Written in The Stars | Wendy+Suga

Stranger Feelings

Wendy

Assim que o despertador ao meu lado começa a tocar desenfreadamente, percebo que meu dia já começou e que preciso me levantar. Andei até o banheiro e fiz tudo o que era necessário, me certificando várias vezes de que estava apresentável o bastante para fazer aquela entrevista. Eu precisava dar o meu melhor para passar, é meu sonho entrar para uma empresa tão aclamada pela minha profissão, conseguir entrar nela iria me deixar muito mais que feliz.

Assim que vesti minhas roupas formais, tomei meu café da manhã e me certifiquei de que peguei minha maleta com meus esboços, tranquei a porta de casa e corri até o ponto de ônibus, implorando que o mesmo já não tivesse passado por ali. Para a minha sorte, consegui chegar quando as pessoas ainda estavam entrando nele, subi as escadinhas e vasculhei um lugar rapidamente, me sentei ao lado de uma mulher com certeza mais velha.

Comecei a olhar para frente, visualizando a paisagem da janela do motorista e pensando no quão bom seria se eu fosse aceita. Terminei minha faculdade de Artes Visuais há alguns meses e ainda não tinha conseguido nada, a não ser fazer meus próprios tutorias e postar no YouTube, para conseguir arranjar um pouco de dinheiro, mas foi aí que tudo começou a crescer, as pessoas gostavam muito do que eu desenhava. Então, fui descoberta por uma empresa de Webtoon multinacional, sempre fui apaixonada por o que faziam e me sentia honrada por ter uma chance.

Não fazia ideia do que me esperava por lá, mas não iria deixar essa chance escapar, eu iria dar todo o meu melhor para conseguir passar, estava determinada em não desistir. Quando percebi que já estava na hora de descer, apertei o botão para parar e quase na mesma hora, o motorista me deixou em um outro ponto de ônibus por perto. Tive de andar umas quadras para poder chegar até o meu destino, mas nada do que eu não suportasse, estava muito alegre para entrar dentro do prédio.

Me surpreendi ao ver que as portas eram automáticas, passei por elas e olhei ao redor, exclamei baixinho, impressionada. O lugar é totalmente amplo, o teto iluminado com luzes por todos os cantos, duas escadas levavam para o andar de cima, além das pessoas passando e vários desenhos diferentes ao redor das paredes. Mesmo me sentindo deslocada com tudo aquilo, fui até a recepcionista e dei as informações necessárias para a mesma, ela me guiou até um lugar e eu aproveitei para deslumbrar mais todo aquele espaço.

A mulher me deixou em uma sala, agradeci e entrei, também observei tudo antes de sentar na cadeira estofada a minha frente. Olhei para o lado, onde tinha uma enorme vidraça, dando para olhar toda a cidade de Seul e seu vasto lugar cercado por prédios, mais empresas e milhares de pessoas. Ouvi o barulho da porta se abrindo novamente, me levantei rapidamente e olhei para a direção de onde estava vindo, me curvei para o mesmo, ficando mais relaxada quando ele sorriu e me pediu para sentar mais uma vez.

— É um prazer conhecê-la, Son Wendy! — o homem estendeu a mão para mim, mesmo tímida e me sentindo intimidada, devolvi seu cumprimento — Bom, podemos começar com alguns desenhos seus...

Um pouco desenfreada, peguei a maleta que deixei ao meu lado e a coloquei sobre sua mesa, retirei de lá todos os meus desenhos que selecionei como melhores, dando para ele e mordendo os lábios nervosa, queria que fosse ao menos aceitável para entrar naquele lugar. Sua expressão séria fazia o clima ficar mais tenso para mim, o homem não demonstrava uma só reação ao trocar de desenho para desenho e aquilo me deixou preocupada.

— Wendy, devo admitir que são trabalhos muito bons, mas você precisaria melhorá-los para entrar aqui. — disse retirando meu sorriso, comecei a pegar os papéis espalhados por sua mesa — O que está fazendo?

— Bem... O senhor me disse que preciso melhorá-los, então acredito que não estou qualificada para o emprego.

— Não foi isso o que eu quis dizer! — ele abriu um sorriso mais aberto, meus batimentos agora estavam descontrolados — Você está sim qualificada, mas precisará somente se aperfeiçoar mais com o que estamos planejando... — o mesmo estendeu sua mão mais uma vez — Será um grande contentamento pra mim, ter você na empresa!

Nesse momento, eu não consegui me aguentar, apertei sua mão e agradeci imensamente, estava tão exultante. Meu coração não permanecia quieto em meu peito, eu não conseguia expressar em palavras o que sentia naquele exato momento. Pensei que já poderia sair, mas ele pediu que eu ficasse mais um pouco, me sentei novamente na cadeira, achando estranho.

— Como você ainda não tem experiência profissional no ramo, nós teremos que colocá-la numa posição baixa por enquanto... — concordei, entrar ali já estava sendo o bastante — Por isso, será a assistente do nosso grande desenhista, Min Suga.

Abri a boca surpresa, não estava esperando por isso, não dava nem para acreditar que alguém como eu poderia ser assistente de Min Suga. Ele era simplesmente o homem mais famoso da Coréia por seus desenhos exóticos e até mesmo ganhava vários prêmios por isso, meu coração acelerou novamente, mas dessa vez foi por desespero, não sabia o que dizer.

— S-Suga... A-aquele que ganhou o prêmio por melhor desenhista do ano?

— Sim, esse mesmo.

Arregalei os olhos, realmente eu estava perdida, não saberia me comportar com a presença de alguém tão importante assim. Me curvei para o homem e agradeci mais uma vez pela oportunidade, saí de sua sala e voltei a andar pelo caminho que a secretária mostrou antes. Ainda estava muito pasma com o que tinha acontecido, primeiro fui aceita e isso era ótimo, mas agora que soube que teria de trabalhar com Suga, meus sentidos embaralhavam somente de pensar na possibilidade.

Desde o momento que eu o vi pela internet na primeira vez, tive sentimentos estranhos, como se já o tivesse visto antes, porém não me lembrava onde e nem como, uma lembrança borrada e sem sentido voltava para a minha mente e mesmo que eu tentasse, não conseguia saber o que estava havendo. Então, saber que iria vê-lo mais de perto e até trabalhar com ele, me fazia sentir um pouco de medo pela minha reação.