reunião" e ainda disfarçar quem realmente é. Será que Louis consegue ouvir tudo?

 Passo o caminho todo pensando na tarde de hj. Five e eu ficamos o dia todo deitados na cama enorme assistindo filmes atrás de filmes até dar a hora de eu sair. Só saíamos da cama para pegar mais pipoca. Tenho q admitir que não prestei mt atenção em alguns filmes, mas sim nos calafrios causados pelo toque da mão de Five Hergraaves em minha coxa.

Quando eu saí quase tive que amarrar Five numa cadeira pra ele não vir comigo. Ok, eu estou toda boba. Assim que saí do quarto de hotel, percebi o sorriso bobo em meu rosto. Eu definitivamente odeio essa merda de estar apaixonada.

Cheguei ao local marcado e dessa vez Pâmela já estava lá.

-Vem.- Ela me puxa pelo braço, sem enrolação.

-Antes eu quero respostas.- puxo meu braço de volta e não dou um único passo. Ela levanta uma sobrancelha.- Por que disfarçou quem era no telefone?

-Louis conseguiu hackear algumas chamadas telefônicas da base.

-Base?

-Você vai ver se vier comigo...

-Última pergunta. Por que desmarcou hoje mais cedo no café?

-Tinha uma coisa para resolver...

-Você já disse isso.- Digo o mais brava que consigo parecer.

-Tá. Olha, aqui no Brasil, quando um homem, branco e com muito dinheiro faz besteira das grandes, estupro, pra ser mais específica, outros homens brancos que querem dinheiro fingem que não aconteceu nada. Vou ser sincera, esse país está uma merda e ninguém parece querer mover um único dedo para mudar isso. Então eu fui lá e resolvi. Satisfeita? Agora vem antes que alguém nos veja.

Eu entendia. Eu fiz a mesma coisa, não foi?  Fiz justiça com minhas próprias mãos. Isso significa que ela é confiável? Que ela se importa com o mundo? Talvez.

Ando ao seu lado pelo mesmo caminho da noite passada, mas em vez de virar para a direita e ie para o hotel, eu viro para a esquerda com Pâmela e andamos por alguns quarteirões até chegarmos a uma casa meio velha, com a tinta descascando, muros quase invisíveis por causa da cerca-viva, telhas do telhado que se soltaram. Quase abandonada. Mas é bem grande. Pâmela me conduz até os fundos da casa e sobe uma escada estreita feita de metal até o último andar, que levava a uma espécie de cobertura.

Ela coloca seu polegar num leitor de digitais e a porta se abre, revelando um lugar bem organizado e sofisticado, limpo e tão branco e claro que meus olhos demoram um poucopara se acostumar. Era quase um sonho. Ou um pesadelo.

Ela entra e passa direto pelo homem com uma arma virado para a porta de entrada, entramos por um corredor e entramos num quarto aleatório entre as várias opções. Quando estramos é outro choque para minha visão, o branco absoluto de antes foi substituído pelos vários tons de madeira. Madeira para todo lado. Nas paredes, no piso, teto e a mesa de centro.

Pessoal brega e de mal gosto em...

-S/N Denvers, bem vinda à base.- Cumprimenta Pâmela.

Pâmela me mostra onde me sentar na grande mesa no centro da sala e vai se sentar do outro lado. Quando o relógio da parede bate 22 horas, a sala começa a se encher, as cadeiras todas são ocupadas e inúmeros pares de olhos são direcionados a mim.

I Think I'm In Love...Onde histórias criam vida. Descubra agora